02/01/2017

RITA FONTES DE OLIVEIRA

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Ano novo, vida nova: 
uma construção em cinco pilares

Ao som das doze badaladas, comem-se as doze uvas passas carregadas de simbolismo. Assinala-se a partida para novas conquistas, onde a saúde ganha especial destaque. Naquele momento, concentramo-nos em pontos básicos como "a partir do dia 1 vou deixar de fumar", "a partir de Janeiro vou emagrecer". Começa a procura louca dos ginásios, das consultas médicas especializadas e, no meio deste frenesim, perde-se aquilo que é o essencial. Partindo da parte para o todo, o cerne da questão reside no facto do cidadão comum querer deixar de fumar porque tem consciência que lhe é prejudicial e tem receio de vir a sofrer de doenças graves. Anseia emagrecer em prol da aparência (e não tanto pela consciência de que a obesidade, por si só, aumenta o risco de outras doenças). Ou seja, bem vistas as coisas, quer-se viver mais, quer-se viver melhor, de preferência mantendo, sempre, um aspecto jovem.

Para obtermos resultados sustentados, lamento dizer que, em 2017, ainda não estarão disponíveis as ditas poções mágicas, os elixires da juventude, os caminhos ultra rápidos e sem esforço. No entanto, podemos fazer muito por nós próprios se escolhermos os caminhos certos.

Nesta perspectiva, uma das áreas que tem ganho terreno na comunidade científica é, de facto, a medicina integrativa, ou do anti-envelhecimento, do anti-aging, da longevidade, ou do envelhecimento saudável. Foca-se na medicina preventiva e, através de diferentes abordagens, tem como objectivo retardar o processo de envelhecimento, proporcionando uma melhor qualidade de vida aos indivíduos.

A sua abordagem é alicerçada em cinco pilares essenciais: o exercício físico, a nutrição, a suplementação, os estilos de vida saudáveis e a modulação hormonal. Eu, particularmente, acrescentaria um sexto: a genética.

A prática regular de exercício físico diminui o aparecimento de inúmeras doenças, entre as quais o enfarte, o AVC, a diabetes e as demências, como é o caso, por exemplo, da Doença de Alzheimer. Melhora a memória, a função cognitiva e reforça os músculos tornando-nos menos frágeis (incluindo na população mais idosa).

É já um facto muito bem estudado que a restrição calórica aumenta a longevidade. Actualmente, a abordagem médica passa também pela preocupação em disponibilizar um plano alimentar adequado a cada indivíduo e que potencie os ganhos do plano de treino. Deverá ser estabelecido um equilíbrio entre os macro e micronutrientes, tendo em conta a necessidade de suplementação com oligoelementos e antioxidantes.

A adopção de um estilo de vida saudável, através da diminuição do consumo de álcool, de tabaco e da regularização dos padrões de sono, está na génese de uma maior longevidade. Os profissionais, através de um acompanhamento próximo do individuo e recorrendo a técnicas da psicologia e, ou, do coaching, ajudam na criação e adesão a padrões de comportamento no quotidiano. Para aqueles que já optimizaram algumas medidas, podem melhorar alguns aspectos, incluindo a aquisição de competências de gestão de conflitos internos. Isto possibilita uma maior aceitação do indivíduo e uma manifesta melhoria na relação interpessoal (óptimo para aqueles pertencentes a quadros de empresas).

Em ambos os géneros, no processo de envelhecimento, ocorrem alterações nos diferentes eixos de produção hormonal e que poderão ser corrigidas de acordo com os sintomas e estudos complementares prescritos pelo médico.

Todos estes componentes devem ser trabalhados em conjunto e integrados na história clínica de cada indivíduo. Cada pessoa é uma pessoa e não adianta olhar para a receita do vizinho. A abordagem multidisciplinar é a chave da prevenção e prevenir é, mesmo, o melhor remédio.

* Médica no Centro de Inovação Médica

IN "SÁBADO"
01/01/17

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