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"EXPRESSO"
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Quase metade dos bebés
nasce fora do casamento
A percentagem de bebés nascidos fora do casamento em Portugal está acima da média da União Europeia desde 2009. É um reflexo da "secularização da sociedade", segundo o sociólogo Pedro Moura Ferreira do ICS. "As relações conjugais mantêm-se, mas são fora do casamento, fora da instituição formal."
Há 20 anos, menos de um quinto dos bebés nascia sem os pais
estarem casados. Ao longo do tempo, esse número foi aumentando e em 2014
quase metade dos nascimentos ocorreu fora do casamento, segundo os
números do Instituto Nacional de Estatística.
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Essa
evolução “reflete uma tendência de secularização da sociedade”, na
opinião de Pedro Moura Ferreira, sociólogo, investigador do Instituto de
Ciências Sociais e coautor de um artigo sobre a evolução dos
nascimentos fora do casamento.
A forma como a percentagem tem aumentado ao longo dos últimos anos – de 17,8% em 1995 para 49,3% em 2014 – resulta de um
"prolongamento" de uma "tendência normal que se acentuou e que era
completamente esperada”, segundo Pedro Moura Ferreira. “Está muito
relacionado com o declínio do casamento como instituição”, explica ao Expresso.
“As
relações conjugais mantêm-se, mas são fora do casamento, fora da
instituição formal”, aponta o investigador. O facto de se ter esbatido o
“estigma” associado a ter filhos fora do casamento também está
associado e contribuiu para o aumento dessa percentagem, acrescenta o
sociólogo.
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“À luz da evolução
demográfica da sociedade portuguesa, o aumento dos nascimentos fora do
casamento tem de ser lido como fazendo parte de um ciclo caracterizado
pelo aparecimento de novas tendências, designadamente o crescimento
progressivo da taxa de divórcio, o aumento das relações conjugais não
formalizadas e das situações de não coabitação ou a multiplicação do
celibato desejado”, lê-se no artigo “Modernidade, laços conjugais e
fecundidade: a evolução recente dos nascimentos fora do casamento”,
escrito por Pedro Moura Ferreira e Sofia Aboim, publicado em 2002.
Pegando
nos números mais recentes, de 2014, conclui-se que a percentagem em
Portugal está ligeiramente acima da média dos países da União Europeia
(UE). Segundo os números do Eurostat, a percentagem de filhos fora do
casamento em Portugal ultrapassou a média da UE em 2009. Nessa altura,
37,9% dos bebés que nasceram nos países europeus não tinham os pais
casados, enquanto em Portugal a percentagem era de 38,1%. Entretanto, os
dados mais atualizados do Eurostat, relativos a 2012, mostram que esse
peso tinha passado para 40% na UE e para 45,6% em Portugal.
Os
números mostram também que, entre os nascimentos fora do casamento, é
mais comum os pais viverem juntos. Contudo, tem vindo a aumentar a
percentagem de casos em que não há coabitação dos pais – entre 2009 e
2014 o número aumentou para quase o dobro passaram de 7,9% do total para 15,8%.
Contrastes culturais no país
Outra leitura pode ser feita ao olhar para os números em Portugal, por município ou região. Os quadros da Pordata mostram que o Alentejo e Algarve estão no topo das regiões portuguesas com maior percentagem de nascimentos fora do casamento. Pelo contrário, é na região Norte do país que se registam as percentagens mais baixas.
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Essas
diferenças têm explicações culturais, na opinião de Pedro Moura
Ferreira. “Há um contraste cultural. O facto mais importante é a
religiosidade. O sul do país sempre foi mais secularizado, o norte mais
conservador. Acho que essas explicações culturais ainda estão ativas.”
Em causa poderá estar, em parte, a “ideologia familiar”, influenciando
indicadores como o casamento ou o divórcio.
Se
recuarmos a 1960, a diferença é maior ainda: a percentagem era de 9,5% e
em 1970 tinha descido mais ainda (7,2%). Ao longo do tempo, em
resultado da secularização da sociedade, a conjugalidade
tem vindo a assumir formas diferentes, segundo explica o sociólogo. Se
há alguns anos era possível fazer uma distinção mais clara entre as
diferentes fases de uma relação, que passava mais vezes pelo casamento,
atualmente já não é bem assim. Aos poucos, “as fronteiras apagaram-se”, afirma.
“Hoje
há uma paisagem muito mais diversificada, em que as situações se
misturaram. Antes, o casamento era um indicador excelente para a
conjugalidade, hoje já não.”
* Significa que as cassetes de falácias judaico-critãs com que nos têm atormentado a vida estão fora de prazo, as cassetes das outras grande religiões estão na mesma ou em pior estado.
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