Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
26/02/2017
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Deepika Kurup
A busca por água potável
Deepika Kurup está determinada a resolver a crise global de água desde que tinha 14 anos, depois de ver crianças perto da casa de seus avós na Índia bebendo água que parecia suja demais até para ser tocada. Sua pesquisa começou na cozinha de sua família e por fim a levou a um prêmio importante de ciências.
Ouça como esta cientista adolescente desenvolveu uma maneira econômica e ecologicamente sustentável de purificar água.
.JOSÉ MORGADO
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* Doutorado em Estudos da Criança. Professor no Departamento de Psicologia da Educação do ISPA - Instituto Universitário. Membro do Centro de Investigação em Educação do ISPA - Instituto Universitário. Colaborador e consultor regular de Programas de Formação de Professores e de Projectos de Investigação e Intervenção. Colaborador regular em Programas de Orientação Educativa para Pais. Autor de diversas publicações nas áreas da qualidade e educação inclusiva, diferenciação pedagógica, etc.
IN "VISÃO"
24/02/17
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O manual de instruções
As crianças continuam a ser “fornecidas” aos pais sem virem acompanhadas de um manual de instruções de preferência em várias línguas
Um
dia destes, um bom amigo cá de casa entusiasmado com a ideia de em
breve integrar a comunidade dos avós e sabendo da minha ligação ao
universo dos miúdos pedia, meio a brincar meio a sério, que lhe
sugerisse alguma leitura. Também meio a brincar, meio a sério achei que
uma boa e primeira opção seria ele estar disponível para ler atentamente
e para compreender os gaiatos. Na maioria das situações é suficiente
estar atento para os compreender. Eles também nos compreendem e a
estrada faz-se com não mais do que os sobressaltos que todas as estradas
apresentam.
Fiquei no entanto a pensar na solicitação do meu amigo e na frequência crescente com que estes pedidos surgem.
É
verdade que, contrariamente ao que acontece com todos os bens até por
imposição comunitária, as crianças continuam a ser “fornecidas” aos pais
sem virem acompanhadas de um manual de instruções de preferência em
várias línguas.
Algum excesso nos
discursos sobre a "instrução" e "educação" e as questões novas que as
mudanças nos valores e nos estilos de vida colocam, levam a que os pais
sintam algumas dificuldades no seu trabalho de pais e a que muitos
técnicos entendam providenciar um "manual de instruções" que promoverá a
educação perfeita da criança perfeita.
Nos
últimos anos tem-se verificado um aumento exponencial na publicação
destes "manuais". Existem para todos os gostos, para todas as idades e
escritos sob as mais variadas perspectivas. Tenho lido muitos, alguns
parecem-me interessantes e uma eventual ajuda para alguns pais e para
algumas questões, outros, devo confessar, deixam-me alguma inquietação,
não passam de um enunciado de "orientações prescritivas" longe das
circunstâncias de vida em que muitas famílias se movem.
Para
além das ajudas que os pais possam encontrar nestes "manuais de
instruções" creio ser importante sublinhar que, felizmente para todos
nós a começar pelas crianças, os pais são, de uma forma geral,
intuitivamente competentes. Mais "asneira", menos "asneira", mais uma
"festinha", menos um "ralhete" e o caminho cumpre-se sem grandes
problemas. Um discurso social excessivo em torno da "psicologização" ou
induzindo a ideia de que só indo a uma "escola de pais" e lendo vários
"manuais de instruções" poderemos ser bons pais, pode ser mais fonte de
inquietação que de ajuda.
Parece-me
sobretudo importante que os pais falem entre si sobre as suas
experiências, sem receio de que os julguem maus pais. Importa ainda que
na relação com os técnicos ligados à educação as conversas não incidam
quase que exclusivamente sobre "se está bem ou mal na escola", mas que
se abordem as questões educativas também no contexto familiar de forma
aberta e serena. Os "manuais de instruções" não são a solução, são, alguns, apenas mais uma ajuda.
Pais
atentos, pais confiantes, são pais que educam sem especiais problemas.
Paradoxalmente, alguns "manuais" e alguns discursos "científicos" podem
aumentar a insegurança e a ansiedade de alguns pais.
* Doutorado em Estudos da Criança. Professor no Departamento de Psicologia da Educação do ISPA - Instituto Universitário. Membro do Centro de Investigação em Educação do ISPA - Instituto Universitário. Colaborador e consultor regular de Programas de Formação de Professores e de Projectos de Investigação e Intervenção. Colaborador regular em Programas de Orientação Educativa para Pais. Autor de diversas publicações nas áreas da qualidade e educação inclusiva, diferenciação pedagógica, etc.
IN "VISÃO"
24/02/17
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* Viagem extraordinária pelos tesouros da História de Portugal superiormente apresentados por Paula Moura Pinheiro.
Mais uma notável produção da RTP
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XIX-VISITA GUIADA
Paço Ducal de Vila Viçosa/1
ÉVORA - PORTUGAL
* Viagem extraordinária pelos tesouros da História de Portugal superiormente apresentados por Paula Moura Pinheiro.
Mais uma notável produção da RTP
*
As nossas séries por episódios são editadas no mesmo dia da semana à
mesma hora, assim torna-se fácil se quiser visionar episódios
anteriores.
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HOJE NA
"VISÃO"
"Quem defende que as crianças têm de trabalhar mais, depois de um dia inteiro na escola, esqueceu-se do que é ser criança"
Entrevista a Cesar Bona, professor espanhol, eleito um dos 50 melhores do mundo
Saltou para a ribalta ao ser considerado
um dos 50 melhores do mundo pelo Global Teacher Prize, uma espécie de
prémio Nobel da Educação. Aos 45 anos, o espanhol Cesar Bona quer avisar
o mundo que ser professor é um privilégio. Afinal, se uma pessoa tiver
paixão pelo que faz, mais facilmente imprime esse gosto nos outros.
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Em Portugal para promover o seu mais recente livro A Nova Educação, este maestro, que em castelhano designa o professor dos primeiros anos de escolaridade, assume que, além de ensinar, a escola também existe para educar os adultos de amanhã, para os estimular a querer viver num mundo melhor.
"O importante é promover a cooperação, educar por empatia", salienta. Oriundo de uma pequena aldeia perto de Zaragoza, filho de um carpinteiro e de uma dona de casa, o professor que sabe de onde vem, e para onde vai, diz que foi o destino que o pôs neste papel: "Quando era mais novo queria ser futebolista."
Porque diz que ser professor é um privilégio?
Todos os dias são um desafio e também uma grande responsabilidade. É um privilégio porque podemos convidar as crianças a olhar para o mundo à sua volta e a tentar melhorá-lo. Para mim, ser professor não é só abrir um recipiente e enchê-lo de conhecimento. É a possibilidade de estimular a ser melhor e a querer mudar o que o rodeia. É também uma grande responsabilidade porque essa marca fica para sempre sobretudo quando se é o professor referência, o primeiro contacto com a escola e a aprendizagem. E se aqueles alunos se vão lembrar de mim para toda a vida, quero que seja uma lembrança positiva.
É o mesmo lema do Homem-Aranha: "Com um grande poder vem uma grande responsabilidade."
É por aí, exatamente. O professor tem esse poder imenso nas mãos: imprimir a melhor mensagem possível em milhares de crianças que lhe passam pela frente.
O que valoriza mais na sala de aula: que aprendam, que fiquem curiosos e queiram saber mais, que sejam pessoas bem formadas?
Há de facto muita coisa que hoje recai sobre a escola. Mas o desafio é esse: ensinar-lhes o que precisam, estimular-lhes a curiosidade para gostarem de aprender e irem à procura de mais conhecimentos, e ainda formar boas pessoas, gente que trate bem os outros, que respeite o meio ambiente, que tenha responsabilidade social.
Ter paixão pelo que faz é meio caminho andado?
Paixão e esperança. Se convives com quem está cheio de esperança na sua essência, porque as crianças são os adultos de amanhã, são ambas imprescindíveis. À mistura com a curiosidade e a criatividade, as possibilidades que se apresentam a um professor para provocar alterações nas vidas dos seus alunos são imensas. Temos de ensinar muitas coisas, mas temos de ser um abre-portas, para que todos tirem a curiosidade da caixinha e a ponham ao seu serviço, para que seja o motor do seu dia a dia. Uma criança que gosta de aprender vai fazê-lo a vida toda. Estimulando a curiosidade das crianças, alimenta-se ainda a criatividade, muito importante para resolver problemas e encontrar caminhos novos quando já ninguém sabe o que fazer. Porque lhes permite ver as coisas de outra maneira.
Parece então que subestimamos constantemente as crianças...
Sim, em todos os sentidos. Eles têm imensas coisas que podem partilhar connosco e não valorizamos. A nível social, isso também acontece. Faz falta perguntar às crianças como mudavam um parque, que alterações gostariam de ver no bairro onde vivem, o que gostariam que acontecesse para melhorar a vida dos outros. Quando uma pessoa arrisca fazê-lo, os resultados são sempre surpreendentes.
Regra número um: nunca esquecer a criança que há em nós. É isso?
Nunca. Nas crianças está toda essa maleabilidade, esse olhar sem preconceito, sem ideias feitas. Isso permite compreendê-las melhor e ajudá-las no seu percurso. Ao colocarmo-nos ao seu nível, olhos nos olhos, tudo fica mais fácil.
No livro A Nova Educação, alinham-se ideias como "Não faço nada de extraordinário, apenas me divirto na sala de aula" ou ainda "Sou professor mas não sei tudo. Vocês também podem ensinar-me". Como é que se faz isso ?
Quando me divirto, desfruto. E isso é muito importante porque à minha frente estão pessoas que, durante toda a infância e adolescência, não podem mudar de vida, como um adulto faria. Estão ali e têm de ali estar, na escola, na sala de aula, diante do professor. Daí a grande responsabilidade: conseguir que tenham ganas de voltar no dia seguinte. Todos os dias, aqueles miúdos são obrigados a estar sentados durante seis horas, apenas a escutar e a repetir, e isso é aborrecido para qualquer um. Para um adulto também, não?
Imagino que o desafio seja maior por vivermos numa zona do globo mais envelhecida e onde as crianças são cada vez mais raras e crescem superprotegidas...
É importante não cair nesse equívoco: nem sempre tudo corre bem e é importante ensiná-las a lidar com a frustração. É assim que se estimula a resiliência na circunstância em que você é diferente de mim, e temos todos de aprender a respeitar essas diferenças.
Como se educa para a cooperação e não para a competitividade se vivemos num mundo cada vez mais competitivo?
Daí a sua premência. Porque uma das maravilhas da escola é que ela pode mudar a sociedade. Se acreditamos que é a chave para mudar o mundo, então temos de educar para a cooperação. A escola é o lugar ideal para promover o que queremos para o mundo em que vivemos.
Muitas famílias mudam os seus hábitos e a suas rotinas por força das aprendizagens que os filhos trazem da escola: alteram o que compram, passam a fazer reciclagem... Imagine--se isso replicado por milhares de casas, em todo o mundo. É um poder extraordinário à nossa disposição.
A crise perturba esse processo? A escassez torna-nos mais competitivos?
Depende. Temos vivido em crise nos últimos anos, mas isso não nos tornou menos sensíveis, por exemplo, à questão dos refugiados. As crianças, e as escolas, têm promovido os valores da solidariedade com quem tem menos insistindo que juntos somos todos mais fortes. Claro que tanto podemos instigar uma criança a ter uma nota melhor do que a do companheiro como podemos estimulá-la a ajudar o outro para os dois terem notas melhores. Depende do que queremos.
E os pais, preocupados com o sucesso do seu filho, não perturbam esse processo?
Às vezes penso que temos de nos reeducar todos. Claro que cada pai quer o melhor para o seu filho. Mas às vezes o melhor para um filho é dar um passo atrás para ajudar o colega do lado e depois seguirem os dois em frente. Melhoramos a sociedade sempre que ajudamos um companheiro. E é uma maneira maravilhosa de aprender: aquele que ajuda o outro sente-se depois tão bem, tão orgulhoso, que nunca mais esquece o que se tratou ali. É disso que se trata: somos seres sociais, não podemos continuar a ensinar como se fossemos indivíduos que vivem isolados.
Ainda ouvimos muitas vezes que a escola ensina, a casa é que educa. O que pensa sobre isto?
Temos de apagar isso do discurso da educação. A casa e a escola são parceiros num projeto educativo. Há um ditado africano que diz que é preciso toda uma aldeia para educar uma criança e a escola é o melhor lugar para ajudar os pais a educarem os seus filhos. A aula funciona como uma espécie de micro sociedade. Se queremos mudar a sociedade, então devemos promover também essas alterações na sala de aula.
Recentemente, cresceram as críticas a uma instituição que está igual ao que era há 150 anos. Porque é que a Escola resiste tanto à mudança?
É uma forma de nos sentirmos mais tranquilos. Queremos educar os nossos filhos como fomos educados, esquecendo todas as transformações que o mundo conheceu. Há ainda um outro fenómeno: aplaudimos os exemplos de fora, mas não aceitamos mudanças cá dentro: por exemplo, a escola finlandesa anunciou que acabou com as paredes e todos aplaudem. Se eu, aqui, quiser derrubar um muro que seja, já me acusam de estar a querer fazer uma revolução. As escolas estão organizadas como fábricas, como locais de trabalho. Penso que quem desenha escolas devia saber tanto de arquitetura como de crianças. O meu objetivo é que, ao fim do dia, quando vão para casa, todos reflitam sobre o que aprenderam e como vão utilizar essa aprendizagem.
E tem sempre autonomia para fazer isso?
Nem sempre e não é fácil. Mas os professores têm estado muito à defesa. Optam demasiadas vezes por fechar a porta da sala, proclamando que a aula é deles e portanto fazem como querem. Defendo o contrário: deixar a porta aberta. Prefiro sempre partilhar o que faço. É neste processo que descobrimos que não somos ilhas e não estamos sozinhos na difícil tarefa de educar os outros.
Polémicas de Portugal que se repetem em Espanha. Como vê a questão dos TPC?
Quem defende que as crianças têm de trabalhar mais, depois de um dia inteiro na escola, esqueceu-se do que é ser criança e como, quando era mais pequeno, gostava de aprender mas também de estar com a família e de brincar. Eu gostava de ir ao parque e ao rio. Hoje, há milhares de crianças a fazer deveres horas a fio, depois da escola, até à hora do jantar. E não têm culpa que os currículos escolares sejam tão compridos. Todos os dias, segunda, terça, quarta, quinta, sexta. Quem é que, depois disto, tem vontade voltar de ir para a escola no dia seguinte e aprender? Os TPC são uma prática ultrapassada.
Mas esteve contra a greve aos TPC, que os pais promoveram em Espanha?
Sim, porque uma greve implica estar contra alguma coisa. No caso, opõe pais a professores, e eu acredito que esse caminho deve fazer-se antes pelo diálogo. Devemos pensar como chegar a um acordo, tendo em conta que no centro está a criança e temos de pensar é no que é melhor para ela. Sabemos que a força dos TPC e da obsessão dos resultados escolares assenta também no impacto que têm na elaboração de rankings de escolas... Vemos o que está a acontecer com o PISA: Parece uma competição desportiva. Ah, Espanha ficou em quinto lugar, ah, Portugal está à frente. E o quê? O que quer isso dizer? Qual o impacto disso? E tem muita importância para quem? Para os governos. Sei que Portugal melhorou mas Espanha está na mesma, em 15 anos a avaliar as competências matemáticas, científicas e domínio da língua materna. Então e a respeitarnos uns aos outros? E a ter consciência ambiental? E ser tolerante com o diferente?
E é possível manter essa aposta numa educação diferente mesmo com as piores turmas?
Sobretudo bom, e não dividiria as turmas em piores ou melhores. Há turmas menos fáceis, geralmente constituídas por crianças que têm milhares de razões para estarem tão descontentes, tão revoltadas. Primeiro, temos de tentar saber o que passam, nas horas em que não estão ali, e temos de ver isso como um investimento. Para lhes ganhar a confiança, o respeito e depois arrancar a alta velocidade para as outras aprendizagens.
Soa a provocação...
E é, um bocadinho. Mas a verdade é que todos temos algo para oferecer. Se nos focarmos no mal, só vemos o mal. Se desviarmos a atenção para o bom, então esse valor vem ao de cima. Estimula a sua autoestima e isso pode fazer maravilhas no futuro.
* Aprende-se muito com quem sabe.
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Em Portugal para promover o seu mais recente livro A Nova Educação, este maestro, que em castelhano designa o professor dos primeiros anos de escolaridade, assume que, além de ensinar, a escola também existe para educar os adultos de amanhã, para os estimular a querer viver num mundo melhor.
"O importante é promover a cooperação, educar por empatia", salienta. Oriundo de uma pequena aldeia perto de Zaragoza, filho de um carpinteiro e de uma dona de casa, o professor que sabe de onde vem, e para onde vai, diz que foi o destino que o pôs neste papel: "Quando era mais novo queria ser futebolista."
Porque diz que ser professor é um privilégio?
Todos os dias são um desafio e também uma grande responsabilidade. É um privilégio porque podemos convidar as crianças a olhar para o mundo à sua volta e a tentar melhorá-lo. Para mim, ser professor não é só abrir um recipiente e enchê-lo de conhecimento. É a possibilidade de estimular a ser melhor e a querer mudar o que o rodeia. É também uma grande responsabilidade porque essa marca fica para sempre sobretudo quando se é o professor referência, o primeiro contacto com a escola e a aprendizagem. E se aqueles alunos se vão lembrar de mim para toda a vida, quero que seja uma lembrança positiva.
É o mesmo lema do Homem-Aranha: "Com um grande poder vem uma grande responsabilidade."
É por aí, exatamente. O professor tem esse poder imenso nas mãos: imprimir a melhor mensagem possível em milhares de crianças que lhe passam pela frente.
O que valoriza mais na sala de aula: que aprendam, que fiquem curiosos e queiram saber mais, que sejam pessoas bem formadas?
Há de facto muita coisa que hoje recai sobre a escola. Mas o desafio é esse: ensinar-lhes o que precisam, estimular-lhes a curiosidade para gostarem de aprender e irem à procura de mais conhecimentos, e ainda formar boas pessoas, gente que trate bem os outros, que respeite o meio ambiente, que tenha responsabilidade social.
Ter paixão pelo que faz é meio caminho andado?
Paixão e esperança. Se convives com quem está cheio de esperança na sua essência, porque as crianças são os adultos de amanhã, são ambas imprescindíveis. À mistura com a curiosidade e a criatividade, as possibilidades que se apresentam a um professor para provocar alterações nas vidas dos seus alunos são imensas. Temos de ensinar muitas coisas, mas temos de ser um abre-portas, para que todos tirem a curiosidade da caixinha e a ponham ao seu serviço, para que seja o motor do seu dia a dia. Uma criança que gosta de aprender vai fazê-lo a vida toda. Estimulando a curiosidade das crianças, alimenta-se ainda a criatividade, muito importante para resolver problemas e encontrar caminhos novos quando já ninguém sabe o que fazer. Porque lhes permite ver as coisas de outra maneira.
Parece então que subestimamos constantemente as crianças...
Sim, em todos os sentidos. Eles têm imensas coisas que podem partilhar connosco e não valorizamos. A nível social, isso também acontece. Faz falta perguntar às crianças como mudavam um parque, que alterações gostariam de ver no bairro onde vivem, o que gostariam que acontecesse para melhorar a vida dos outros. Quando uma pessoa arrisca fazê-lo, os resultados são sempre surpreendentes.
Regra número um: nunca esquecer a criança que há em nós. É isso?
Nunca. Nas crianças está toda essa maleabilidade, esse olhar sem preconceito, sem ideias feitas. Isso permite compreendê-las melhor e ajudá-las no seu percurso. Ao colocarmo-nos ao seu nível, olhos nos olhos, tudo fica mais fácil.
No livro A Nova Educação, alinham-se ideias como "Não faço nada de extraordinário, apenas me divirto na sala de aula" ou ainda "Sou professor mas não sei tudo. Vocês também podem ensinar-me". Como é que se faz isso ?
Quando me divirto, desfruto. E isso é muito importante porque à minha frente estão pessoas que, durante toda a infância e adolescência, não podem mudar de vida, como um adulto faria. Estão ali e têm de ali estar, na escola, na sala de aula, diante do professor. Daí a grande responsabilidade: conseguir que tenham ganas de voltar no dia seguinte. Todos os dias, aqueles miúdos são obrigados a estar sentados durante seis horas, apenas a escutar e a repetir, e isso é aborrecido para qualquer um. Para um adulto também, não?
Imagino que o desafio seja maior por vivermos numa zona do globo mais envelhecida e onde as crianças são cada vez mais raras e crescem superprotegidas...
É importante não cair nesse equívoco: nem sempre tudo corre bem e é importante ensiná-las a lidar com a frustração. É assim que se estimula a resiliência na circunstância em que você é diferente de mim, e temos todos de aprender a respeitar essas diferenças.
Como se educa para a cooperação e não para a competitividade se vivemos num mundo cada vez mais competitivo?
Daí a sua premência. Porque uma das maravilhas da escola é que ela pode mudar a sociedade. Se acreditamos que é a chave para mudar o mundo, então temos de educar para a cooperação. A escola é o lugar ideal para promover o que queremos para o mundo em que vivemos.
Muitas famílias mudam os seus hábitos e a suas rotinas por força das aprendizagens que os filhos trazem da escola: alteram o que compram, passam a fazer reciclagem... Imagine--se isso replicado por milhares de casas, em todo o mundo. É um poder extraordinário à nossa disposição.
A crise perturba esse processo? A escassez torna-nos mais competitivos?
Depende. Temos vivido em crise nos últimos anos, mas isso não nos tornou menos sensíveis, por exemplo, à questão dos refugiados. As crianças, e as escolas, têm promovido os valores da solidariedade com quem tem menos insistindo que juntos somos todos mais fortes. Claro que tanto podemos instigar uma criança a ter uma nota melhor do que a do companheiro como podemos estimulá-la a ajudar o outro para os dois terem notas melhores. Depende do que queremos.
E os pais, preocupados com o sucesso do seu filho, não perturbam esse processo?
Às vezes penso que temos de nos reeducar todos. Claro que cada pai quer o melhor para o seu filho. Mas às vezes o melhor para um filho é dar um passo atrás para ajudar o colega do lado e depois seguirem os dois em frente. Melhoramos a sociedade sempre que ajudamos um companheiro. E é uma maneira maravilhosa de aprender: aquele que ajuda o outro sente-se depois tão bem, tão orgulhoso, que nunca mais esquece o que se tratou ali. É disso que se trata: somos seres sociais, não podemos continuar a ensinar como se fossemos indivíduos que vivem isolados.
Ainda ouvimos muitas vezes que a escola ensina, a casa é que educa. O que pensa sobre isto?
Temos de apagar isso do discurso da educação. A casa e a escola são parceiros num projeto educativo. Há um ditado africano que diz que é preciso toda uma aldeia para educar uma criança e a escola é o melhor lugar para ajudar os pais a educarem os seus filhos. A aula funciona como uma espécie de micro sociedade. Se queremos mudar a sociedade, então devemos promover também essas alterações na sala de aula.
Recentemente, cresceram as críticas a uma instituição que está igual ao que era há 150 anos. Porque é que a Escola resiste tanto à mudança?
É uma forma de nos sentirmos mais tranquilos. Queremos educar os nossos filhos como fomos educados, esquecendo todas as transformações que o mundo conheceu. Há ainda um outro fenómeno: aplaudimos os exemplos de fora, mas não aceitamos mudanças cá dentro: por exemplo, a escola finlandesa anunciou que acabou com as paredes e todos aplaudem. Se eu, aqui, quiser derrubar um muro que seja, já me acusam de estar a querer fazer uma revolução. As escolas estão organizadas como fábricas, como locais de trabalho. Penso que quem desenha escolas devia saber tanto de arquitetura como de crianças. O meu objetivo é que, ao fim do dia, quando vão para casa, todos reflitam sobre o que aprenderam e como vão utilizar essa aprendizagem.
E tem sempre autonomia para fazer isso?
Nem sempre e não é fácil. Mas os professores têm estado muito à defesa. Optam demasiadas vezes por fechar a porta da sala, proclamando que a aula é deles e portanto fazem como querem. Defendo o contrário: deixar a porta aberta. Prefiro sempre partilhar o que faço. É neste processo que descobrimos que não somos ilhas e não estamos sozinhos na difícil tarefa de educar os outros.
Polémicas de Portugal que se repetem em Espanha. Como vê a questão dos TPC?
Quem defende que as crianças têm de trabalhar mais, depois de um dia inteiro na escola, esqueceu-se do que é ser criança e como, quando era mais pequeno, gostava de aprender mas também de estar com a família e de brincar. Eu gostava de ir ao parque e ao rio. Hoje, há milhares de crianças a fazer deveres horas a fio, depois da escola, até à hora do jantar. E não têm culpa que os currículos escolares sejam tão compridos. Todos os dias, segunda, terça, quarta, quinta, sexta. Quem é que, depois disto, tem vontade voltar de ir para a escola no dia seguinte e aprender? Os TPC são uma prática ultrapassada.
Mas esteve contra a greve aos TPC, que os pais promoveram em Espanha?
Sim, porque uma greve implica estar contra alguma coisa. No caso, opõe pais a professores, e eu acredito que esse caminho deve fazer-se antes pelo diálogo. Devemos pensar como chegar a um acordo, tendo em conta que no centro está a criança e temos de pensar é no que é melhor para ela. Sabemos que a força dos TPC e da obsessão dos resultados escolares assenta também no impacto que têm na elaboração de rankings de escolas... Vemos o que está a acontecer com o PISA: Parece uma competição desportiva. Ah, Espanha ficou em quinto lugar, ah, Portugal está à frente. E o quê? O que quer isso dizer? Qual o impacto disso? E tem muita importância para quem? Para os governos. Sei que Portugal melhorou mas Espanha está na mesma, em 15 anos a avaliar as competências matemáticas, científicas e domínio da língua materna. Então e a respeitarnos uns aos outros? E a ter consciência ambiental? E ser tolerante com o diferente?
E é possível manter essa aposta numa educação diferente mesmo com as piores turmas?
Sobretudo bom, e não dividiria as turmas em piores ou melhores. Há turmas menos fáceis, geralmente constituídas por crianças que têm milhares de razões para estarem tão descontentes, tão revoltadas. Primeiro, temos de tentar saber o que passam, nas horas em que não estão ali, e temos de ver isso como um investimento. Para lhes ganhar a confiança, o respeito e depois arrancar a alta velocidade para as outras aprendizagens.
Soa a provocação...
E é, um bocadinho. Mas a verdade é que todos temos algo para oferecer. Se nos focarmos no mal, só vemos o mal. Se desviarmos a atenção para o bom, então esse valor vem ao de cima. Estimula a sua autoestima e isso pode fazer maravilhas no futuro.
* Aprende-se muito com quem sabe.
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ESTA SEMANA
NO "SOL"
NO "SOL"
Rússia.
Milhares choram Nemtsov
e apontam o dedo a Putin
Ruas de Moscovo encheram-se para homenagear opositor do presidente, assassinado em 2015, em circunstâncias pouco claras.
Dezenas de milhares de russos juntaram-se, este domingo, em Moscovo,
para recordar Boris Nemtsov, o antigo vice-primeiro-ministro do
presidente Ieltsin e um dos principais críticos de Vladimir Putin, até
ao dia 27 de fevereiro de 2015, data em que perdeu a vida, junto ao
Kremlin, depois de receber um disparo pelas costas, quando regressava a
casa após o jantar.
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O encontro serviu para homenagear Nemtsov, dois anos após o seu
misterioso assassinato, mas também para desafiar o presidente Putin. Nas
ruas da capital russa - e também em São Petersburgo e outras cidades do
país - foram vistos vários cartazes com críticas ao líder da Rússa e
ouvidos cânticos de desagrado sobre a sua presidência. Segundo a
correspondente da BBC em Moscovo, Sarah Rainsford, “Rússia será
libertada!” e “Putin é guerra!” foram as frases mais ouvidas entre os
manifestantes, enquanto que “Devolvam-nos as nossas eleições,
ratazanas!” e “Sou contra a anexação da Crimeia!”, constavam em alguns
dos cartazes.
A anexação ilegal do território ucraniano da República da Crimeia,
por parte da Federação Russa, em 2014, e o início da guerra civil no
país, estão intimamente ligados com o trabalho de oposição de Nemtsov.
Poucos dias antes de ser assassinado, o ex-político, de 55 anos, tinha
vindo a apelar a todos os russos para aderirem a um protesto, organizado
pelo próprio, contra a guerra ilegal de Putin na Ucrânia e o
financiamento das tropas rebeldes separatistas no leste do país.
Embora cinco chechenos estejam a ser atualmente julgados pelo crime, o
assassinato de Nemtsov foi entendido por grande parte da oposição como o
resultado de uma ordem decretada pelo próprio presidente. Putin negou
qualquer envolvimento e sugeriu que os autores do crime procuraram
“provocar” tanto o governo como a oposição.
Entre os cerca de 20 mil manifestantes que se juntaram hoje em
Moscovo as dúvidas sobre a morte de Nemtsov eram muitas. Para um dos
organizadores, Ilya Yashin, o sentimento geral é de desconfiança, pelo
que a homenagem, contou à BBC, serviu igualmente para pedir justiça para
os “autores”, para os “organizadores” e para “os que ordenaram” o
assassinato do antigo crítico do governo. “Viemos prestar tributo à
honestidade e à bravura de Boris Nemtsov [e] queremos mostrar às
autoridades que não nos esquecemos”, explicou uma protestante à AFP, na
mesma linha de Yashin.
* Os ditadores não são eternos mas a história diz-nos que demoram muito a morrer.
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HOJE NO
"EXPRESSO"
Forças Armadas
têm de renovar 50% dos efetivos
Em 2017 metade dos contratados e voluntários nas Forças Armadas vai embora, mas faltam candidatos
Uma combinação perversa entre uma
redução drástica de incorporações nas Forças Armadas durante os anos da
crise, sem acautelar as necessidades de renovação, e uma necessidade de
recrutamento quantitativamente maior nos três ramos, faz com que, este
ano, as Forças Armadas estejam a braços com uma crise de efetivos. O
problema é agravado pela baixa demográfica (há menos jovens) e o volume
de saídas, já que todos os anos saem militares em função do regime de
contratados e voluntários que rege o atual modelo da profissionalização.
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De acordo com os últimos dados disponíveis de entradas e saídas, à semelhança do que acontece com a atual pirâmide demográfica, em que se registam menos nascimentos do que mortes, também nas FA entram menos militares do que saem, em virtude do fim dos contratos e, também, das reformas.
Enquanto em 2012 a relação ainda era equilibrada, tendo ingressado 3460 militares e saído 2351, a relação inverteu-se e agravou-se ao ponto de, em 2015 (até setembro), terem entrado apenas 822 militares e saído 1265. Em 2014, a diferença foi ainda maior: entraram para as Forças Armadas 1158 jovens e saíram 2539. A situação é dramática em relação a algumas especialidades.
Em resultado, já hoje as Forças Armadas têm um efetivo total (pouco mais de 29 mil) abaixo do limite que foi estabelecido ainda pelo ex-ministro Aguiar Branco para ser atingido em 2020, em torno dos 30-32 mil. Questionado, o Ministério da Defesa respondeu que “o decreto-lei anual fixa o efetivo máximo ideal, no entanto considera-se que o quadro das missões das FA pode ser cumprido com o quadro de efetivos existente, que se encontra muito perto do que está estabelecido nesse diploma”.
Seja como for, a questão coloca dúvidas em toda a “fileira” do funcionamento das FA, isto é, nos três momentos-chave: recrutamento, retenção dos contratados e transição para o mercado de trabalho civil, com problemas que se interpenetram e influenciam mutuamente. Para enfrentar este problema, a Diretiva do Planeamento da Marinha para 2017 elaborada pelo novo chefe de Estado-Maior da Armada, já aborda especificamente “a capacidade de recrutamento e de retenção de recursos humanos” como uma questão estratégica.
Os últimos números do recrutamento mostram que nos três ramos continuam a sobrar vagas por preencher, embora sejam maiores no Exército, que vive mais do número de praças indiferenciados do que a Força Aérea ou a Marinha. Assim, em 2016, o objetivo a incorporar no Exército era de 3694, mas só foram efetivamente incorporados 2637. No mesmo ano, na Marinha, esta tinha 880 vagas e admitiu 401; na Força Aérea, estavam previstos 2043 efetivos e, no final do ano, havia apenas 1580 (uma diferença de 463, portanto). A questão é ainda mais complexa se for tida em conta a diferença dos números das admissões que a Defesa fixa anualmente para cada ramo e os que são realmente autorizados pelas Finanças, sensivelmente abaixo. É caso para perguntar qual é então a utilidade da fixação dos efetivos pela Defesa.
Para a socióloga e investigadora Helena Carreiras, continua a haver um número sensível de jovens que ser potencialmente “seduzido” pelas FA, já que, segundo os dados do Dia de Defesa Nacional, 40% dos jovens veem como possível um eventual ingresso na organização. Afinando o estudo, verifica-se, porém, que quanto maior é a escolaridade, menor é essa vontade (relacionando-se eventualmente com o abandono escolar precoce).
Outras características dos jovens, como os menores níveis de audição e visão, a falta de treino físico e até o uso de tatuagens, muito vulgarizadas hoje em dia mas impeditivas do ingresso, pesam também nos números do recrutamento, onde há sempre mais candidaturas do que candidatos efetivos.
Num seminário recente no Instituto de Defesa Nacional sobre este assunto, foi mesmo referido que está por explicar a razão pela qual a maioria das candidaturas online é feita entre as 3 e as 5 da manhã! Outros problemas são os que afetam a retenção nas fileiras (a frustração de expectativas) e o incumprimento das condições da reintegração no mercado de trabalho.
* Continuam a haver mais generais que índios, é esse o problema.
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De acordo com os últimos dados disponíveis de entradas e saídas, à semelhança do que acontece com a atual pirâmide demográfica, em que se registam menos nascimentos do que mortes, também nas FA entram menos militares do que saem, em virtude do fim dos contratos e, também, das reformas.
Enquanto em 2012 a relação ainda era equilibrada, tendo ingressado 3460 militares e saído 2351, a relação inverteu-se e agravou-se ao ponto de, em 2015 (até setembro), terem entrado apenas 822 militares e saído 1265. Em 2014, a diferença foi ainda maior: entraram para as Forças Armadas 1158 jovens e saíram 2539. A situação é dramática em relação a algumas especialidades.
Em resultado, já hoje as Forças Armadas têm um efetivo total (pouco mais de 29 mil) abaixo do limite que foi estabelecido ainda pelo ex-ministro Aguiar Branco para ser atingido em 2020, em torno dos 30-32 mil. Questionado, o Ministério da Defesa respondeu que “o decreto-lei anual fixa o efetivo máximo ideal, no entanto considera-se que o quadro das missões das FA pode ser cumprido com o quadro de efetivos existente, que se encontra muito perto do que está estabelecido nesse diploma”.
Seja como for, a questão coloca dúvidas em toda a “fileira” do funcionamento das FA, isto é, nos três momentos-chave: recrutamento, retenção dos contratados e transição para o mercado de trabalho civil, com problemas que se interpenetram e influenciam mutuamente. Para enfrentar este problema, a Diretiva do Planeamento da Marinha para 2017 elaborada pelo novo chefe de Estado-Maior da Armada, já aborda especificamente “a capacidade de recrutamento e de retenção de recursos humanos” como uma questão estratégica.
Os últimos números do recrutamento mostram que nos três ramos continuam a sobrar vagas por preencher, embora sejam maiores no Exército, que vive mais do número de praças indiferenciados do que a Força Aérea ou a Marinha. Assim, em 2016, o objetivo a incorporar no Exército era de 3694, mas só foram efetivamente incorporados 2637. No mesmo ano, na Marinha, esta tinha 880 vagas e admitiu 401; na Força Aérea, estavam previstos 2043 efetivos e, no final do ano, havia apenas 1580 (uma diferença de 463, portanto). A questão é ainda mais complexa se for tida em conta a diferença dos números das admissões que a Defesa fixa anualmente para cada ramo e os que são realmente autorizados pelas Finanças, sensivelmente abaixo. É caso para perguntar qual é então a utilidade da fixação dos efetivos pela Defesa.
Para a socióloga e investigadora Helena Carreiras, continua a haver um número sensível de jovens que ser potencialmente “seduzido” pelas FA, já que, segundo os dados do Dia de Defesa Nacional, 40% dos jovens veem como possível um eventual ingresso na organização. Afinando o estudo, verifica-se, porém, que quanto maior é a escolaridade, menor é essa vontade (relacionando-se eventualmente com o abandono escolar precoce).
Outras características dos jovens, como os menores níveis de audição e visão, a falta de treino físico e até o uso de tatuagens, muito vulgarizadas hoje em dia mas impeditivas do ingresso, pesam também nos números do recrutamento, onde há sempre mais candidaturas do que candidatos efetivos.
Num seminário recente no Instituto de Defesa Nacional sobre este assunto, foi mesmo referido que está por explicar a razão pela qual a maioria das candidaturas online é feita entre as 3 e as 5 da manhã! Outros problemas são os que afetam a retenção nas fileiras (a frustração de expectativas) e o incumprimento das condições da reintegração no mercado de trabalho.
* Continuam a haver mais generais que índios, é esse o problema.
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ESTA SEMANA NO
"DINHEIRO VIVO"
"DINHEIRO VIVO"
Diferença salarial entre
China e Portugal é cada vez menor
A diferença salarial no setor secundário entre Portugal e China ronda os 25%
O aumento dos salários no setor da
indústria chinesa foi notório nos últimos anos. A média salarial nas
fábricas chinesas já ultrapassou países como o Brasil, a Argentina e o
México, segundo noticia este domingo o Financial Times, que cita dados
do Euromonitor Internacional.
E está cada vez mais perto de igualar países da zona euro como Portugal e
a Grécia.
Neste momento, a diferença salarial no setor secundário entre
Portugal e China ronda os 25%. Comparando com a zona euro, os salários
na indústria da moeda única são agora 30% superiores aos praticados na
maior economia do mundo.
Entre 2005 e 2016 o salário médio nas
fábricas chinesas quase triplicou, situando-se agora nos 3,60 dólares
por hora (3,40 euros). Em Portugal, a média ronda atualmente os 4,25
euros, ma queda significativa face aos 5,9 euros por hora praticados em
2007.
Na Grécia o retrocesso foi ainda maior, já que o salário médio na
indústria caiu para metade desde 2009.
Mesmo na Índia, onde a economia acelera rapidamente há vários anos
consecutivos, o salário médio estagnou nos 0,66 euros por hora desde
2007.
Já no Brasil, entre 2007 e 2016 os salários caíram de 2,90 dólares (2,74
euros) para 2,7 dólares (2,5 euros). No México os valores recuaram de
2,20 dólares (2,08 euros) para 2,10 (1,98 euros).
A subida dos salários na China acentuou-se desde que o país foi admitido
na Organização Mundial do Comércio em 2001.
Alguns analistas citados pelo jornal britânico acreditam que o aumento
de produtividade na China pode levar os salários a subir para níveis
semelhantes aos praticados em países de médio rendimento. E sublinham
que os níveis de produtividade dos trabalhadores chineses subiram ainda
mais depressa que os salários.
* Uma das características da ditadura económica chinesa é caminhar de "pantufas", mas caminhar sempre a pensar muito no dinheiro e pouco no social/ambiente. Por outro lado os trabalhadores chineses são quase imbatíveis na determinação e capacidade de sacrifício. Na China vimos muita exploração de Estado e muito estoicismo do povo.
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HOJE NA
"BLITZ"
Como Roger Waters
pretende combater Donald Trump
O músico, que tem sido uma das vozes mais críticas do novo Presidente dos E.U.A., irá editar um novo álbum em breve.
É Roger Waters quem o diz, em entrevista à Rolling Stone:
"Não existe um 'nós' e um 'eles'", em referência a uma das canções mais
famosas dos Pink Floyd e a um discurso de Barack Obama, ex-Presidente
dos Estados Unidos, após as últimas eleições.
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"Somos todos seres humanos e temos a responsabilidade de nos apoiarmos uns aos outros, tirar o poder às muito poucas pessoas que controlam todo o dinheiro e a propriedade".
Esta ideia de que estamos, seres humanos, todos juntos pela mesma causa será uma das principais temáticas da próxima digressão do músico pelos E.U.A. e Canadá, intitulada Us + Them, e que será composta por material antigo (incluindo dos Pink Floyd) e novo, estando o músico a preparar o lançamento de um novo álbum, Is This The Life We Really Want?.
Na mesma entrevista, o músico voltou a criticar as políticas de Trump, nomeadamente o aumento do investimento nas forças militares do país. "Os Estados Unidos têm forças armadas superiores ao resto do mundo, e ele quer gastar os vossos recursos - e os meus, visto que pago impostos nos E.U.A. - para as aumentar ainda mais", disse.
A digressão Us + Them, que Waters pretende que seja "um exercício de resistência", arrancará no final do mês de maio. "Temos de organizar o nosso amor de forma a que esta digressão seja potente e poderosa o suficiente, para que consiga resistir ao narcisismo, à ganância e à falta de empatia", esclareceu, acrescentando: "É a falta de empatia que cria um sociopata como Donald Trump".
Apesar de tudo, Waters vê em Donald Trump uma oportunidade. "Ele pode ser o catalisador. Pode ser que dê origem a um enorme movimento de resistência, e que as pessoas dos E.U.A. e do resto do mundo digam 'não, esta não é a vida que queremos'", disse.
* Rogers Waters, um senhor acima de tudo.
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"Somos todos seres humanos e temos a responsabilidade de nos apoiarmos uns aos outros, tirar o poder às muito poucas pessoas que controlam todo o dinheiro e a propriedade".
Esta ideia de que estamos, seres humanos, todos juntos pela mesma causa será uma das principais temáticas da próxima digressão do músico pelos E.U.A. e Canadá, intitulada Us + Them, e que será composta por material antigo (incluindo dos Pink Floyd) e novo, estando o músico a preparar o lançamento de um novo álbum, Is This The Life We Really Want?.
Na mesma entrevista, o músico voltou a criticar as políticas de Trump, nomeadamente o aumento do investimento nas forças militares do país. "Os Estados Unidos têm forças armadas superiores ao resto do mundo, e ele quer gastar os vossos recursos - e os meus, visto que pago impostos nos E.U.A. - para as aumentar ainda mais", disse.
A digressão Us + Them, que Waters pretende que seja "um exercício de resistência", arrancará no final do mês de maio. "Temos de organizar o nosso amor de forma a que esta digressão seja potente e poderosa o suficiente, para que consiga resistir ao narcisismo, à ganância e à falta de empatia", esclareceu, acrescentando: "É a falta de empatia que cria um sociopata como Donald Trump".
Apesar de tudo, Waters vê em Donald Trump uma oportunidade. "Ele pode ser o catalisador. Pode ser que dê origem a um enorme movimento de resistência, e que as pessoas dos E.U.A. e do resto do mundo digam 'não, esta não é a vida que queremos'", disse.
* Rogers Waters, um senhor acima de tudo.
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ESTA SEMANA NA
"SÁBADO"
"SÁBADO"
Marrocos "fala" com Guterres
e sai de zona de tensão
O Rei Mohamed VI decidiu sair da zona onde aumentaram as tensões com os separatistas da Frente Polisário, depois de intervenção do secretário-geral da ONU
Marrocos anunciou este domingo que vai retirar-se de uma zona do
disputado Saara Ocidental, onde aumentaram as tensões com os
separatistas da Frente Polisário, apoiados pela Argélia, depois de
intervenção do secretário-geral da ONU, António Guterres.
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"O
reino de Marrocos prosseguirá, a partir de hoje [domingo], uma retirada
unilateral da zona [Guerguerat]", disse o Ministério das Relações
Exteriores de Marrocos, num comunicado citado pela agência France Presse.
O
comunicado oficial acrescenta que a decisão foi tomada pelo rei Mohamed
VI, a pedido do secretário-geral da Organização das Nações Unidas,
António Guterres. Rabat espera agora que "a intervenção do
secretário-geral permita retomar a situação anterior na zona em questão,
manter o seu estatuto intacto, permitir o fluxo do tráfego rodoviário
normal, assim como salvaguardar o cessar-fogo", disse.
Numa chamada telefónica para António Guterres, na sexta-feira, o Reino
de Marrocos pediu às Nações Unidas a tomada de medidas urgentes para
acabar com a que considera a "provocação" da Frente Polisario ao
cessar-fogo de 1991. Marrocos insiste que a antiga colónia espanhola é
parte integrante do seu reino, mas a Frente Polisário está a exigir um
referendo sobre a autodeterminação.
Os dois lados lutaram pelo
controlo do Saara Ocidental de 1974 a 1991, com Rabat a ganhar o
controlo do território antes da entrada em vigor cessar-fogo negociado
pela ONU.
Durante a chamada telefónica, Mohamed VI, de acordo com
a informação divulgada este domingo, condenou a "repetida incursão" de
forças armadas da Frente Polisário no distrito de Guerguerat.
A
tensão na região tem vindo a aumentar desde o ano passado, depois de a
Frente Polisário ter estabelecido um novo posto militar no distrito de
Guerguerat, perto da fronteira mauritana, a poucos metros de postos de
soldados marroquinos. No início de 2016, Marrocos começou a construir
uma estrada asfaltada na área sul daquela zona, que separa os dois
lados.
* A Frente Polisário luta com abnegação e pouca glória desde a década de 70, talvez a intervenção de António Guterres pacifique aquela zona de conflito premeditadamente marginalizada das principais notícias. Consideramos Guterres a personalidade ideal para o desempenho de Secretário-Geral da ONU.
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46-CINEMA
FORA "D'ORAS"
XI-TERRA SELVAGEM
* Somos mesmo muito desconfiados sobre as prácticas "evangelizadoras" dos séculos XV ao XX, depois de vermos o filme recém exibido "SILÊNCIO" já não desconfiamos, evangelizar é mesmo tiranizar em nome de Deus.
ÚLTIMO EPISÓDIO
PRÓXIMO "FORA-DE-HORAS A 02/03/17
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