Libertar os portugueses
Podemos em breve ter eutanásia, mas impedidos de abusar do sal ou do açúcar, podemos mudar de sexo aos 16, mas nem pensar em beber ou fumar. Os exemplos são infinitos numa sociedade cada vez mais embalada e entorpecida.
A FRASE...
(…)
O esmagamento das ideias de Lucas Pires pela tecnocracia de Cavaco é um
momento negro para a direita portuguesa, representa uma automutilação
que dura até hoje, e representa a destruição de um efectivo pluralismo
político. Santana e Rio querem um PSD igual ao PS. E assim pergunta-se:
então para que serve a política se todos são iguais?
Henrique Raposo, Expresso, 13 de janeiro 2018
A ANÁLISE...
Que
ideias e projetos existem hoje para o país? Só sentimos dois. Um de
pendor utópico perigoso que tomava como bandeiras a Venezuela e a Grécia
até vir a fome e o 15.º pacote de austeridade, respetivamente.
Infelizmente, o outro é apenas de evolução na continuidade. Um Estado
fiscalmente insaciável que falha na elementar proteção aos cidadãos,
como nos fogos, e falhará nas prestações sociais daqui a 20 anos quando
já não conseguir cumprir os seus compromissos com as pensões, preocupado
com o interesse dos seus governantes e dos funcionários urbanos
votantes, sempre com a música da defesa do povo, enquanto o sobrecarrega
com impostos indiretos.
Um Estado cada vez mais
salazarista do qual se depende mais, que tudo controla e os gestores
silencia. Nada se faz sem o Estado ou contra um Estado que tudo
regulamenta e certifica. Temos censura das opiniões como atesta o
processo movido pela CIG ao Arq.º Saraiva, legisladores vigilantes que
nos indicam o que comer, podemos em breve ter eutanásia, mas impedidos
de abusar do sal ou do açúcar, podemos mudar de sexo aos 16, mas nem
pensar em beber ou fumar. Os exemplos são infinitos numa sociedade cada
vez mais embalada e entorpecida.
E os nossos problemas de
fundo ficam por tratar ou pensar, o definhamento demográfico, uma
educação que pense mais os alunos para o futuro e a globalização e menos
nos interesses dos professores, uma saúde mais virada para a satisfação
do utente sem preconceitos ideológicos anacrónicos, a lenta estagnação
económica, os baixos salários, etc.
Diz-se que cada povo
tem os governantes que merece. Não, os portugueses merecem mais, se não
tiverem medo de ambicionar ser e ter mundo. Quando saem e o olham de
frente, sem medo, vencem. São bons, são dos melhores nas suas áreas…
Portugal
necessita de um 25 de Abril económico que nos liberte deste crescente
Estado Corporativo e salazarento que tudo quer regular, abafar e
entorpecer… que sabe o que queremos, que escolhe por nós e tudo faz em
nosso nome. Há que libertar o potencial e a responsabilidade dos
portugueses, sem medo e desafiá-los a mostrar que são bons. Essa é uma
ideia e um projeto. Teremos líderes à altura? E os portugueses,
querem-se mesmo libertar? Ou Salazar tinha razão?
* Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as
consequências directas e indirectas das políticas para todos os sectores
da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às
realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos
grupos da sociedade.
IN "JORNAL DE NEGÓCIOS"
17/01/18
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