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IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS DA MADEIRA"
15/01/20
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Crime ou falha técnica?
Soubemos há uns dias que o Ministério Público tinha decidido constituir arguido o motorista do autocarro do acidente no Caniço.
Devo
dizer que fiquei chocado. Fiquei chocado porque, embora nunca tenha
trabalhado com ele, sei que era um homem cuidadoso (até por excesso), e
que tinha por princípio de vida dar prioridade ao trabalho. Era uma
pessoa calma e correcta no trato.
Custa-me admitir que, embora
chocado com a decisão, esta não me tenha surpreendido. Acusar o
motorista é a solução mais simples. Afecta uma pessoa, e deixa incólumes
fabricantes e operadores.
Daquilo que sei dos (muitos)
motoristas com quem trabalhei ao longo dos anos é que farão tudo para
evitar acidentes, e que em muitos casos são mais ciosos da segurança dos
passageiros que eles próprios (passageiros).
Pelo que este caso me deixou um amargo na boca, e uma série de questões para as quais gostaria de uma resposta.
Qual
terá sido a prioridade da perícia? Proteger fabricantes e operadores ou
apurar a verdade? Será que, para o apuramento da verdade (que presumo
seja a resposta certa...) era conveniente a presença do fabricante? Ou
teria sido mais esclarecedor pedir o input de um concorrente?
Com
veículos cada vez mais modernos, o que acontece à informação digital?
Isto é, o software cada vez mais interage com a máquina. Mas quando a
máquina se desliga a informação desaparece. Ou não? Esta informação é
recuperável?
Como é que se compreende, na sequência deste
acidente, que a obrigatoriedade de utilização de tacógrafos tenha sido
mais uma vez adiada? O objectivo é proteger operadores, ou contribuir
para a segurança rodoviária?
Porque a verdade é que um utilizador
afectado por um acidente pode processar a administração regional por
incumprimento de directivas europeias e de legislação nacional de
aplicação obrigatória, nomeadamente o código de estrada e legislação
complementar.
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS DA MADEIRA"
15/01/20
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