Cavalheiros
acima da lei
A lei obriga – e muito bem! – os gestores de empresas com capitais públicos a entregarem no Tribunal Constitucional a declaração de rendimentos. A REN, monopolista das redes de gás e de electricidade, integra na sua estrutura accionista vários grupos privados. Ainda assim, mais de metade do capital (51,1 por cento) ainda é do Estado.
Todos os administradores, até os nomeados em representação dos privados, estão obrigados a entregar a declaração de rendimentos – mas uns tantos cavalheiros, gente distinta, têm o descaramento de se julgar acima da lei: acham que ninguém tem nada que saber quanto é que ganham – e recusam-se a entregar a declaração que o Tribunal Constitucional lhes exige.
Os nomes de dois destes senhores, Filipe de Botton e Manuel Champalimaud, são do mais fino que há na selecta Quinta da Marinha. Outro, Gonçalo Oliveira, é de mais plebeia origem – mas já pertence por direito próprio à velha aristocracia financeira. O quarto é espanhol, Atienza Sierna, que devia saber respeitar os usos e costumes de quem tão generosamente o acolhe e o alimenta.
A nenhum deles, enfim, ficaria mal que cumprissem com o que manda a lei. Mas estes senhores têm um problema que, muito provavelmente, lhes vem do berço: evitam sentar-se à mesa com quem lhes paga – que somos todos nós.
SUBDIRECTOR
IN "CORREIO DA MANHÃ"
11/03/11
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