18/01/2018

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HOJE NO 
"DINHEIRO VIVO"
Há um fenómeno que ameaça 
o crescimento do iPhone

O que esperar da Apple em 2018? Além das novidades do iPhone a marca prepara o lançamento dos novos produtos HomePod e AirPower.

Os números do trimestre natalício ainda não foram fechados, mas já se sabe que a Apple teve bons resultados com as vendas dos vários iPhones, em especial o X, e deverá crescer na maioria dos indicadores. A empresa nunca confirma rumores nem avança informações sobre produtos com meses de antecedência, o que não impede o mercado de tentar adivinhar continuamente o que se vai passar. E neste momento não é muito difícil prever o que a marca liderada por Tim Cook tem previsto para 2018. 
Novos produtos 
Eis do que se fala neste momento: dois ou três novos iPhones, um refrescamento da linha de iPads (incluindo talvez uma versão low- cost do tablet), um novo Apple Watch com capacidade de medir glicose no sangue e monitor cardíaco, portáteis Mac renovados, um ultra Mac Pro e uma nova versão dos auscultadores sem fios AirPods.
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Ao certo, sabe-se que chegará finalmente o altifalante com Siri HomePod. Este novo aparelho foi revelado em setembro de 2017 e devia ter sido lançado a tempo do Natal, mas a Apple atrasou a chegada às lojas devido a melhorias técnicas que queria fazer. Espera-se também por uma data concreta para a comercialização do AirPower, um tapete para carregamento wireless dos produtos Apple que foi oficialmente apresentado no ano passado. 

 “O que se espera para este ano é um upgrade daquilo que já existe, potencialmente uma nova versão do iPhone SE”, diz ao Dinheiro Vivo Francisco Jerónimo, diretor europeu de pesquisa para dispositivos móveis da IDC. O analista espera que o iPhone 9, ou o modelo que sucederá ao 8, inclua reconhecimento facial FaceID, que agora é um exclusivo do iPhone X. Considera também possível que esta funcionalidade seja alargada ao iPad Pro e ao MacBook Pro topo de gama. 

O que Francisco Jerónimo não acredita é num iPad mais barato. “O mercado de tablets não está a crescer significativamente. Não me parece que haverá grandes investimentos, porque eles têm o portfólio consolidado.

” Correm ainda rumores de que a Apple pretende aumentar o tamanho dos ecrãs dos novos iPhones, de 4,7 e 5,5 para 5,8, 6,1 e 6,5 polegadas, mas os analistas pensam ser muito cedo para fazer esse tipo de projeções. 

Brian Blau, vice-presidente de pesquisa de tecnologias pessoais na Gartner, foca-se naquilo que já se sabe que será lançado: o altifalante inteligente. “Penso que o adiamento no lançamento do produto poderá não ter muito impacto se olharmos para o valor de longo prazo”, acredita Blau. Ainda assim, o analista frisa que a Apple perdeu uma boa oportunidade comercial tanto na época natalícia como na feira tecnológica CES 2018, que decorreu em Las Vegas na semana passada. 

Embora a Apple nunca tenha presença direta nestes eventos, há sempre marcas terceiras que promovem acessórios e integração com os seus produtos. Foi precisamente isso que aconteceu com o Echo da Amazon e o Home da Google, os dois principais produtos com estas características que estão no mercado. 

No entanto, nem tudo poderá ser mau. “A Apple pode vir a beneficiar se conseguir lançar o produto sem a distração das compras natalícias, fazendo uma campanha mais focada já que estamos numa altura do ano sem grandes anúncios de tecnologia, fora do CES e do MWC”, acredita a mesma fonte. 

O dilema do iPhone 
A IDC projeta que a Apple aumente a sua quota de mercado global de 14,8% para 15,4% no segmento de smartphones. Os números mais interessantes estão, no entanto, na gama de preços acima de 600 dólares: aqui, a marca irá consolidar a sua liderança, subindo de 75% para 76% de quota mundial. 

“A questão principal para a Apple é como é que vai diferenciar as versões seguintes destes telefones”, afirma Francisco Jerónimo. A marca conseguiu isso com o iPhone X, que teve vendas “bastante interessantes”, mas há um problema significativo a surgir no horizonte. 

“As vendas do iPhone 8 não estavam a correr bem porque muita gente estava à espera do iPhone X”, refere o analista. O novo smartphone esgotou quando foi lançado, mas muitos consumidores consideraram nessa altura que não valia a pena pagar o acréscimo de preço e acabaram por comprar um 8. 

Este ano, a IDC calcula que o preço médio dos smartphones Apple cresça em torno de 3%, e aí está o problema. “Isso vai levar a que o tempo médio de utilização do telefone seja maior”, analisa Jerónimo. “Já se começa a notar com as últimas versões do iPhone que as pessoas continuam a manter os telefones por mais tempo – porque gastam muito dinheiro e porque não há uma razão objetiva forte que leve a uma substituição nos dois anos seguintes.” 

Ou seja, as vendas em termos de unidades vão cair, e por isso a Apple irá passar a focar-se nas receitas e preço médio. “O mercado está com uma taxa de penetração bastante elevada e se não houver uma proposta forte de valor mais tardiamente as pessoas renovarão.” 

E o mercado português? 
A Apple tem 12,5% do mercado nacional de smartphones e essa quota vai manter-se estável, variando entre os 12,5% e os 13%, durante os próximos quatro anos. Em termos de unidades, o crescimento este ano deverá ser de mil a dois mil iPhones a mais que no ano passado. “O iPhone X vendeu bem em Portugal, mas estamos a falar de unidades muito pequenas”, indica Jerónimo. No mundo, espera-se que a Apple aumente as vendas em 2,7 milhões de iPhones, o que se reflete num crescimento pouco expressivo. 

Qual é a saída? 
O que muitos analistas acreditam que é o futuro dos telefones centra-se na inteligência artificial. Hoje, o utilizador solicita um comando e o telefone executa. No futuro, o telefone vai prever e executar ações antes de o utilizador as pedir. É a aplicação de algoritmos de machine learning e deep learning que tornará o telemóvel num dispositivo verdadeiramente inteligente. “A Apple tornou isso evidente quando lançou o FaceID e a True Depth Camera, que têm algoritmos de machine learning bastante avançados. O que eles lançaram é bastante promissor”, considera Francisco Jerónimo. A Apple introduziu o chipset A11 Bionic, que permite esses processos de machine learning no telefone, e a expectativa é de que se veja o seu impacto em mais funcionalidades este ano. 

Isto estará ligado ao HomePod, o altifalante com o qual o utilizador vai interagir através do assistente virtual Siri. “O atraso do lançamento não se deveu a razões só técnicas, deveu-se a uma razão estratégica de perceber como é que se vão conseguir diferenciar”, avisa Francisco Jerónimo. “Lançar um smart speaker com Siri que faz exatamente a mesma coisa que o iPhone não faz muita diferença”, sublinha. Por outro lado, a Apple terá de convencer utilizadores que já têm um Amazon Echo ou um Google Home a comprar um HomePod – sendo a Amazon domina largamente, com 70% do mercado norte-americano.

 “O smart speaker apenas para responder a questões tem pouca utilidade”, diz o analista. “A grande vantagem é quando se começam a conectar com outros produtos em casa e permitem controlá-los.” A IDC acredita que a Apple está a trabalhar com fabricantes, desde luzes a televisões a frigoríficos, para que possam integrar as suas soluções no HomePod. Essa é uma das maiores expectativas para a marca em 2018.

* O  'fenómeno'  ameaça sobretudo o ser humano.

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