HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
Fitch:
"Aumentos significativos da despesa"
. podem levar a redução do "rating"
É o segundo alerta em dois dias. A Fitch
voltou esta quinta-feira a alertar que o "rating" de Portugal pode ser
revisto em baixa, caso se verifiquem "aumentos significativos da
despesa".
Se Portugal apostar em
grandes aumentos da despesa, o "rating" poderá ser revisto em baixa.
Este é um novo alerta da Fitch, que salientou já estar à espera que o
orçamento de António Costa fosse demasiado expansionista. Mas descarta
qualquer impacto vindo da Grécia, graças às políticas do BCE.
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Há
apenas dois dias, a Fitch emitiu uma nota na qual caracterizava como
"optimistas" os pressupostos do esboço do Orçamento do Estado para 2016.
Agora, Douglas Renwick diz que "o orçamento apresentado ficou
praticamente em linha com o que prevíamos", uma vez que "as nossas
estimativas já eram pessimistas" face às do anterior Governo.
Declarações
feitas pelo director sénior da Fitch e responsável pela análise a
Portugal, durante uma conferência que decorreu esta quinta-feira, 28 de
Janeiro, em Lisboa. E o responsável da agência de notação financeira fez
questão de deixar um alerta: "aumentos significativos da despesa" podem
levar a Fitch a rever em baixa o "rating" de Portugal.
Actualmente, a Fitch classifica a dívida portuguesa em "BB+", com uma
perspectiva "positiva". Este é o último nível da classificação
conhecida como "lixo", que a agência atribui a Portugal desde 2014. E o
facto de demorar tanto a colocar a dívida nacional numa classificação de
"investimento" já mereceu algumas críticas de estrategos de bancos de
investimento.
Contudo, Douglas Renwick diz que "não é incomum ter uma perspectiva
‘positiva’ ou ‘negativa’ por dois anos". O responsável da agência de
notação financeira aponta que, relativamente a Portugal, "precisamos de
ter a certeza que o Governo continua comprometido em atingir os
objectivos de médio prazo".
Na terça-feira, 26 de Janeiro, a Fitch já tinha emitido um relatório
onde abria a possibilidade de rever em baixa o "rating" de Portugal, por
considerar que o Orçamento socialista assenta em pressupostos de
crescimento "irrealistas" que elevam o risco de falhar a redução do
défice para 2,6%.
Grécia não é uma ameaça sistémica
Se a Grécia espoletou no passado fortes abalos em toda a Zona Euro,
com diversos avanços e recuos no ajustamento orçamental, o impacto
destes é agora muito inferior, defende Douglas Renwick. E mesmo "se a
Grécia sair da Zona Euro, isso não irá criar uma crise sistémica",
defende o especialista.
Uma perspectiva justifica pelas políticas
expansionistas do BCE, graças às quais "esse risco [de contágio
sistémico] diminuiu". Contudo, há outras ameaças à Zona Euro. "Estamos
um pouco pessimistas para o crescimento na Europa no longo prazo", diz
Douglas Renwick, apontando o dedo à flexibilidade orçamental a que
assistimos agora na região. Ainda assim, conclui, "acreditamos que isso
será apenas temporário", para responder a tópicos como a migração e o
terrorismo.
* Ainda não se vê a luz ao fundo do túnel da autonomia financeira.
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