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O Governo que toma hoje posse foi pensado para fortalecer a liderança socialista num ambiente de gestão da recuperação económica pós-pandémica, onde os 17,6 mil milhões do Plano de Recuperação e Resiliência terão um papel fundamental. Aliás, com os fundos europeus, o país poderá vir a receber um valor global de cerca de 58 mil milhões de euros para executar até 2029.
Os efeitos do conflito entre ucranianos e russos fizeram caducar abruptamente todos os planos. O que se espera de Costa é que tenha a noção de cavar novas trincheiras provocadas pela guerra e ver as suas consequências económicas.
Exige-se rapidez, mas também resistência ao impacto. Bastará transmitir aos portugueses, sem populismos nem alarmismos, mas com verdade, a gravidade da situação. Todos nós já estamos a sentir isso no bolso. O problema é que, perante este cenário, infelizmente, vamos senti-lo ainda mais. A questão não radica só na destruição da Europa como a vivíamos em dezembro, que já não era famosa. Manter as sanções à Rússia tem um alto custo para os portugueses e europeus.
Não há soluções mágicas que atenuem o sacrifício de estarmos do lado dos ucranianos e, mesmo com os acordos conseguidos na última cimeira do Conselho Europeu por António Costa e Pedro Sánchez, o problema agravado da subida de preços irá continuar. Vamos ficar mais pobres, isso é uma certeza. Este vai ser o terceiro empobrecimento súbito do país neste milénio, deixando marcas nas gerações mais jovens e hipotecando as expectativas de muitos milhões de cidadãos. Ainda bem que temos o respaldo da União Europeia, mas tal não deve permitir que nos encostemos, porque a viagem vai ser dura. Nada será como antes porque será bem pior.
* Editor-executivo
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS" - 30/03/22.
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