07/12/2016

ROSÁLIA AMORIM

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CGD: 
tempo, dinheiro e confiança

Agora que já há presidente, a história da CGD não fica por aqui 

Os danos de imagem para a CGD estão por apurar. Toda esta embrulhada relacionada com a administração do banco público, tema de capa desta edição, mergulhou a instituição numa crise de credibilidade. 

Está também por apurar o impacto na confiança e na relação da CGD com os clientes, sobretudo as empresas que há várias semanas se queixam da indisponibilidade da CGD para responder às suas necessidades. O Dinheiro Vivo sabe que as direções dentro do banco público têm estado paralisadas, com destaque para a direção que trata da concessão de crédito. No período de impasse antes da entrada de António Domingues e durante todo este processo, do fica-não-fica desta administração, o banco congelou.

Por muito competente que possa ser um gestor, como Domingues, só por muita ingenuidade política se poderá ter admitido, à partida, criar condições especiais, acima da lei ou ao estilo fato à medida. Ao escolhê-lo para liderar um banco público, exposto como este, as regras do jogo tinham de ser transparentes e conhecidas por todos. Não é expectável que decisores ou gestores, com tanta experiência acumulada, atuem de outra forma. E mesmo que todos os protagonistas desta novela sejam íntegros e bem-intencionados, a imagem que passa para o país, para o Banco Central Europeu e para as instituições em Bruxelas é de uma embrulhada política. 

António Costa, primeiro-ministro, tinha recusado com desdém as notícias, como aquelas que o Dinheiro Vivo avançou em primeira mão, que davam conta de um plano B para a CGD e no qual já constava o nome de Paulo Macedo como o sucessor mais provável. Hoje o cenário é real e o Dinheiro Vivo tinha razão em publicá-lo enquanto notícia. 

Agora que já há presidente, a história da CGD não fica por aqui. Este é um terramoto ainda com várias réplicas, até porque o governo acaba de arranjar uma solução, que até pode resultar, e bem, mas não fica isento de culpas. A avaliação política de todo este processo deve ser feita dentro do executivo, sobretudo para que nada deste género se repita, em prol da sanidade da banca, das empresas, dos contribuintes e dos clientes. 

IN "DINHEIRO VIVO"
03/12/16

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