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Virtude ao centro
Num jogo resolvido numa entrada madrugadora de Galeno e com Iván Jaime a assistir para os dois golos, a nação portista espera que os reforços que chegam compensem ausências e somem na ambição que só a renovação permite. À semelhança da época passada, três vitórias no primeiro trio de jornadas mas uma sensação muito distante da ansiedade que sentia no ano transacto. Se há um ano jogávamos numa ebulição pré-programada, caldo de nervos e ranger de dentes, agora sente-se uma leveza que só esperamos não venha a ser contraditada em jogos de maior exigência. Mas não há como não dizer que a equipa conseguiu tudo a que se propôs neste início de época. Mesmo quando se viu à beira do abismo, saltou a linha do horizonte e ganhou a Supertaça ao Sporting numa das mais históricas remontadas que o futebol português alguma vez presenciou.
Anunciava-se, desde os particulares, que a presença de Vasco Sousa a titular era uma questão de (pouco) tempo. Se não se encandear, o médio pode ser um caso sério na nova geração de atletas que o F. C. Porto fez crescer na sua formação. Sólido como rochedo e focado sem intermitência, virtuoso ao seu jeito, há uma condução de jogo adulta a que não é alheia a segurança que Varela e Nico González introduzem como parelha distribuidora no meio-campo. Uma das principais razões para uma equipa não ter ambição é jogar sempre com jogadores instalados numa carreira feita ou já a acontecer. Sente-se em Vasco Sousa a ambição de ir longe e entregar toda essa força colectivamente. O que não basta mas ajuda e muito. Temos, nesta época, boas opções no meio campo (até ofensivo) e não será por aí - sobretudo concretizado o regresso de Fábio Vieira - que não teremos visão larga para o sucesso.
* Músico e jurista. Adepto do FCP
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"-28/08/24.
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