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HOJE NO
"OBSERVADOR"
"OBSERVADOR"
Carlos César:
“O Bloco não manda no país”
Presidente da bancada do PS arranca as jornadas parlamentares do partido com um ataque ao Bloco de Esquerda que veio acusar os socialistas de recuo nas taxas moderadoras.
O líder parlamentar do PS considera que o faseamento
do fim das taxas moderadoras é ter “sentido de responsabilidade” e
acusa o Bloco de Esquerda de ter um “estilo de aventura e de que tudo é
fácil”. Carlos César começou esta segunda-feira as Jornadas
Parlamentares do PS, as últimas da legislatura, no distrito de Viseu e
com um ataque ao parceiro de governação nestes três anos e meio que,
durante o fim-de-semana, acusou o PS de recuar na questão do fim das
taxas moderadora, ao vir agora dizer que vai propor que seja feito de
forma gradual e não imediata.
“O PS é um partido que atua com sentido de responsabilidade
e com conta peso e medida nas opções que vai tomando. Se fossemos
sempre atrás do estilo de aventura e de que tudo é fácil, de que tudo é
barato e que tudo pode ser feito — que o BE em especial, mas que alguns
dos nossos parceiros alimentam frequentemente –, tínhamos um país com
uma mão à frente e outra atrás de novo e voltávamos ao tempo da
bancarrota”. Carlos César avisou mesmo, em declarações aos jornalistas à
margem de uma visita a uma empresa em São Pedro do Sul, que “o Bloco de Esquerda não manda na Assembleia da República, nem manda no país.
O que foi aprovado foi uma legislação tendente a acabar com as taxas
moderadoras e aquilo que o PS disse no debate parlamentar é um princípio
aceitável, mas que tem de ser feito com gradualidade”, garantiu. E atirou mesmo a Catarina Martins ao dizer não aceitar “acusações de o PS recuar em matérias como esta”.
Há uma semana, o Parlamento aprovou o fim da cobrança de taxas
moderadoras nos centros de saúde, com o projeto do BE a ser aprovado na
generalidade (a primeira votação do processo parlamentar) com os votos a
favor de PS, PSD, Bloco de Esquerda, PCP, PEV e PAN e os votos contra do CDS. Mas entretanto o Governo veio travar que isso aconteça de imediato, ou seja, já em 2020. A ministra da Saúde fala em “faseamento” como “a única forma para fazer a redução daquilo que neste momento é o valor das taxas moderadoras”.
Marta Temido justificou a posição com o valor que representa: “160,
170, 180 milhões de euros (…) evidentemente que retirar este valor que,
sendo de taxas moderadoras, é uma receita para o sistema, exige que o
façamos por passos progressivos, estudados, para perceber de que forma é
que a procura de cuidados de saúde reage, e que encontremos
alternativas para repor estes 160 ou 170 milhões de euros”.
Carlos
César, no arranque das jornadas parlamentares que terça-feira contarão
com a presença do líder António Costa, reforçou que a prioridade do PS é
de “recuperação social, do apoio às famílias, de ativação da economia,
mas tudo suportado numa política de finanças saudável”. O presidente do
grupo parlamentar socialista disse que depois da votação na
generalidade, o projeto do BE “agora baixa à especialidade e nas
comissões verificamos que intensidade no tempo deve ser dada a essa
medida. O que vai resultar do debate é a maioria que for conseguida para
esse efeito”. César considera que ainda há tempo para fazer tudo isto nesta legislatura que termina no próximo mês.
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O
Bloco de Esquerda reagiu de imediato no Twitter. O líder do grupo
parlamentar dos bloquistas, Pedro Filipe Soares, utilizou a sua conta no
Twitter para lembrar que “a única condição concreta apresentada pelo PS
no debate parlamentar sobre as taxas moderadoras foi relativa à lei
travão, que obrigaria a medida a entrar em vigor em 2020“. E acrescenta, apontando o dedo a Maria António Almeida Santos: “Foi a porta voz do PS que a indicou“.
A líder do partido partilhou também no seu perfil do Twitter esta
publicação. Espera-se, no entanto, que Catarina Martins fale de viva voz
aos jornalistas durante uma visita à estação de metro do Marquês de
Pombal, em Lisboa, que contará com a presença da Comissão de
Trabalhadores do Metro.
“Existem boas condições” para aprovar lei de bases com o apoio “quer do PSD quer do PCP, PEV e BE”
Questionado sobre as negociações para a aprovação da lei de bases da Saúde,
o socialista afirmou que o PS “não está numa negociação com o PSD, mas
aberta a todos os partidos”, embora confirme que falou com o PSD e que
este “mostrou intenção de recolocar algumas questões em relação à lei de
bases da saúde”. Nesta matéria, Carlos César já considera que houve “um
trabalho muito sério desenvolvido pelos vários partidos, todos têm
bases e propostas aprovadas que constam do texto atual. Acho que existem
boas condições para quer o PSD, quer o PCP, quer o PEV, quer o BE
votarem favoravelmente esta lei com a qual nos sentimos muito
confortáveis”.
Já confrontado com a eventual incoerência de vir a
aprovar esta lei com a direita, César afirmou que “o que é coerente para
o PS é a questão material. É importante para o PS aprovar uma boa lei,
que afirme a prioridade da responsabilidade pública na gestão do serviço
de saúde, que afirme a prioridade do Estado e das suas
responsabilidades na prestação de cuidados e só supletivamente o setor
privado e social darem também essa contribuição. A coerência não é com quem aprovamos mas o que aprovamos”, rematou.
* O sr. deputado Carlos César está a perder a memória, lamentável. Esquece-se que a última vez que tívemos um país com
uma mão à frente e outra atrás foi exactamente quando José Sócrates era primeiro-ministro e militante dum partido que actua com responsabilidade e de quem Carlos César era um leal apaniguado.
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