HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
"DIÁRIO ECONÓMICO"
Médicos e farmácias são responsáveis
por 86% da fraude na Saúde
Existem 245 casos de fraude no SNS sob
investigação que lesaram o Estado em 229 milhões de euros. Médicos e
farmácias são responsáveis por 197 milhões em prejuízos.
Médicos e farmácias envolvidos em esquemas de fraude são
responsáveis por 86% da fraude detectada no Serviço Nacional de Saúde
(SNS).
São 197 milhões de euros de prejuízo para os cofres do Estado em
apenas 15 meses. No total, entre Setembro de 2012 e Dezembro de 2013, a
fraude detectada na Saúde lesou o SNS em 229 milhões de euros. O mesmo
será dizer que todos os meses o SNS é lesado em 15,2 milhões de euros.
Os
casos detectados pelas entidades do Ministério da Saúde (IGAS e
Infarmed), Polícia Judiciária e Ministério Público envolvem médicos,
utentes, farmácias e armazenistas. Até à data foram detidas 52 pessoas,
constituídos 253 arguidos e 129 casos acabaram nas mãos da PJ. As
receitas falsas com elevada comparticipação do SNS são a burla mais
frequente.
Os dados constam do relatório do grupo de trabalho de
combate à fraude na área dos medicamentos e meios de diagnóstico e
tratamento (MCDT), que faz o balanço dos casos suspeitos desde Setembro
de 2012 até ao final de 2013, a que o Diário Económico teve acesso.
No total de 245 casos detectados e sinalizados que perfazem 229 milhões
de euros de fraude e corrupção, os médicos são responsáveis por 122
milhões (199 casos). Vários clínicos que foram objecto destes relatórios
encontram-se agora detidos na sequência de operações da PJ. Somam-se
mais 75 milhões de euros de farmácias (36 casos), outros 32 milhões de
euros que se prendem com oito casos que envolvem convencionados de MCDT,
havendo ainda registo de dois casos com utentes (2.111 euros).
O
balanço foi entregue ao ministro da Saúde depois de revisto a 17 de
Junho deste ano e permite concluir que este tipo de fraudes "de grande
dimensão" são praticadas por todo o país, envolvendo grupos organizados e
várias classes profissionais. O relatório dá conta da dimensão da
fraude no sector, numa altura em que a Federação Nacional dos Médicos
acusa Paulo Macedo de ser "o único responsável" pela greve realizada
esta semana.
Os esquemas da fraude
Esquemas
mais ou menos imaginativos têm lesado o SNS. Tudo serve para tentar
enganar o Estado. Falsos médicos (o relatório revela aqui o exercício
fraudulento de medicina em Clínicas de Loures, Alcoitão, Almancil e
Buraca), desvios de fundos (numa unidade hospitalar de Lisboa),
aquisições fraudulentas de equipamentos em unidades de saúde,
apropriação para fins ilícitos das bases de dados de nomes de utentes e
de prescritores fazem parte da lista de expedientes das fraudes
detectadas.
Somam-se outros como a exportação ilegal de
medicamentos e esquemas de compras e vendas fictícias de remédios com
falsificação de receitas médicas, com prescrição e aviamento fraudulento
em farmácias de medicamentos comparticipados (a 100% até Outubro de
2010 e posteriormente a 95%). As fraudes de comparticipações, segundo o
relatório, abrangem medicamentos do foro psiquiátrico (antipsicóticos e
para a esquizofrenia).
Esses remédios não se destinaram aos utentes
identificados no receituário e tiveram outro fim, como a sua
reintrodução no circuito comercial e exportação para mercados onde são
mais caros (Norte da Europa).
O relatório destaca ainda que
foram identificadas novas áreas de risco: empreitadas de obras públicas
na saúde, cuidados continuados, equipamentos não utilizados, bem como
deficiente ou inexistência de imputação de custos de dispositivos
médicos e medicamentos às companhias de seguros, a que se junta a não
cobrança de taxas moderadoras.
* Um grande constrangimento, a saúde é uma área muito sensível, médicos e farmaceuticos são pessoas muito próximas dos cidadãos, muitos deles são excepcionais pessoas, conhecemos alguns e temos por eles uma enorme consideração, custa saber que outros são profundamente desonestos, mais parecem políticos e banqueiros.
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