HOJE NO
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Grécia.
Acabou o tabu da saída do euro
para o país de Alexis Tsipras
O comissário Moscovici foi muito claro segundo o "Financial Times": o governo grego tem de escolher entre reformas e a falência
Primeiro
era Fevereiro. Depois passou para Março. Finalmente, seria no dia 24 de
Abril, na reunião informal do Eurogrupo em Riga. Já não é. Agora será
em Maio, em mais uma reunião dos ministros das Finanças da zona euro. Em
cima da mesa está a Grécia e, claro, a sua saída da moeda única. Depois
de meses de assobios para o ar e declarações solenes de amor eterno em
torno da moeda única, os responsáveis europeus deixaram a estranha
semântica europeia para falarem claro aos cidadãos que assistem, entre o
divertido e o preocupado, ao romance grego iniciado a 25 de Janeiro,
quando os gregos elegeram o Siryza anti--austeridade para o governo de
Atenas.
.
Desde então, muita tinta e muita palavra correram sob as pontes de
Atenas e Bruxelas. Desde então, muitas reformas foram anunciadas por
Varoufakis, enviadas para o Eurogrupo e atiradas para o lixo pelos
credores europeus e o FMI. Com tanta folha A4 gasta, com tantas horas de
reuniões intermináveis, com tantas queixas de falta de respostas sobre o
estado das finanças gregas, com a recusa terminante de Atenas em mexer
nas leis do trabalho, no sistema de pensões e no aumento do IVA, a
paciência europeia esgotou-se e agora é tempo de pensar no que será a
zona euro sem a Grécia.
Fazem-se contas em Berlim e Bruxelas, preparam-se planos em Frankfurt
e estudam-se planos de emergência em Washington. As conclusões começam a
ser conhecidas. Aos poucos, para não assustar os mercados e penalizar
os países mais frágeis da zona euro, como Portugal, que estão a sair em
esforço de anos de crise e austeridade violenta. Mas os mercados não se
deixam enganar e têm todos os sentidos bem atentos aos sinais que andam
pelo ar. Daí que os juros da dívida grega a dois anos tenham chegado aos
impensáveis 30%, a bolsa de Atenas caia a pique e os bancos vejam os
depósitos fugirem todos os dias. Daí também que, depois da bonança de
juros muito baixos, até negativos em alguns prazos, os juros da dívida
portuguesa comecem a subir ligeiramente.
O cenário é de saída, não de manutenção. Em análise começa a estar
apenas um plano para a Grécia: a saída da moeda única. Uma saída, a
primeira, de efeitos imprevisíveis. É evidente que os gregos vão sofrer e
muito com o regresso à dracma. Resta saber o que irão sofrer os outros
membros da zona euro, numa altura em que aparecem sinais ténues de
recuperação depois de sete anos de crise. Os gregos têm os cofres vazios
e precisam urgentemente de dinheiro. Só este ano precisam de 15 mil
milhões de euros para não entrarem em falência. Ainda não fecharam o
segundo resgate, que foi prolongado até Junho, têm 7,2 mil milhões à
espera e já se fala na necessidade de um terceiro resgate.
A realidade é
que os parceiros europeus e o FMI encurralaram o governo de Tsipras e
não lhe dão hipótese de fugir às suas responsabilidades. Ou faz as
reformas impostas pela zona euro e recebe o dinheiro de que precisa ou
vai para a falência e sai da zona euro. O prazo para uma decisão final
foi adiado para Maio por uma simples razão: Bruxelas e Frankfurt
precisam de mais tempo para criar o contrafogo necessário para combater o
incêndio grego. E como Atenas não sairá da União Europeia mesmo sem o
euro, é necessário encontrar os meios que evitem graves conflitos
sociais e mesmo uma perigosa turbulência política num país que pertence
também à NATO e tem uma posição geoestratégica decisiva para a defesa da
Europa.
Cenário de ficção
As
respostas de Atenas a toda esta crise têm sido menos arrogantes e
provocadoras que as que eram dadas por Tsipras e Varoufakis quando
chegaram ao poder. Pagaram a tranche de 450 milhões de euros que se
venceu este mês ao FMI, garantem que não vão pedir um adiamento do
pagamento ao mesmo FMI, em Maio, de uma nova tranche superior a 700
milhões e juram a pés juntos que estão empenhados em chegar a acordo com
o Eurogrupo. Mas como estão atados de pés e mãos aos compromissos
eleitorais, recusam mexer em áreas como o trabalho e as pensões - uma
recusa compreensível, mas que vai levar o país para uma situação que nem
o melhor ficcionista pode imaginar.
* O patético é que os países periféricos vêem-se gregos, TODOS"
.
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