HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
Centeno anuncia medidas
para garantir défice abaixo de 3%
O ministro das Finanças diz que um défice de 2,7%
não é alcançável e que são necessárias medidas de gestão para colocar o
défice de 2015 abaixo dos 3%. Trata-se de congelar verbas e fundos não
urgentes da Administração Pública, diz Centeno.
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A meta que o Governo de Passos Coelho
estabeleceu para o défice deste ano, 2,7%, não vai ser atingida. Foi a
essa conclusão que chegou o Governo na reunião desta quinta-feira do
Conselho de Ministros. O ministro das Finanças, Mário Centeno, anunciou
que terão de ser adoptadas "medidas adicionais" que permitam "a saída de
Portugal do Procedimento por Défices Excessivos", ou seja, para atingir
um défice, no máximo, de 3% do PIB.
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"O que posso confirmar é que
não só se confirma a ideia de que o objectivo orçamental para 2015 não
foi cumprido", isto é, "o valor de 2,7% não é atingido", como "há a
necessidade, para garantir no momento final de apuramento do défice" um
valor de 3% pelo menos, de adoptar "medidas adicionais", afirmou Mário
Centeno. Segundo o ministro das Finanças, "houve um conjunto de desvios
na execução orçamental que justificam o não atingir dos 2,7%". Esses
desvios "estão bastante disseminados quer pela despesa quer pela
receita", acrescentou.
O ministro das Finanças anunciou que vão
ser adoptadas três medidas "de reforço da contenção do lado da despesa"
para garantir um défice inferior a 3%. A primeira é o "congelamento de
processos pendentes de descativações e transições de saldos de
gerência". As descativações são processos de libertação de verbas dos
ministérios que estão sujeitos à autorização expressa do ministro das
Finanças.
Além disso, o Governo vai reduzir "os fundos disponíveis das
administrações públicas para 2015 em 45 milhões de euros", afirmou Mário
Centeno. Esta foi a única medida que quantificou. Fundos disponíveis
são as verbas disponíveis a muito curto prazo, não podendo os
dirigentes, gestores e responsáveis pela contabilidade nas
Administrações Públicas assumir compromissos que excedam o valor desses
fundos. O Governo vai ainda abster-se de assumir "novos compromissos
financeiros não urgentes", acrescentou o ministro.
Estas são as
medidas de gestão "que consideramos necessárias para precaver todo o
processo de apuramento do défice", e Centeno confia que serão
suficientes para acautelar a saída do país do chamado procedimento
europeu dos défices excessivos, que - a concretizar-se - aumentará a
margem de manobra do governo ao nível do investimento público. Será "um
exercício difícil e exigente para a Administração Pública", diz Centeno.
Apesar disso, o ministro acredita que "todas as condições de
funcionamento da Administração Pública" estarão garantidas, até porque
estas são medidas que incidem "sobre verbas e custos considerados não
urgentes".
Centeno não revelou o montante total das medidas nem o
défice que aconteceria caso não fossem aplicadas. Limitou-se a referir
que violaria o limiar dos 3%.
Pedro Passos Coelho afirmara na semana passada que, quando passou a
pasta a António Costa, lhe dissera que, "se quiser ter um défice abaixo
de 3% isso está ao seu alcance, mas para o poder alcançar o senhor tem
de se empenhar nisso", numa referência à necessidade de exercer grande
controlo sobre a despesa do Estado.
"Draft" enviado para Bruxelas até ao fim do mês
As medidas adicionais que o Governo vai adoptar até ao final do ano
não vão ter impacto no Orçamento do Estado do próximo ano, afiançou
Mário Centeno. "Esta meta que agora nos propomos [3%] não tem, não traz,
nenhuma perturbação às medidas a incluir no Orçamento de 2016", afirmou
o governante. No Programa de Governo aprovado na semana passada no
parlamento, o novo executivo socialista previa já um défice de 3% do PIB
este ano e comprometia-se com a sua redução ao longo da legislatura:
para 2,8% em 2016, para 2,6% em 2017, para 1,9% em 2018 e para 1,5% em
2019.
O ministro assinalou que o "draft" do OE 2016, o documento com as
principais linhas orçamentais, será entregue "até final do ano" em
Bruxelas. Já as Grandes Opções do Plano serão entregues "na primeira
quinzena de Janeiro". O ministro não esclareceu a data em que o OE vai
ser entregue no Parlamento português.As Grandes Opções do Plano são
entregues apenas no Parlamento português.
A conferência de imprensa do Conselho de Ministros atrasou-se quase
uma hora. Mário Centeno atribuiu o atraso à "complexidade destas
questões e reflecte a necessidade de definir este procedimento de
elaboração da proposta do OE 2016, que vai ser feito nuns moldes
distintos dos habituais", e que enfrenta "o grau de impreparação que
encontramos sobre este documento na Administração Pública".
Sobre as previsões do Banco de Portugal e da Comissão Europeia, que
revêem em baixa o crescimento do PIB, Centeno sublinhou que elas
"confirmam o cenário base em que elaborámos o exercício de politicas
para 2016" e "revelam a necessidade de implementar um conjunto de
políticas que permita à economia obter níveis de crescimento"
significativos, rematou.
* Centeno vai tentar tentar colmatar a escandalosa aldrabice eleiçoeira do governo anterior, que tinha como lema "a incompetência do basqueiro ululante".
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