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IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
12/01/19
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Política ou politiquice
Os 18
minutos em que Luís Montenegro se apresenta para combate no PSD foram
cuidadosamente construídos para empolgar e fazer valer argumentos.
É
certo que todos facilmente rebatíveis: sondagens sem idas a voto são
meras perceções e é difícil alegar que se pretende unir um partido
cavando ainda mais o fosso que o divide, em vésperas de eleições.
Em
política, as justificações valem o que valem. Não é fácil encontrar
outro detonador para a decisão de Montenegro que não seja a luta para
formar as listas à Assembleia da República, esse momento em que a
corrida a um lugar torna mais evidentes os interesses e disputas dentro
de todos os partidos. Por isso cada um ouve o que quer nas palavras de
Montenegro, nos dedos apontados às (mais do que evidentes) falhas de Rui
Rio, nas preocupações com o interesse do país e com a lealdade da sua
intervenção.
Nesta disputa por poder, o
PSD está entalado entre um presidente que não soube ouvir os seus nem
falar para as pessoas e um candidato a líder que parece pouco
interessado em medir o prejuízo que esta divisão pode causar ao partido.
Entre os que rejubilam com a perspetiva de mudar e os que, mesmo
criticando o desastre do último ano e a falta de oposição a Costa,
consideram o timing do ataque desajustado. A fratura está para durar.
Perde
o PSD, claro. Mas perde igualmente o país, porque numa coisa Montenegro
tem razão. O país precisa de uma oposição como deve ser, quando o
Governo já vai embalado a fazer campanha. E precisa, mais ainda, de vida
política e de mobilização para além dos partidos, máquinas sedentas de
poder em que o sentido de causa pública conta muito pouco. É nestas
alturas que sentimos que a política, como ação atuante de cada um em
função de todos, está muito distante daquilo que diariamente se joga em
seu nome. Podemos sempre rir perante os golpes palacianos e as novelas
de corredor. Mas talvez o assunto seja demasiado sério para isso.
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
12/01/19
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