26/02/2017

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ESTA SEMANA 
NO  "SOL"
Rússia. 
Milhares choram Nemtsov 
e apontam o dedo a Putin

Ruas de Moscovo encheram-se para homenagear opositor do presidente, assassinado em 2015, em circunstâncias pouco claras.

Dezenas de milhares de russos juntaram-se, este domingo, em Moscovo, para recordar Boris Nemtsov, o antigo vice-primeiro-ministro do presidente Ieltsin e um dos principais críticos de Vladimir Putin, até ao dia 27 de fevereiro de 2015, data em que perdeu a vida, junto ao Kremlin, depois de receber um disparo pelas costas, quando regressava a casa após o jantar.
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O encontro serviu para homenagear Nemtsov, dois anos após o seu misterioso assassinato, mas também para desafiar o presidente Putin. Nas ruas da capital russa - e também em São Petersburgo e outras cidades do país - foram vistos vários cartazes com críticas ao líder da Rússa e ouvidos cânticos de desagrado sobre a sua presidência. Segundo a correspondente da BBC em Moscovo, Sarah Rainsford, “Rússia será libertada!” e “Putin é guerra!” foram as frases mais ouvidas entre os manifestantes, enquanto que “Devolvam-nos as nossas eleições, ratazanas!” e “Sou contra a anexação da Crimeia!”, constavam em alguns dos cartazes.

A anexação ilegal do território ucraniano da República da Crimeia, por parte da Federação Russa, em 2014, e o início da guerra civil no país, estão intimamente ligados com o trabalho de oposição de Nemtsov. Poucos dias antes de ser assassinado, o ex-político, de 55 anos, tinha vindo a apelar a todos os russos para aderirem a um protesto, organizado pelo próprio, contra a guerra ilegal de Putin na Ucrânia e o financiamento das tropas rebeldes separatistas no leste do país.

Embora cinco chechenos estejam a ser atualmente julgados pelo crime, o assassinato de Nemtsov foi entendido por grande parte da oposição como o resultado de uma ordem decretada pelo próprio presidente. Putin negou qualquer envolvimento e sugeriu que os autores do crime procuraram “provocar” tanto o governo como a oposição.

Entre os cerca de 20 mil manifestantes que se juntaram hoje em Moscovo as dúvidas sobre a morte de Nemtsov eram muitas. Para um dos organizadores, Ilya Yashin, o sentimento geral é de desconfiança, pelo que a homenagem, contou à BBC, serviu igualmente para pedir justiça para os “autores”, para os “organizadores” e para “os que ordenaram” o assassinato do antigo crítico do governo. “Viemos prestar tributo à honestidade e à bravura de Boris Nemtsov [e] queremos mostrar às autoridades que não nos esquecemos”, explicou uma protestante à AFP, na mesma linha de Yashin.

* Os ditadores não são eternos mas a história diz-nos que demoram muito a morrer.

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