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As listas só se justificam perante redes internacionais ou indivíduos muito perturbados.
IN "CORREIO DA MANHÃ"
07/09/14
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As listas
de pedófilos
As listas só se justificam perante redes internacionais ou indivíduos muito perturbados.
Os abusos sexuais sobre crianças e adolescentes são
um tormento social. E não há possibilidade de controlar a sua evolução
estatística, porque os horrores do passado só são desvendados muito rara
e tardiamente. Os estudos e estatísticas revelam, porém, que estes
crimes são praticados, na sua maioria, por familiares ou pessoas
próximas das vítimas.
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É necessário aumentar a informação dos que lidam com
crianças – por exemplo, nas escolas –, tornando-os conscientes do que se
pode estar a passar com qualquer uma delas. Por outro lado, deve
instituir-se uma colaboração estreita entre os responsáveis pelas
crianças e os departamentos da polícia especializados na prevenção e
investigação do fenómeno.
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No contexto dos abusos praticados por familiares ou
pessoas próximas, que é o mais frequente, as listas de pedófilos não têm
sentido. Exigem-se, antes, medidas de apoio às crianças que limitem as
"oportunidades" dos potenciais abusadores. As escolas e outras
instituições que acolhem as crianças deveriam escrutinar o seu pessoal,
com o apoio dos serviços públicos.
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As listas só se justificam perante redes
internacionais ou indivíduos muito perturbados, que procuram ter acesso
sistemático a crianças. A publicação das listas na comunicação social
não é aconselhável, por poder gerar erros e confusões, desencadear a
justiça privada e poder até desproteger ainda mais as vítimas de
comportamentos insidiosos dos agressores.
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É claro que as polícias e as autoridades judiciárias
devem trabalhar com listas de pedófilos. Isso pode e deve acontecer já,
tendo em conta a importância desses elementos na prevenção e na
investigação criminal. Mas não há dados que revelem com nitidez se o
acesso generalizado a tais listas, em alguns países, tem contribuído
para reduzir os crimes em causa.
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O acesso público a essas listas significa,
objetivamente, o fracasso da prevenção e da investigação criminal. Em si
mesma, tal medida não parece incorreta, mas possui uma escassa eficácia
preventiva e abre a caixa de Pandora da justiça privada, se não for
aplicada com bom senso. Por isso, a sua apreciação pelo Parlamento deve
ser muito bem ponderada.
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Nos crimes de abuso, a política criminal não se faz
com a privatização do Direito Penal nem com agravamentos simbólicos das
penas, sem outras medidas de vigilância social e tratamento terapêutico
dos delinquentes. Uma tal tarefa é pública. Pertence ao Estado e às suas
instituições. As listas de pedófilos não podem tapar o sol com uma
peneira.
IN "CORREIO DA MANHÃ"
07/09/14
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