HOJE NO
"OBSERVADOR"
GIPS têm falta de equipamento
de proteção e de material:
“Rádios, telemóveis, computadores, impressoras… Não existem”
A uma semana de estarem formados os militares que vão reforçar as equipas de combate aos incêndios não há condições de trabalho: faltam viaturas e equipamentos - nem luvas têm.
O Governo vai contar com mais 1.070 militares que vão reforçar as
equipas de combate aos incêndios — os GIPS (Grupos de Intervenção de
Proteção e Socorro), mas estes militares, que se encontram agora em
formação, não têm meios, nem sabem quando vão ter, e não conhecem ainda
as colocações definitivas para os meses que se avizinham. A notícia é
avançada pelo Público, que teve acesso a um email interno do comandante desta força.
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A
15 de maio, quando os militares terminarem a formação, não haverá
“Equipamento de Proteção Individual (EPI) — capacete, cogula, luvas,
farda, etc. –, nem viaturas para os transportar”, lê-se no email enviado
pelo major Cura Marques aos seus homens. Só nessa altura vão ficar a
conhecer “as vagas e colocações de todos os militares dos GIPS”.
Estes homens vão integrar as equipas transportadas para
incêndios nos helicópteros da Proteção Civil, sempre que forem
acionados, e são eles que vão fazer parte do ataque inicial aos
incêndios, com a ajuda de helicópteros e ferramentas manuais e dos
bombeiros locais, antes de chegarem outras forças — o objetivo é evitar
que os fogos tomem proporções gigantes.
O comandante prevê que “com alguma sorte à mistura” os militares tenham “uma farda por militar, botas, cogula, óculos e capacete no dia 20 de maio”
e sublinha que só haverá uma farda porque “não há tecido em Portugal
para mais nesta altura”. Cura Marques acrescenta: “Esclareço também que nesta altura provavelmente não vai haver luvas (estamos a pensar em soluções ‘imaginativas’ para solucionar este problema. Até agora não vemos luz ao fundo do túnel)”.
A 1 de junho, e de acordo com as previsões do major da GNR, é
possível que não haja ainda equipamento para todos os militares, pelo
que vão ser na mesma distribuídos pelos 33 centros de meios aéreos em
vários pontos do país, mas apenas para patrulha — o combate só se faz se
houver “militares com EPI em número suficiente”. Só em julho,
já com a época de incêndios em período crítico, o GIPS terá “a
possibilidade” de ter tudo para poder trabalhar a 100%. Ao
Público, o Ministério da Administração Interna (MAI) diz que “estão a
decorrer os procedimentos habituais para aquisição de novos
equipamentos” e que os “militares terão o equipamento necessário e
indispensável para o cumprimento da sua missão”.
O Governo assegurou esta quarta-feira que os GIPS serão dotados dos equipamentos de proteção individual necessários ao combate aos fogos. Contactado pela agência Lusa, fonte do MAI sublinhou que “tudo está a ser feito para o garantir [a disponibilidade do equipamento]”.
A mesma fonte adianta que as “viaturas atualmente existentes permitem o
início da missão”, adiantando ainda que o “dispositivo será
progressivamente reforçado, com entregas periódicas pelos fornecedores
de novas viaturas, destinadas ao ataque inicial e ao ataque ampliado e
contratadas a 9 de abril”. O MAI lembra que o GIPS duplica, este ano, a
sua capacidade em meios humanos e alarga a sua intervenção a todo o
território nacional.
“Rádios, telemóveis, computadores, impressoras… não existem”
Não é só o equipamento individual que está em falta: “Para complicar
mais um bocado a nossa vida falta ainda dizer-vos o ponto de situação
sobre material e viaturas. Rádios, telemóveis, computadores,
impressoras… Não existem”, escreve o comandante. E explica depois que há alguns rádios usados que “talvez” possam utilizar e alguns telemóveis
(eventualmente um por centro de meios aéreos). Os GIPS vão receber
alguns computadores usados da Brigada de Trânsito, mas que “não são
maus”. Material para as zonas de descanso, como cadeiras, mesas e
armários, também não existe em todos os locais e é “um problema sem fim à
vista”.
Quanto ao reforço das viaturas de transporte, que o
primeiro-ministro tinha anunciado, ainda não existem — talvez em “junho,
julho” possa haver “algumas pickups“. Os 77 carros que existem vão, assim, ser distribuídos. Já “só para agosto”, acredita o comandante, os militares estarão prontos para o chamado ataque ampliado (ATA), depois dos 90 minutos de ataque inicial, que pretende não deixar os incêndios chegar a grandes proporções.
A
quase um mês do início do verão, e a uma semana de estarem formados os
militares para o reforço do combate aos incêndios, a situação dos GIPS é
crítica. O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, foi
confrontado pelos partidos, na terça-feira, relativamente às
incoerências na preparação da próxima época de incêndios, tendo dado
respostas evasivas sobre os atrasos na contratação de meios aéreos.
* Temos muita vergonha da actuação deste titular do MAI, um teórico visionário.
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