Lisboa capital mundial
do direito de autor
Mais de 250 dirigentes de sociedades de autores de todo o mundo fazem de
Lisboa no dia 8 de Junho e em toda esta semana a capital global do
direito de autor. Os participantes nesta assembleia geral da CISAC
exigem aos decisores políticos que protejam os legítimos direitos de
quem cria e que assegurem, por via da produção legislativa, que quem é
autor não fica desprotegido, mesmo tendo havido o brexit no Reino Unido e
a eleição de Donald Trump.
É certo que nenhum
destes factos está isolado. Poderemos somar-lhes os ritmos e as
imprevisibilidades da revolução tecnológica e a incerteza causada pelo
assalto terrorista às sociedades democraticamente organizadas e aos
espaços e situações que corporizam o desejo de liberdade de pessoas de
todas as idades e origens e assim tudo se torna mais eloquente e claro. A
cultura, expressão de liberdade, está na mira de quem destrói e mata.
Em
Lisboa, nesta semana, vão estar os dirigentes máximos da CISAC, os
líderes dos seus comités continentais e os dos comités que representam a
música, a literatura e as artes visuais. Como o presidente da SPA
preside até 2018 ao Comité Europeu de Sociedades de Autores da CISAC, o
mais antigo e amplo dos quatro existentes e integra também a estrutura
directiva do GESAC, com sede em Bruxelas, a sua responsabilidade vai ser
dilatada.
No entanto, o presidente da
Câmara de Lisboa, Fernando Medina, fez questão de receber os que no dia 8
estarão juntos para debater ideias, opiniões e estratégias em defesa
dos autores e da cultura. Isso fica muito bem a Lisboa e a Portugal. O
ministro da Cultura infelizmente não teve agenda que lhe permitisse
garantir a presença do governo no acontecimento e entregar a Medalha de
Honra da SPA a Jean-Michel Jarre, presidente da CISAC.
Por
outro lado, a SPA aproveitará esta semana para reafirmar a importância
da lusofonia, promovendo no Teatro da Trindade no dia 6 à noite um
grande concerto com cantores dos países lusófonos.
Em Lisboa, a SPA lança um duplo CD com alguns dos maiores intérpretes masculinos e femininos de fado de várias décadas.
Lisboa
será em toda esta semana a capital mundial do direito de autor,
atraindo dirigentes, especialistas e autores de todo o mundo, sempre com
a força universalista e humanista da língua portuguesa em fundo. Também
é assim que se ganham batalhas, designadamente as da cultura e das
artes que nos estimulam e engrandecem, lembrando que perto do final
deste século mais de 400 milhões de pessoas falarão e escreverão
português em todo o mundo e que haverá cada vez mais homens e mulheres a
fazerem da actividade cultural o seu ofício. Esta Europa que resiste ao
terrorismo e à descrença e não permite que o medo a afaste de recintos,
como os de Manchester ou do Bataclã em Paris. Quem vê a cultura e a
arte como festa não pode nunca abdicar de construir um mundo mais
pacífico e justo. A assembleia geral da CISAC veio a Lisboa para
fortalecer essa corajosa convicção.
* Presidente da Sociedade Portuguesa de Autores.
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
06/06/17
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