Rocha Andrade, o sol
e as sombras da matéria
Mais problemática do que a
taxação do sol, para o secretário de Estado Rocha Andrade, foi a
aceitação de isenção de taxa para ver o futebol, à conta da Galp, que
está em guerra com o Estado por causa do pagamento de impostos.
Numa daquelas ondas de choque desproporcionadas face à matéria em causa, os portugueses parece que agora descobriram que pagam IMI. Pior: não sabiam de que maneira o imposto que lhes cai em cima uma vez por ano era quantificado. É claro que os portugueses não têm que ser contabilistas - mas exigia-se um bocadinho mais aos partidos da oposição que vieram anunciar que se passava a “taxar o sol”. O sol - ou uma casa com melhor localização - sempre contou para o apuramento do IMI. O que este governo fez foi aumentar o coeficiente do item localização - sol e vista, claro - de 0,05 para 0,20. Claro que é muito. Os portugueses de classe média pagam muitos impostos e os portugueses mais ricos não pagam porque têm as empresas na Holanda e noutros paraísos fiscais. Esta é a disfunção essencial na sociedade portuguesa e não o aumento de um dos items que conta para o apuramento do IMI. Rocha Andrade teve dificuldade em explicar aos portugueses - e com António Costa de férias o governo parece ter partido para parte incerta - e não conseguiu estancar uma polémica tão vazia como inútil. Mesmo a experiente Deco veio agora alertar para o perigo da subjetividade dos mecanismos de apuramento. Mas onde estavam quando esses items foram aprovados? A cena do IMI faz lembrar um episódio de silly season, que poderia ter sido explicado de uma forma que não deixasse alastrar a palermice. Sim, é um aumento de impostos. Não, a “taxação do sol” não foi inventada por este governo.
Numa daquelas ondas de choque desproporcionadas face à matéria em causa, os portugueses parece que agora descobriram que pagam IMI. Pior: não sabiam de que maneira o imposto que lhes cai em cima uma vez por ano era quantificado. É claro que os portugueses não têm que ser contabilistas - mas exigia-se um bocadinho mais aos partidos da oposição que vieram anunciar que se passava a “taxar o sol”. O sol - ou uma casa com melhor localização - sempre contou para o apuramento do IMI. O que este governo fez foi aumentar o coeficiente do item localização - sol e vista, claro - de 0,05 para 0,20. Claro que é muito. Os portugueses de classe média pagam muitos impostos e os portugueses mais ricos não pagam porque têm as empresas na Holanda e noutros paraísos fiscais. Esta é a disfunção essencial na sociedade portuguesa e não o aumento de um dos items que conta para o apuramento do IMI. Rocha Andrade teve dificuldade em explicar aos portugueses - e com António Costa de férias o governo parece ter partido para parte incerta - e não conseguiu estancar uma polémica tão vazia como inútil. Mesmo a experiente Deco veio agora alertar para o perigo da subjetividade dos mecanismos de apuramento. Mas onde estavam quando esses items foram aprovados? A cena do IMI faz lembrar um episódio de silly season, que poderia ter sido explicado de uma forma que não deixasse alastrar a palermice. Sim, é um aumento de impostos. Não, a “taxação do sol” não foi inventada por este governo.
Mais problemática do que a taxação do
sol, para o secretário de Estado Rocha Andrade, foi a aceitação de
isenção de taxa para ver o futebol, à conta da Galp, que está em guerra
com o Estado por causa do pagamento de impostos. O que passou pela
cabeça do secretário de Estado quando aceitou um convite destes?
Ingenuidade política elevada ao cubo? Ignorância de que o sol já era
taxado, mas a Galp não? A aceitação deste convite fez mais pelo
descrédito do governo do que o aumento do IMI.
IN "i"
04/08/16
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