22/03/2017

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HOJE NO 
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS
DA MADEIRA"

Paleontólogos sugerem que 
‘árvore genealógica’ de dinossauros
 deve ser revista

Paleontólogos no Reino Unido sugerem, num estudo hoje publicado na revista Nature, que a ‘árvore genealógica’ dos dinossauros deve ser revista e reclassificada, o que pode implicar a reescrita de livros sobre a evolução dos vertebrados.
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Após a análise de dezenas de fósseis de esqueletos de dinossauros e de dezenas de milhares de caraterísticas anatómicas, investigadores da Universidade de Cambridge e do Museu de História Natural de Londres concluíram que os grupos familiares dos dinossauros tal como são hoje aceites podem estar errados e que os seus nomes devem ser alterados.

O estudo, divulgado pela Universidade de Cambridge, sugere ainda que as origens dos dinossauros localizam-se no hemisfério norte e não ao hemisfério sul.

Ao longo de 130 anos, os paleontólogos (que estudam fósseis) têm trabalhado com um sistema de classificação que agrupa as espécies de dinossauros em duas categorias: ornitísquios (com quadril de pássaro) e saurísquios (com quadril de lagarto).

À medida que mais espécies foram descritas, tornou-se claro, para os especialistas, que os dinossauros pertenciam a três linhagens distintas: ornitísquios, sauropodomorfos (grupo de dinossauros herbívoros com pescoço longo) e terópodes (subgrupo dos saurísquios e carnívoros).

Em 1887, o paleontólogo britânico Harry Govier Seeley, que tinha separado os dinossauros nos grupos dos saurísquios e ornitísquios, a partir do estudo de fósseis de ossos pélvicos, juntou os sauropodomorfos (que incluem os dinossauros ‘gigantes’ diplodocos e brontossauros) aos terópodes (que englobam a espécie emblemática Tyranossaurus Rex) na categoria dos saurísquios.

Inicialmente, os cientistas pensavam que os dinossauros ornitísquios e saurísquios não estavam relacionados, uma vez que tinham antepassados diferentes, mas estudos posteriores revelaram que ambos evoluíram de um antepassado comum.

A nova análise feita pelos paleontólogos da Universidade de Cambridge e do Museu de História Natural de Londres concluiu que os dinossauros ornitísquios têm de ser reagrupados com os terópodes, mas excluindo os sauropodomorfos.

A comunidade científica dava como certo que os pássaros evoluíram dos dinossauros terópodes, mas o reagrupamento dos dinossauros proposto no estudo hoje divulgado aponta para que os ornitísquios e os terópodes tenham potencialmente evoluído para um padrão de quadril semelhante a um pássaro, mas em diferentes momentos da história.

O agrupamento dos dinossauros ornitísquios (herbívoros) e terópodes (carnívoros) foi designado como ‘Ornithoscelida’, que recupera um nome avançado pelo biólogo evolucionista britânico Thomas Henry Huxley, em 1870.

Segundo um dos coautores do estudo, David Norman, citado num comunicado da Universidade de Cambridge, se a tese de revisão dos agrupamentos familiares dos dinossauros vingar nos meios académicos, os livros didáticos que abordam o tema da evolução dos vertebrados (peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos) têm de ser novamente escritos.

O autor principal da investigação, Matthew Baron, assinalou que, uma vez que os terópodes estão “mais estreitamente relacionados” com os ornitísquios, alguns dinossauros como os diplodocos poderão deixar de ser considerados como tal.

Caso contrário, isso “significa que teríamos de mudar a definição de ‘dinossauro’ para ter a certeza que, no futuro, os diplodocos e os seus parentes mais próximos poderiam continuar a ser classificados como dinossauros”, sublinhou.

A equipa de paleontólogos da Universidade de Cambridge e do Museu de História Natural de Londres defende também, após uma nova análise de dados-chave, que os dinossauros poderão ter ‘nascido’ no supercontinente do norte Laurasia (que englobava os continentes que formam hoje o hemisfério norte, nomeadamente América do Norte, Europa e Ásia do Norte).

Os fósseis mais antigos de dinossauros foram descobertos na América do Sul, indiciando que os primeiros exemplares destes répteis eram originários deste subcontinente.

A tese original, no entanto, é que os dinossauros apareceram no hemisfério sul, no antigo supercontinente Gondwana (que incluía as atuais Antártida, América do Sul, África, Ásia do Sul e Oceânia).

Os dinossauros, que chegaram a ser a espécie animal dominante na Terra, extinguiram-se há 65 milhões de anos.

* A bem da verdade científica.
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