02/11/2020

FILIPA NAMORA

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A Lei da Manada

 Se muitas pessoas partilharem uma ideia, outras tendem a segui-la. É semelhante à escolha de um restaurante. Quando não há nenhuma informação e passa por um e esse está vazio e logo ao lado tem outro com quatro casais, intuitivamente, a tendência vai ser escolher o que maior ocupação tem. Na verdade, o resultado desta escolha surge, porque acredita que se os outros o fizeram, deve haver alguma razão para isso

Este conceito no fundo, faz referencia à vida animal em que estes se juntam para se proteger ou fugir de um predador. Este comportamento pode-se associar aos seres humanos, ao seguirem determinados estereótipos ou seguirem um influenciador, ou um determinado grupo de pessoas, sem que o resultado do projeto seja necessariamente fruto de uma reflexão individual.

Se muitas pessoas partilharem uma ideia, outras tendem a segui-la. É semelhante à escolha de um restaurante. Quando não há nenhuma informação e passa por um e esse está vazio e logo ao lado tem outro com quatro casais, intuitivamente, a tendência vai ser escolher o que maior ocupação tem. Na verdade, o resultado desta escolha surge, porque acredita que se os outros o fizeram, deve haver alguma razão para isso.

Muitos investigadores afirmam que este facto pode estar ligado, entre outros, à falta de escolaridade e/ou cultura, onde uma opinião apodera-se, facilmente de várias mentes.

Em suma, é importante termos referências e seguirmos tendências, mas é essencial sermos autênticos e criativos, afinal, e na boa das verdades, é para isso que nos pagam. Aquilo a que cada vez mais vou assistindo em vários trabalhos são imitações, quer de conceitos, quer de elementos, e, nessa altura, eu questiono: onde anda a autenticidade do criativo? Onde anda a sua personalidade? É que eu sou daquelas que acredito que um projeto diz muito de nós, da nossa personalidade e da forma como abordamos a vida. As tonalidades ou cores que seleciono para um projeto são não só fruto de uma clara intenção, como também é o resultado do que a mim me faz sentir bem e acredito ser o melhor para cada caso.

Este efeito manada, transporto mais uma vez para o plano criativo, traz também ao de cima a falta de valores e de ética, em que, insistentemente, não se respeita o trabalho dos outros e todos tentam subir, passando por cima de quem quer que seja. Não se olham aos meios para atingir os fins, e aqui entramos no campo, bem visível, do que esta sociedade se está a transformar em todos os níveis e áreas.

Fujam! Sejam diferentes! Sejam únicos! E assim se libertarão “ da lei da morte” (Luis Vaz de Camões), ou seja, imortais.

* Arquitecta

 IN "VISÃO" -30/10/20

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