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HOJE NO
"DINHEIRO VIVO"
"DINHEIRO VIVO"
Portugueses estão a pedir mais um milhão por dia em crédito pessoal e cartões
No total, o crédito ao consumo disparou, no ano passado, para um novo máximo de sempre: 7,6 mil milhões de euros.
É um novo recorde. Os portugueses estão a
recorrer em força ao crédito pessoal, cartões de crédito e contas a
descoberto para consumo, mas também para fazerem frente às despesas do
dia-a-dia. No ano passado, as famílias endividaram-se num total de 4,6
mil milhões de euros em novos contratos desse tipo de créditos (cerca de
20,8 milhões por dia), que têm associados taxas de juro mais elevadas. É
um aumento de 357 milhões face a 2018, números redondos mais um milhão
de euros por dia, e o valor mais alto desde pelo menos 2013, altura em
que o Banco de Portugal começou a disponibilizar estes dados.
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“A competição pelo crédito às famílias está
a intensificar-se. Num contexto de transformação do setor financeiro e
com taxas de juro muito baixas, os bancos procuram por fontes de
rentabilidade e o crédito é uma alternativa evidente”, refere Filipe
Garcia, economista da IMF-Informação de Mercados Financeiros. No total, o
crédito ao consumo disparou, no ano passado, para um novo máximo de
sempre: 7,6 mil milhões de euros. Só o crédito automóvel recuou 130
milhões em termos anuais, refletindo a quebra nas vendas de carros, mas
deixando o valo global de crédito automóvel nos 2,99 mil milhões, em
2019.
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Os dados agora divulgados pelo BdP sobre crédito ao consumo são
mais completos do que os anunciados na semana passada, que apontavam
para um valor global de 5.245 milhões de euros . Além disso, detalham os
montantes que foram destinados para cada tipo de segmento.
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Estes dados são um sinal para o Banco de
Portugal reforçar as medidas para conter o aumento do recurso ao crédito
pelas famílias, considera a Deco. “Não estou surpreendida com este
aumento. Andámos a alertar, em 2019, para o aumento do endividamento das
famílias no crédito pessoal e cartões de crédito”, adianta Natália
Nunes, coordenadora do Gabinete de Proteção Financeira da Defesa do
Consumidor.
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“Algo tem de ser feito”. Segundo Natália Nunes, há portugueses a
recorrer ao crédito pessoal e aos cartões de crédito para cobrir outros
empréstimos que já não conseguem pagar. Natália Nunes já tinha alertado,
em janeiro que, se o Banco de Portugal não adotasse medidas urgentes
para travar a subida do crédito ao consumo, o número de famílias
sobre-endividadas em Portugal iria aumentar. Em 2019, a Deco recebeu
2787 pedidos de ajuda de famílias que não conseguiam pagar as suas
contas ao fim do mês. São mais 50 famílias do que em 2018. Isto numa
altura de desemprego baixo e de crescimento económico. “Se houver
qualquer alteração (da economia), imagine o impacto que pode ter em
muitas famílias”, alertou.
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Limites excluem créditos até 6000 euros
O Banco de Portugal anunciou, no final de janeiro, novas medidas para
travar o recurso ao crédito pessoal, incluindo a redução do prazo máximo
para novos contratos de 10 para sete anos, a partir de 1 de abril. Mas
as medidas implementadas pelo supervisor não abrangem os cartões de
crédito, nem os empréstimos até ao montante de cerca de 6000 euros.
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Para o economista Filipe Garcia, “se os bancos ou as instituições de
crédito especializado estiverem disponíveis para emprestar, os
portugueses endividam-se. E é isso que parece ter voltado a acontecer em
2019. Na verdade, os bancos tradicionais são hoje os responsáveis por
cerca de 75% do novo crédito pessoal concedido, ganhando quota às
tradicionais instituições de crédito especializado. É um segmento de
mercado que está também a crescer de forma muito significativa”.
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Para Natália Nunes, o Banco de Portugal deve impor uma maior
responsabilização na concessão de crédito. Relatou o caso de uma
consumidora “que ganha o salário mínimo e a quem foi concedido um
plafond de 1000 no cartão de crédito”. Depois, “o plafond foi aumentado a
pedido dela e, mais tarde, por iniciativa da entidade emissora do
cartão”.
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A responsável da Deco recomenda que cada família não tenha mais de 35%
do seu orçamento mensal afeto ao pagamento de créditos. Sugere ainda que
as famílias ponderem muito se, de facto, precisam de recorrer ao
crédito. Caso já tenham créditos e não consigam pagar, a melhor solução é
pedir ajuda para seja feita uma renegociação com a entidade credora.
Mas, nestes casos, o consumidor fica sinalizado na central de
responsabilidades de crédito do Banco de Portugal, passando a ser visto
como um potencial cliente de risco.
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O problema, segundo Natália Nunes, é que, estando os bancos a incentivar
o recurso ao crédito, no final os maiores lesados serão os consumidores
que ficarem sobre-endividados. “Sentimos que os consumidores são os
mais lesados nesta relação. Perdem as casas, ficam com os salários
penhorados e dívidas para pagar”.
* - "Ó TUGA DAS DÍVIDAS, A MISÉRIA ECOA....
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