Estado de alma
Francisco Louçã, um político de extrema esquerda que agora ganhou a respeitabilidade (?) do rótulo de professor de economia, lançou um livro onde defende a tese espantosa que, se não fosse a troika, as contas públicas teriam equilibradas.
1.Poeira.
Vivermos
longe faz-nos perder muitos detalhes da vida política nacional. Mas
estou cada vez mais convencido de que esses detalhes são mera poeira que
nos impede de ver o essencial. É como num jogo de futebol: se nos
entretivermos com as cores das camisolas acabamos por não segura bola.
Não termos sido multados pela Comissão Europeia apresentado como uma
enorme vitória, é mera poeira. O essencial é que a desconfiança sobre a a
capacidade nacional de cumprir as metas do défice subsiste e que agora
estamos sujeito a apertada vigilância trimestral.
2. Falácias.
Francisco Louçã, um político de extrema esquerda que agora ganhou a
respeitabilidade (?) do rótulo de professor de economia, lançou um livro
onde defende a tese espantosa que, se não fosse a troika, as contas
públicas teriam equilibradas. A aritmética é de merceeiro (ou, mais
eruditamente, surpreendentemente linear e a coeficientes fixos vinda de
um académico que vez carreira com os tópicos da complexidade e
não-linearidade): se existissem menos X desempregados e se tivessem
emigrado menos Z jovens, os impostos que eles pagariam equilibrariam as
contas. E se a minha avó estivesse viva....? Mas mais importante do que a
metodologia, é o escamotear de dois factos basilares. O primeiro
respeita à criação de emprego: como criar empregos para os jovens que
emigram ou para os que perdem empregos fruto da concorrência
internacional.
Certamente
não basta querer, pois todos o querem. A estagnação económica é muito
anterior à vinda da troika e mesmo à crise de 2008 e tem sido um traço
marcante da evolução portuguesa neste século. Finalmente, importa não
esquecer que foi o défice e a incapacidade de o financiar que trouxe a
troika a Portugal, a chamamento do Governo da República.
IN "SOL"
04/08/16
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