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HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
O GPS que viaja pelo pulmão e deteta
.lesões e tumores precocemente
.lesões e tumores precocemente
Nova tecnologia está a ser usada pelo IPO e permite observar zonas onde as técnicas tradicionais não chegam
Mais
de 20 profissionais de saúde assistiram, na última sexta-feira, ao
primeiro diagnóstico feito no Instituto Português de Oncologia (IPO) de
Lisboa com recurso à "navegação eletromagnética broncoscópica". Uma
espécie de GPS que permite diagnosticar pequenas lesões na periferia do
pulmão e que, em breve, deverá ser usado também para o tratamento do
cancro do pulmão. "É uma nova esperança, que implica imaginação dos
profissionais, já que é um sistema que podemos pôr ao serviço de vários
procedimentos que podem ser feitos ao doente", explicou ao DN Duro da
Costa, diretor do serviço de Pneumologia do IPO de Lisboa.
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A
doente, uma mulher, de 75 anos, tinha "uma pequena massa pulmonar", que
não era visível através de uma broncoscopia tradicional (introdução de
um pequeno tubo através da traqueia para detetar lesões). Em apenas duas
horas, foi feito o diagnóstico e a biópsia, já que o material recolhido
foi analisado pela anatomia patológica ainda na sala. Tem um
adenocarcinoma pulmonar. Sem esta nova tecnologia, o procedimento seria
feito por via externa ou através de cirurgia, uma intervenção mais
demorada e dolorosa.
"Esta tecnologia
permite fazer diagnósticos mais precoces em lesões mais pequenas e
planear a terapêutica. Sempre que o tumor é diagnosticado precocemente, a
mortalidade melhora", explica o médico, destacando que a mortalidade
por cancro do pulmão tem estado a descer ligeiramente a nível mundial,
mas a aumentar nos países "onde o tabaco ainda é um flagelo".
Procedimento rápido
Antes do procedimento é feita uma
tomografia computadorizada (TAC), cuja informação é depois cruzada com
aquela que é obtida através da broncoscopia por navegação. Com a
introdução de uma sonda pela boca ou pelo nariz do doente, os médicos
conseguem aceder a zonas onde até então era muito difícil ou mesmo
impossível chegar. Uma espécie de GPS, como refere o diretor do serviço
de Pneumologia. Através deste sistema, que permite a introdução de
pinças, agulhas ou escovas, é feita a colheita de tecido da lesão, que é
depois analisada pela anatomia patológica.
A
percentagem de doentes que podem beneficiar deste sistema "é grande".
"É usado para lesões que se situam na periferia no pulmão, com
características de malignidade, quando é expectável que surjam
complicações em abordagem por via hipercutânea [como roturas do pulmão].
E cada vez há mais tumores periféricos", afirma o especialista,
destacando que "a abordagem feita por fora, com recurso a uma agulha e
um cateter, tem mais complicações".
No diagnóstico, explica Duro da Costa, a
grande vantagem é chegar a lesões mais pequenas, mas o sistema tem
inúmeras potencialidades. "Se houver indicação para cirurgia, o sistema
permite, através da aplicação de corantes, marcar áreas para facilitar a
vida ao cirurgião". Também é possível, prossegue, "colocar marcadores
metálicos à volta do nódulo para definir os campos de ação da
radioterapia".
Existe ainda a
possibilidade de usar o mesmo sistema para o tratamento do cancro do
pulmão. Em Londres, no Hospital St. Bartholomew"s, o "GPS" já foi usado
para esse fim, o que permitiu tratar uma doente sem qualquer incisão. "A
eletrofrequência, ou radiofrequência, permite, através de um cateter
introduzido por este condutor que deixamos no tumor, fazer um
sobreaquecimento da lesão, que faz que as células sejam destruídas na
parte tumoral e um pouco à volta", refere o especialista.
Trata-se
de um procedimento "muito menos invasivo, menos agressivo". Duro da
Costa espera vir a usar o novo equipamento - que custou 200 mil euros -
também para o tratamento de tumores do pulmão no IPO de Lisboa. "Vai
depender da imaginação criadora dos médicos. Temos de estabelecer
protocolos com base na experiência para o podermos fazer."
O
diretor do serviço de Pneumologia do IPO de Lisboa lembra que surgem
todos os anos cerca de quatro mil novos casos de cancro do pulmão em
Portugal, 85% dos quais relacionados com o tabaco. Este é ainda um dos
tumores com maior mortalidade, em parte porque os sintomas tendem a ser
desvalorizados.
* Investigação científica e tecnológica em constante procura de melhor qualidade de vida.
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