12/06/2018

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HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
HOLANDA
As escravas das 
Irmãs do Bom Pastor 
.exigem indemnização

Pelo menos 15 mil raparigas foram obrigadas a trabalhar para as monjas na Holanda entre 1860 e 1973. Agora, cinco vítimas exigem indemnização pelos maus tratos.

"A minha tutora, a menina Van de Biggelaar, levou-me de comboio até Almelo [no leste da Holanda]. Em Tilburgo, ao menos tínhamos o nome numa etiqueta cosida na roupa, mas ao chegar a Almelo tornei-me apenas num número", conta Jo Keepers, de 76 anos. Filha de um pai alcoólico e que a mal tratava, ela é uma das muitas vítimas holandesas de trabalhos forçados, não remunerados, da ordem católica Irmãs do Bom Pastor.
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Uma lavandaria irlandesa das Irmãs das Madalenas, pro volta de 1900
Pelo menos 15 mil raparigas e mulheres, na sua maioria prostitutas, mães solteiras ou mulheres incapacitadas, trabalharam em condições semelhantes à escravatura entre 1860 e 1973 nas lavandarias e casas de costura desta congregação na Holanda, segundo uma investigação realizada durante vários anos pelo jornal holandês nrc. Cinco dessas mulheres avançam agora para um processo em tribunal exigindo uma indemnização pelos maus tratos sofridos.

Esta ordem religiosa já tinha estado envolvida num escândalo semelhante na Irlanda, onde tinham as chamadas "lavandarias das Madalenas". Aí, umas 10 mil mulheres jovens foram forçadas a trabalhar desde a década de 1920 até 1996. A partir de 2001, o governo irlandês admitiu que as mulheres que trabalhavam lá foram vítimas de abusos, mas o processo só foi levado a tribunal em 2011. Em 2013, finalmente, houve um pedido formal de desculpas e foram determinadas indemnizações.

Na Holanda as monjas, instaladas nos chamados "refúgios do amor" nas cidades de Almelo, Tilburgo, Zoeterwoude e Gelderland, ganhavam dinheiro com os trabalhos de costura que faziam. Desde roupas de bebé a fardas para os militares, passando por coletes de força para instituições psiquiátricas, tudo era confeccionado pelas escravas. Também faziam bordados, por exemplo para a Casa Real holandesa. Além dos trabalhos forçados, há relatos de abusos sexuais, maus tratos e negligência na educação das raparigas.
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Casa de Costura em Almelo, na Holanda
A investigação do jornal holandês inclui testemunhos de várias vítimas. Na sua maioria, eram raparigas que vinham de famílias pobres, que eram orfãs ou que por qualquer motivo não tinham meios para sobreviver sozinhas. Algumas eram consideradas "perdidas" por terem engravidado ou por terem sido mal tratadas. A entrada para a Irmandade era considerada "a única solução", conta Margot Verhagen, atualmente com 85 anos. Trabalhavam mas não recebiam qualquer salário.

Até à década de 1970 as raparigas eram entregues a esta instituição geralmente contra a sua vontade pela família ou mesmo pelo Governo (no caso irlandês). Agora, e depois de anos de denúncias, como conta o jornal espanhol El Pais, existe finalmente um processo na justiça em que cinco vítimas pedem que o Estado reconheça os danos causados por estas práticas. Estas mulheres estão a ser apoiadas pela plataforma VPKK de apoio a vítimas.

No ano passado, a congregação publicou uma carta pedindo desculpa às suas vítimas mas negou-se a pagar indemnizações porque diz que tudo aconteceu há já "muitos anos". As Irmãs do Bom Pastor tinham casas em vários locais da Europa, Canadá e Austrália e todas elas funcionavam da mesma forma, por isso é provável que mais denúncias apareçam.

* E quem havia de estar por trás deste "merchandising esclavagista", a santa madre igreja de Roma pois claro!!!

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