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IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
09/01/20
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Sexo e futebol
O Brasil
está a implementar políticas para estimular os jovens a deixarem de
fazer sexo, mas, se pensarmos bem, usar a abstinência como estímulo é um
conceito estapafúrdio. Seria como proibir a bola para melhorar o
futebol.
Os políticos na sua
vertigem mediática acabam sempre por ter atitudes que são contrárias ao
bom senso. Mas a medida de Damares Regina Alves, a ministra Brasileira
da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos é uma delas. Não tem nenhum
aspeto positivo, não melhora a vida do povo, não aumenta a popularidade
dos políticos e é contra a natureza tropical.
Para
defender isto, a ministra citou "estudos científicos" que definem a
espera como alternativa para iniciação da vida sexual em alternativa aos
demais métodos de prevenção, mas aparentemente esses estudos fazem
parte da propaganda do Partido Republicano dos EUA, e a única evidência
científica é a necessidade que Trump tem de conquistar o voto dos
fanáticos religiosos americanos.
Um
estudo científico independente elaborado pela Society for Adolescent
Health and Medicine prova exatamente o contrário. Que os EUA, onde estas
políticas são comuns, são também os líderes do ranking de gravidezes
precoces e doenças sexualmente transmissíveis.
Acrescentar
a moral religiosa à ignorância popular é uma arma política muito
utilizada, porque infelizmente é muito eficaz. Proibir comportamentos
por decreto, com base em dogmas religiosos, é uma tentação tão fácil
quanto perigosa. Fácil, porque produz o efeito imediato desejado:
normalizar a sociedade em torno de um aparente bem comum. Perigosa,
porque tem um contra-efeito devastador - ensina a toda a sociedade a
mentir.
*ESPECIALISTA EM MEDIA INTELLIGENCE
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
09/01/20
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