.
.
HOJE NO
"O JORNAL ECONÓMICO"
APB lamenta lei que proíbe
cobrança de juros nos depósitos
Aquela possibilidade foi já afastada pelo Banco de Portugal.
A Associação Portuguesa de Bancos (APB) lamentou hoje que, “depois
das vicissitudes por que passou”, a banca portuguesa seja colocada “numa
situação ainda mais desfavorável” face às congéneres europeias ao ser
impedida de aplicar juros negativos nos grandes depósitos.
.
“Estamos
numa situação em que os bancos têm condições de exploração difíceis, em
que a margem financeira está completamente espremida e as comissões
estão sob pressão e em que temos novos custos de regulação, de
supervisão e de resolução, [além de] custos de reestruturação e de
investimento para a rede digital. É difícil de entender que se coloque a
banca portuguesa, depois das vicissitudes por que passou, numa situação
ainda mais desfavorável em relação aos seus congéneres europeus”,
afirmou o presidente da APB, Fernando Faria de Oliveira.
Em declarações aos jornalistas no Porto à margem de uma conferência
organizada pela UGT, Faria de Oliveira defendeu a existência de “um
verdadeiro ‘level playing field’ [patamar de igualdade]” para a banca da
zona euro, salientando que “foi por isso que a união bancária foi
criada”.
Em causa estão declarações feitas na semana passada, numa
conferência de imprensa em Lisboa, pelos presidentes do BCP, da Caixa
Geral de Depósitos (CGD) e do Novo Banco reclamando para a banca
portuguesa regras semelhantes às dos outros bancos europeus, que lhes
permitam começar a aplicar juros negativos nos depósitos dos grandes
clientes institucionais.
Aquela possibilidade foi já afastada pelo Banco de Portugal.
Contudo,
para a APB, “estas pretensões são perfeitamente justificáveis”, já que
Portugal é “o único país no âmbito da zona do euro onde se aplica uma
regra que impede a cobrança de juros negativos a depósitos”.
“É
algo que é perfeitamente compreensível no que diz respeito a depósitos
de particulares e de pequenas e médias empresas, mas que de facto tem
pouca justificação em relação a outras instituições financeiras, a
institucionais e a grandes empresas. De tal maneira que existem, neste
momento, várias situações em que grandes empresas multinacionais fazem
os seus depósitos na banca nacional para usufruir de uma vantagem que
não acontece noutros países”, sustentou Faria de Oliveira.
Para o
presidente da APB, seria “perfeitamente razoável que houvesse uma
interpretação da legislação no sentido de permitir que, com exceção dos
particulares e das pequenas e médias empresas, se pudessem cobrar os
juros negativos às outras instituições”.
“Mas, naturalmente, serão as autoridades que tomarão a decisão definitiva”, acrescentou.
Considerando
que a associação já apresentou “argumentos perfeitamente sólidos nesta
matéria”, Faria de Oliveira diz ter “naturalmente de respeitar as
posições dos decisores”, mas reitera que “isto coloca a banca portuguesa
numa desvantagem muito significativa em relação aos outros bancos
europeus”.
“O assunto está colocado, agora compete a quem decide que tome a sua posição”, concluiu.
Questionado
sobre esta matéria à margem da mesma conferência no Porto, o presidente
do conselho de administração do Millennium BCP, Nuno Amado, afirmou que
esta desigualdade de tratamento face à restante banca europeia deixa os
bancos portugueses numa “situação ainda mais difícil”.
“As nossas
regras deveriam ser semelhantes às regras de jogo dos países do euro. É
uma pena que não haja regras de jogo semelhantes para todos, sem entrar
nos particulares e nas PME”, considerou, sustentando que se trata de
“apelar ao bom senso” dos decisores.
Segundo Nuno Amado, na
impossibilidade de cobrar juros negativos aos grandes depósitos, resta
aos bancos portugueses tentar “compensar parcialmente os efeitos” desta
situação olhando para o respetivo modelo de negócio: por um lado,
tentando melhorar a qualidade da carteira de crédito, “com menos crédito
complicado e mais créditos ativos adequados”, e por outro lado, “com
uma otimização de processos e uma redução da base de custos”.
“Espero
que haja uma inflexão, porque não é bom para ninguém que entremos na
‘japonização’ da Europa e ter esta situação [de juros negativos] no
longo prazo. Espero sinceramente que a prazo isto seja alterado – o que é
bom sinal, de que a economia está melhor – mas nos próximos meses isso
não vai acontecer. Não sei qual é o prazo da política atual, mas era bom
para todos que se começasse a inverter a evolução das taxas de juro”,
rematou.
* Muitos portugueses estão compungidos e lamentam as agruras dos banqueiros, por isso sugerem o suicídio colectivo depois duma grande orgia numa das offshores para onde ejaculam lucros surripiados ao fisco.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário