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HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
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Combate à obesidade infantil
vai impor limites na publicidade
Há novas regras na promoção e divulgação de alimentos e bebidas dirigidas ao público infantil e juvenil.
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A restrição à publicidade a alimentos e bebidas com elevado teor de açúcar, gordura e sal junto do público infantil e juvenil vai ser uma realidade, quer na proximidade das escolas, quer na televisão e rádio. Objectivo: combater a obesidade infantil. O problema é real, mas será que a solução passa pelo controlo da publicidade?
A restrição à publicidade a alimentos e bebidas com elevado teor de açúcar, gordura e sal junto do público infantil e juvenil vai ser uma realidade, quer na proximidade das escolas, quer na televisão e rádio. Objectivo: combater a obesidade infantil. O problema é real, mas será que a solução passa pelo controlo da publicidade?
A
Associação Portuguesa de Anunciantes (APAN) reconhece a necessidade de
protecção das crianças face ao problema da obesidade infantil, mas
considera que a legislação coloca sobre a publicidade todo o ónus do
problema, “o que é inconcebível”. Para Manuela Botelho, secretária-geral
da APAN, “este é um problema educacional”, cuja resolução exigiria o
diálogo entre os grupos parlamentares, a indústria e outros
‘stakeholders’ ligados à temática da obesidade infantil. A responsável
adianta que estas restrições não terão grande impacto nas empresas
anunciantes de alimentos e bebidas, já que os “investimentos
publicitários em alimentos e bebidas (incluindo leite, água, manteiga,
bacalhau, peixe e outros) já só representam cerca de 10% do total do
investimento em publicidade”.
Jorge Ascensão, presidente da
Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), sublinha que as
alterações legislativas “são positivas, permitem alguma protecção das
crianças e jovens, mas não são por si só uma solução”. Na sua opinião,
deveria “haver uma aposta específica na formação, seja nas escolas com
as crianças, seja com as famílias, para que haja uma percepção dos
riscos e consequências de uma alimentação pouco saudável”.
Ausência de debate
Tanto
a Confap como a APAN não foram chamadas a debater esta matéria com os
grupos parlamentares. Para Jorge Ascensão, a Confap deveria “ser ouvida e
poder opinar em todas as matérias que têm a ver com o desenvolvimento
das crianças e jovens”. Já a APAN considera mesmo um “problema” que os
grupos parlamentares não se tenham “sentado com a indústria para saber
como podemos contribuir de forma mais eficaz para ajudar a resolver o
problema da obesidade”.
Certo é que a publicidade a refrigerantes
e a produtos alimentares com elevado teor de açúcar, gordura e sódio
não será permitida em intervalos até 30 minutos antes e depois da
emissão de programas infantis de televisão ou rádio, nem em programas
televisivos que tenham um mínimo de 20% de audiência de menores de 12
anos. Num raio de 500 metros junto às escolas também não será permitida
publicidade a estes produtos.
Para a APAN, a legislação aprovada
na passada sexta-feira vai mais longe “do que aquilo que é hoje
reconhecido pela Comissão Europeia como boas práticas”. Manuela Botelho
sublinha que as práticas internacionais apontam para audiências de 35% e
recorda que “o consumo de media nos últimos 10 anos mudou muito, com
85% dos lares em Portugal com televisão por cabo, o que permite que os
programas possam ser vistos a qualquer hora do dia”. Manuela Botelho
frisa ainda que “as empresas alimentares já não fazem publicidade nas
escolas”.
* Desde que o marketing descobriu que as crianças são óptimos receptores de produto, há que encharcá-las com toda a porcaria e os pais deixam.
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