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* Reitor da Universidade de Aveiro
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
08/03/16
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Crise dos refugiados?
De quem?
No final do mês
passado, teve lugar na Universidade de Aveiro uma sessão da Plataforma
de Apoio aos Refugiados. Tratou-se de um evento muito participado,
incluindo um elevado número de instituições sociais da região que
demonstraram estar preparadas, há já bastante tempo, para apoiar,
acolher e integrar os refugiados. Está assim demonstrada, se necessário
fosse, a generosidade abundante de larguíssimos setores da sociedade
portuguesa. Então, onde está o problema?
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O problema está em que,
enquanto 160 000 pessoas se amontoam na Grécia e em Itália, não há
refugiados para acolher! Porque, apesar da esmagadora maioria dos
cidadãos europeus apoiar uma distribuição equitativa que envolva todos
os países, assiste-se a um impasse geoestratégico da União, com o
autoritarismo a tomar conta de alguns países do Leste, esquecidos dos
valores democráticos e de como foram ajudados ainda há bem menos de um
século em circunstâncias comparáveis. A Europa continua a agir por
reação: aqui, como na crise financeira, como na crise securitária
superveniente ao fenómeno a que estamos a assistir. Por reação e sempre
tardia!
Deixamos que o nosso território comum europeu se afunde,
de um modo crescente, nas suas contradições, enquanto outros arriscam a
vida para vir viver connosco. Os refugiados esperam recolocação por
tempos incomensuráveis enquanto poucos minutos separaram a decisão do
Parlamento britânico e o bombardeamento da Síria. E o Líbano, país com
muitas dificuldades, acolhe um imigrante por cada três libaneses!
Exemplos, entre muitos outros, que nos têm de envergonhar.
Escrevo,
também, num dia de cimeira com a Turquia muito importante para a
Europa. Seria bom que conseguíssemos reduzir o que nos divide e
encontrar denominadores comuns, permitindo que as conquistas dos últimos
60 anos sejam preservadas. Seria fundamental que a política de braços
abertos e o valor da solidariedade falassem mais alto. Porque a crise
não é, obviamente, dos refugiados; é da Europa.
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Seria fundamental
que a política de braços abertos e o valor da solidariedade falassem
mais alto. Porque a crise não é, obviamente, dos refugiados; é da
Europa.
* Reitor da Universidade de Aveiro
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
08/03/16
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