HOJE NO
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Juiz brasileiro trava tentativa de trazer
. processo para Portugal
O magistrado Ricardo Pinheiro afirma que
transferência do processo para Portugal, como pediu o MP, punha em causa
produção de prova
A procuradora brasileira que desde há alguns
meses ficou com o processo de Duarte Lima nas mãos sugeriu nos últimos
dias que o julgamento fosse transferido para Portugal, justificando que
caso aconteça no Brasil - e termine com uma condenação - o ex-deputado
do PSD nunca poderá ser extraditado para aquele país.
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Mas o juiz Ricardo
Pinheiro de Saquarema indeferiu o pedido. O magistrado considera que a
deslocação do processo relativo ao assassinato de Rosalina Ribeiro -
companheira do milionário Lúcio Tomé Feteira - de um país para o outro
poderia comprometer um desfecho justo para este caso.
“Conforme se extrai da análise detida dos autos, toda a investigação
foi conduzida pela autoridade policial [brasileira], com a instrução
processual tendo seu curso normal, com a oitiva [audição] de testemunhas
tanto em sede policial, quanto em Juízo, inclusive com a oitiva do réu,
a qual ocorreu por carta rogatória”, explica Ricardo Pinheiro,
concluindo que entende, por isso, “inexistir razão para a adoção de tal
procedimento”.
O magistrado da comarca de Saquarema vai ainda mais longe e refere
que, apesar de o “Ministério Público não [explicitar] o procedimento
previsto na legislação portuguesa para os crimes de homicídio”, se este
for semelhante ao da legislação brasileira “haveria grande dificuldade
para que a prova fosse produzida” pelos tribunais portugueses. O que,
afirma o juiz, afetaria “sensivelmente o julgamento”.
Fontes judiciais explicaram ontem ao i que este pedido feito pela
procuradora não é uma situação comum no Brasil e que a impossibilidade
de extradição do arguido - em caso de condenação - não é, como
considerou o juiz Ricardo Pinheiro, razão que fundamente a transferência
de um processo como este para um outro país, sobretudo, na véspera de
ser iniciado o julgamento.
Julgamento está para breve
Segundo fontes do
tribunal de Saquarema, o julgamento de Domingos Duarte Lima deverá ter
início ainda este ano. Neste momento está quase tudo preparado e apenas
questões formais, como a que agora foi levantada pelo Ministério
Público, poderão atrasar a data de início, que segundo o tribunal
poderia ser marcada para março - como avançou em dezembro o “SOL”.
O magistrado de Saquarema já havia decidido, em maio deste ano, que o
ex-deputado do PSD iria a julgamento, mas a marcação de data da
primeira sessão e o pedido da lista de testemunhas estavam dependentes
da resposta de Portugal à última carta rogatória enviada pelo Brasil - e
em que se pedia que o réu fosse intimado do julgamento.
Em dezembro, a Procuradoria-Geral da República do Brasil revelou
àquele semanário que “o processo [estava] na fase do artigo 422.º do
Código de Processo Penal brasileiro, ou seja, apresentação de
testemunhas que irão depor em plenário».
Entretanto o i sabe que já foi entregue a lista de testemunhas que a defesa quer que estejam presentes no tribunal de júri.
O crime e o despacho de pronúncia
O crime aconteceu a
7 de dezembro 2009, a cem quilómetros do Rio de Janeiro. Desde
praticamente o início da investigação que Duarte Lima foi um dos
principais suspeitos. A acusação foi formalmente deduzida em 2011. O
processo, contudo, tem sofrido diversos atrasos sobretudo pelo tempo que
demoram os pedidos de cooperação internacionais.
Em maio, o Tribunal de Saquarema considerou que “quanto à autoria,
finda a instrução da prova, ouvidas as testemunhas de acusação, restaram
evidenciados indícios de autoria e delitiva por parte do réu”.
No despacho de pronúncia podia ler-se ainda: “A materialidade do
crime restou demonstrada pelo Auto de Exame Cadavérico, pelo laudo de
encontro de cadáver e pelas fotografias de exame de local do crime”.
Como se trata de um crime doloso, a lei daquele país determina que o
julgamento terá de ser feito por um conjunto de jurados, o chamado
tribunal de júri.
Duarte Lima viu negados no Brasil vários recursos e habeas corpus em
várias instâncias, mas mantém até hoje duras críticas à investigação e
às autoridades judiciárias do país.
* Nunca gostámos deste homem e não nos admiramos que tenha cometido o homicídio, só que ele tem direito a julgamento e não a suspeita eterna, julguem-no sff.
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