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SÓ PARA MACHISTAS
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Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
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O caso do pequeno Noah trouxe para a ordem do dia uma questão crucial que nem sempre é linear. Qual é a fronteira entre um acidente e negligência, ou quais são os critérios necessários para que se fale em negligência parental?
Existem diversas formas de maus-tratos. Contrariamente aos maus-tratos físicos ou emocionais, que se definem por uma ação, a negligência envolve uma omissão e é consensual subdividi-la em negligência por falta de provisão e negligência por falta de supervisão.
A negligência por falta de provisão envolve as omissões que mais facilmente associamos a uma parentalidade negligente, como não providenciar cuidados adequados em áreas como a alimentação, a higiene, o vestuário, a saúde ou a educação. Já a negligência por falta de supervisão diz respeito à incapacidade dos pais ou cuidadores em definir limites adequados e em supervisionar, assegurando que a criança vive num ambiente seguro e protegido.
Vamos focar-nos nesta última forma de negligência. Tendo por base esta definição, facilmente percebemos que a fronteira entre um acidente ou o resultado de negligência pode não ser muito clara. Trata-se de uma zona cinzenta que carece de uma avaliação mais aprofundada.
Uma criança de 3 anos que cai das escadas, por exemplo. É acidente? Ou fruto de um comportamento negligente dos pais, que as deveriam ter protegido com uma cancela?
E uma criança de 4 anos que ingere um detergente. É acidente? Ou são os pais negligentes porque deviam manter esses materiais num armário fechado e inacessível?
Pensemos agora numa criança de 8 anos de idade, portadora de deficiência mental, que se queima com água a ferver. É acidente? Ou não deviam os pais ter assegurado que a criança não estaria sozinha na cozinha com o fogão ligado?
São perguntas difíceis para as quais não existe uma resposta óbvia de "sim" ou "não".
Os acidentes acontecem em todas as famílias, mesmo nas mais zelosas e atentas. É importante que a criança seja estimulada e incentivada a explorar o meio que a rodeia, numa perspetiva de crescimento e autonomia. Crianças fechadas em redomas de vidro e criadas como flores de estufa, não por favor.
No entanto, e sabendo da enorme diversidade de perigos potenciais, há comportamentos de segurança que as famílias podem e devem adotar, numa perspetiva preventiva, adaptados em função da idade e do nível de desenvolvimento da criança. Os pais não conseguem, naturalmente, antecipar todos os possíveis perigos, mas podem minimizar a probabilidade de ocorrência de certas situações que comprometam a integridade física ou emocional da criança.
Voltando ao pequeno Noah, que este nos ajude, enquanto sociedade protetora das crianças que somos, a refletir sobre todas estas questões. Porque o maior desafio no processo de educação de um filho é saber criar raízes e asas ao mesmo tempo, que é como quem diz, potenciar sentimentos de segurança e ensinar a voar, num equilíbrio nem sempre fácil entre proteção e autonomia.
* Psicóloga clínica e forense, terapeuta familiar e de casal
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS" - 24/06/21
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Walter Freeman
4-O lobotomista
(CONTINUA PRÓXIMA QUARTA-FEIRA)
* Walter Freeman popularizou nos anos trinta um procedimento chamado lobotomia, uma agressiva cirurgia no cérebro, que foi usada em larga escala em doentes mentais e muitas vezes com resultados devastadores. Considerada uma das maiores barbaridades da medicina moderna. Veja entrevistas com historiadores, médicos e psiquiatras que trabalhavam com Freeman e dos testemunhos próximos de algumas das famílias desesperadas que procuravam a sua ajuda.
* Este blogue não anda desesperadamente à procura de likes e de toques em sininhos
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Resiliências
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Eis o futuro: cidadãos vacinados podem ser infectados e podem transmitir a infecção (tal como os não vacinados), mas vai na mesma haver "certificados digitais covid". Sabem porquê? Porque é fundamental distinguir entre portadores do coronavirus vacinados de infectados não-vacinados. Nesta perigosa gestão política da covid, a discriminação joga um papel essencial - o de criar novas e profundas fracturas sociais, dividir para reinar, atirar o roto contra o nu. No final, alguém que morra contaminado por alguém vacinado não será tão grave nem tão condenável como alguém que adoeça depois de um não-inoculado lhe ter transmitido o virus. Vacinados espalharem a covid é aceitável. Não vacinados fazerem o mesmo?! Nem pensar. Esses são vistos como ameaça a abater.
Ou seja, o passaporte sanitário não resolve nada nem garante sequer o essencial- que o portador está saudável naquele instante. Portanto, o certificado que autoriza a circulação inclusive dentro do país (a versão europeia visa a passagem de fronteiras nacionais apenas), que pretende condicionar até a entrada em lugares públicos ou festas privadas visa criar guetos, enclaves digitais, apartheid. Serve para separar puros de impuros, cumpridores de irresponsáveis, bons cidadãos de má escória. Segregação. A stayaway covid não vingou, mas passou a eufemistica Carta dos direitos humanos na Era Digital, trilhando o caminho dos "selos de qualidade", "carimbos de garantia", o sibilar para as tiranias 2.0, armadas até aos dentes com as novas tecnologias, algoritmos, chips.
O Certificado Digital Covid é mais um pontapé na boca dos portugueses que, entre salários de miséria, falências em catadupa, ileteracia científica, overdoses de medo com lavagens cerebrais, apneias de sono e de vigília, já só querem livrarem-se da pressão de amigos e família, que o deixem passar à vontade, ir de férias, não interessa a que preço, se está certo ou errado, quanto das nossas liberdades públicas fica penhorado. Tem sido assim desde Março de 2020 e assim continuará. Os políticos a mostrarem músculo e punho, a mandar toda a gente para casa com orelhas de burro, a trancar portas, janelas e postigos, a tentar controlar a comunicação social, a regurgitar normas atrás de novas normas patéticas e contraditórias, a rasgar a Constituição e a cuspirem-lhe em cima. Paz à sua alma. Já nem se incomodam em declarar estado de emergência. O estado de direito, passou a ser visto como uma maçada, empecilho que importa arredar lesto como um calhau no caminho.
No fim, com esta novilíngua que vexaria Orwell, armam-se em magnânimos e ainda têm o topete de dizer que o certificado serve para conferir "mais liberdade". Mas é suposto agradecer?! Sublinhe-se que só devolve à liberdade quem a tirou. Em democracia à liberdade é natural, intrínseca, orgânica e consagrada nas leis fundamentais. É um direito humano inalienável. Falar de Liberdade certificada é como falar de alergia acalmante ou de gordura adelgaçante. Um paradoxo. É uma treta.
Eram só quinze dias para achatar a curva e não rebentar o SNS. Depois precisávamos de esperar pela vacina. Agora ela também não é suficiente e levamos ferretes como gado. Qual será o próximo golpe? Vá. Só mais umas semanas. Vai ficar tudo bem.
* Psicóloga clínica
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS" - 27/06/21
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