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IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
16/07/19
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O tarot da política
Se as
sondagens, que utilizam métodos científicos, não adivinham resultados,
apenas indicam tendências, não se aconselha que os analistas e os
comentadores de política se ponham a lançar búzios com a pretensão de
acertar no que vai acontecer à vida dos políticos. Mas no defeso, num
tempo em que já ninguém faz aquilo para que foi eleito, porque estão
ocupados a tentar fazer-se eleger de novo, parece não haver nada de mais
sedutor para fazer.
Já há
quem adivinhe que Mário Centeno vai continuar ministro para sair dois
anos depois, se não for direto para o Banco de Portugal ou para um lugar
na Europa. Dito assim, convém recordar que também já houve quem
dissesse que estar vivo é o contrário de estar morto. E há quem tenha a
certeza que Pedro Nuno Santos vai mesmo ser líder do PS. E que Costa vai
ser candidato à Presidência da República, coisa que Marcelo Rebelo de
Sousa também será, obrigando o atual primeiro-ministro a um compasso de
espera de mais cinco anos.
Há um consenso generalizado, o de que o
PSD vai perder as eleições. Mas esta é fácil de acertar porque nunca, em
lado nenhum do Mundo, um partido que está no Governo perdeu as eleições
depois de reduzir a taxa de desemprego para metade. Até quem deita as
cartas percebe que o bem mais precioso para um eleitor é ter como ganhar
a vida. E, se o PSD vai perder, há quem consiga antever que Rui Rio vai
agarrar-se como lapa a um lugar onde, manifestamente, não é feliz.
Parece pouco provável.
Sendo fácil de
adivinhar que o Bloco de Esquerda não terá problemas com o próximo
resultado eleitoral, também se percebe que a vida de Catarina Martins
não se vai alterar no que à liderança do Bloco diz respeito. Mas o lugar
no Governo, que parecia provável há poucos meses, é já uma miragem,
mesmo para o mais optimista dos militantes do BE.
No
outro lugar do banco de trás, onde se senta o PCP, dá para ver mais
nuvens nos horizontes. Não é a carta da morte, mesmo que ela se faça
acompanhar de uma foice, mas as sondagens e, sobretudo, os resultados
das duas últimas eleições, fazem adivinhar a chegada do Diabo. Perante
um terceiro mau resultado, parece certo que não será apenas Jerónimo de
Sousa a ficar em causa, a estratégia de apoio a um governo do Partido
Socialista pode ser rejeitada pela maioria dos militantes comunistas.
Sobra
o PAN, a quem saiu a estrela. Todos esperam por um novo grupo
parlamentar e há até quem lhes adivinhe o Mundo todo pela frente, o
mesmo é dizer que sem maioria absoluta, a sorte do PAN acabará por ser a
sorte do PS.
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
16/07/19
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