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ESTA SEMANA NA
"VISÃO"
"VISÃO"
Na série "Três Mulheres", na RTP1,
contra o cinzentismo, marchar, marchar
Há pessoas que só por existirem mudam o mundo em que vivem. Foi o caso de Natália Correia, o de Vera Lagoa e o de Snu Abecassis, protagonistas da nova série histórica de Fernando Vendrell que estreia esta sexta, 26, na RTP1
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Portugal, 1961. A guerra começara em Angola. Em casa dos Abecassis
fala-se da partida para a frente de combate do filho de uma das
empregadas, e Snu, recém-chegada de vez da Suécia, questiona a versão
censurada da imprensa portuguesa. Os jornais não podem publicar o que
querem, também sabe de cor José Manuel Tengarrinha, que dali a uns dias
será detido no Diário Ilustrado. O jornalista tinha sido um dos
orquestradores de uma lista eleitoral oposicionista; a PIDE irrompeu com
violência na redação e não será nada meiga na sede da António Maria
Cardoso, para horror da sua mulher, Maria Armanda Falcão.
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Maria
Armanda ainda não era conhecida como Vera Lagoa, pseudónimo que
adotaria para assinar crónicas sociais. Em vez de bisbilhotices,
ocupava-se a ajudar presos políticos; já o fazia antes de conhecer
Tengarrinha na campanha de Humberto Delgado, onde ela e a sua amiga
Natália Correia trabalhavam como secretárias. E Snu também ainda não
fundara a editora Dom Quixote nem sonhava que Natália havia de lhe
apresentar Francisco Sá Carneiro.
Portugal 1961-1971. Fernando
Vendrell, o realizador da série Três Mulheres e coautor, com Elsa
Garcia, da ideia inicial, fez pontaria para uma década em que tanta
coisa aconteceu no País e nas vidas de Snu Abecassis, Vera Lagoa e
Natália Correia.
Três
mulheres “destemidas”, adjetivas, capazes de fazer frente ao
cinzentismo que imperava. Excelentes, por isso, para protagonizarem uma
série que ele quis que retratasse uma época. “O nosso país era uma
tristeza, e a existência destas pessoas, por si só, já mudava alguma
coisa”, acredita Fátima Ribeiro, uma das guionistas. “Bastava o facto de
elas se apresentarem com aquela atitude de ‘Nós não temos de andar de
cabeça baixa’. Ajudava o facto de serem as três lindíssimas.
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“A Natália e
a Maria Armanda faziam parar o Chiado”, conta Vendrell. “Eram das
mulheres mais bonitas e fora de série de Portugal, tinham um aspeto
muito solto para a época.” Snu tinha uma beleza mais serena e contida.
Cabe, agora, a Soraia Chaves, Maria João Bastos e Victoria Guerra
relembrarem que elas foram sobretudo três mulheres à frente do seu
tempo.
Três Mulheres; Estreia 26 out, sex 22h30; RTP1
* Assistimos ontem ao primeiro episódio e só podemos dizer fantástico e imperdível. O serviço público é isto, não existirem pruridos em relação à nossa história e dignificar no caso a coragem de 3 grandes mulheres.
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