Twitter, Rock e Texas
Em 2007, uma start-up praticamente desconhecida pagou onze mil dólares para pôr uma imagem do seu serviço em todos os ecrãs dos corredores no South by Southwest, em Austin. O seu lançamento oficial acontecera nove meses antes, em 2006, mas foi neste magnético evento no Texas que o sucesso começou a acontecer. Essa start-up chamava-se Twitter.
Na edição deste ano do SXSW, evento anual que mistura música, filmes e tecnologia, há
coisas muito interessantes, mas nenhuma start-up com o calibre do
Twitter. Ou do Foursquare, empresa que foi mesmo lançada durante o
evento, em 2009, e conseguiu a primeira ronda de financiamento seis
meses depois. A rede social da comida, Foodspotting, também teve o seu
início no evento: chegou à final do SXSW Accelerator em 2010, dias
depois de ter lançado a sua aplicação para iPhone.
Nem todas as
edições do SXSW Interactive (a parte do evento onde são apresentadas
novas tecnologias) produzem grandes hits. Diz quem está em Austin que as
start-ups mais interessantes são a Speakerfy, uma plataforma social
para ouvir música usando múltipos aparelhos; a Hyperactivate, que cria
promoções inteligentes e sociais para as marcas; e a LeadRocket, uma
ferramenta social para vendedores.
Entre os gadgets, os ténis
falantes da Google (sim, pode usar-se o termos ténis para designar
sapatos de desporto) foram dos que atraíram maior atenção, embora a
marca tenha dito que não pretende vendê-los comercialmente.
Mas
entre tudo o que aconteceu nos últimos dias no Texas, uma conversa
pareceu-me particularmente interessante. Jared Leto, actor e vocalista
da banda Thirty Seconds to Mars, mas também um empreendedor – criou uma
agência de marketing de guerrilha, The Hive, uma empresa de bilhetes com
experiências para concertos, Adventures in Wonderland, e uma plataforma
de transmissão de eventos ao vivo pela internet, VyRT.
Leto, de
41 anos, falou especificamente de como usar o Twitter para promover uma
marca, uma banda, um serviço. E, segundo ele, uma das coisas que é
necessário fazer no Twitter é prestar atenção. “Muitas pessoas
esquecem-se de ouvir." Ou seja, pensam que é uma plataforma onde podem
expor-se e não precisam de comunicar a sério.
"É bom que os
artistas tenham a capacidade de lidarem directamente com as suas
audiências. Penso que o poder mudou de mãos, para a audiência", referiu o
empreendedor. E, se a audiência achar que o que está à sua frente é
único e criativo, então estará disposta a pagar por isso.
É essa a
experiência que Leto tem com as empresas que montou, associadas ao
consumo da sua música. Se as pessoas não compram CD, é possível
vender-lhes bilhetes para concerto que custam 250 euros. Se as pessoas
pirateiam o MTV Unplugged da banda, é possível vender-lhes bilhetes para
concertos em directo no VyRT. A experiência, em directo, é a única
coisa que nenhuma tecnologia torrent consegue piratear.
IN "DINHEIRO VIVO"
12/03/13
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