HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
"DIÁRIO ECONÓMICO"
Jogos infantis são campeões
em invasão de privacidade
Aplicações móveis recolhem dados desnecessários de utilizadores especialmente vulneráveis.
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Os jogos destinados a crianças registaram a pior
avaliação de protecção à privacidade entre as aplicações (apps) mais
descarregadas na plataforma Android. A conclusão é de um estudo da
Universidade americana Carnegie Mellon que analisou mais de um milhão de
programas.
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Na lista das apps com pior pontuação, encontram-se os
populares jogos para crianças ‘Fruit Ninja', ‘Angry Birds', ‘Despicable
Me', ‘My Talking Tom', ‘Subway Surfers', ou ‘Drag Racing'. Estas
aplicações recolhem dados relativos às contas do utilizador em serviços
como o Google e o Skype, número de telefone, contactos, mensagens,
microfone, fotografias e localização do aparelho, seja por GPS ou por
rede.
"Os anunciantes recolhem assim informações mais específicas
sobre o utilizador, numa tentativa de personalizarem a publicidade",
alerta Jason Hong, responsável pelo estudo divulgado no site
PrivacyGrade.org.
O estudo avalia as aplicações e atribui notas
que vão de A+ a D. Para isso, os investigadores montaram um modelo de
pontuação que tem em conta quais as informações que o utilizador espera
que a aplicação recolha e os dados a que ela, de facto, tem acesso. O
modelo foi criado com base na ideia de que a violação do direito à
privacidade deve ser medida pela expectativa de protecção em cada
contexto.
"Se a ideia que a pessoa tem estiver alinhada com o que
de facto a aplicação faz, haverá menos problemas relacionados com a
privacidade, uma vez que a pessoa estará completamente ciente do
comportamento da aplicação", explicam os investigadores do estudo.
Mediante essa lógica, Facebook, Youtube, WhatsApp e Instagram, por
exemplo, obtêm um A.
Fonte oficial da Comissão Nacional de
Protecção de Dados (CNPD) admitiu ao Económico que o facto de as
aplicações não respeitarem a privacidade do utilizador, recolhendo dados
desnecessários para a entrega do serviço "é preocupante" e tem
"levantado muitos problemas". "Tem de haver um aspecto mais punitivo e
um quadro mais claro para que quem desenvolve estas apps tenha noção até
onde pode ir", sublinha a responsável, acrescentando que "é
indispensável que se crie uma regulação internacional sobre a matéria,
porque a intervenção tem de ser global, já que a nível nacional não
temos qualquer jurisdição sobre essas empresas, que estão na sua maioria
sedeadas nos Estados Unidos", acrescenta.
Do outro lado do
Atlântico, as autoridades têm estado atentas. A rede social Path foi
multada 800 mil dólares em 2013 por recolher números de telefone a
partir da lista de contactos dos utilizadores e no ano passado, o site
Yelp teve de pagar 450 mil dólares por recolher dados sobre a
localização de menores de idade. No entanto "ainda existe um longo
caminho a percorrer à escala global", adverte a mesma fonte.
A
responsável deixa ainda o conselho: "os cidadãos devem estar atentos no
sentido de não utilizarem aplicações que não tenham políticas de
privacidade claras, devem saber escolher e ter em mente que a utilização
de uma aplicação pode resultar num enorme risco". Nesse sentido,
explica, "deve tentar-se fechar o telefone ao máximo, as definições do
telefone servem para isso, e há coisas que se podem barrar logo à
partida nas configurações".
* O pricipal problema é a balda dos pais para aquilo que os filhos procuram na Net.
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