07/12/2016

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HOJE  NO
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PSD. 
Os cinco ódios de Passos e Marcelo

São cinco os ódios que dividem Passos Coelho e o Presidente da República: um feriado, um primeiro-ministro socialista, um congresso em 96, um cata-vento e um canal de televisão
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“Eles odeiam-se e não é novo”, ri um deputado social-democrata. A distância entre o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, e o antigo presidente do partido e hoje Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pode não ser novidade, mas ganhou novos contornos.

Passos não apreciou os ataques que Marcelo Rebelo de Sousa dedicou ao governo que o Partido Social Democrata liderou entre 2011 e 2015, e a coexistência feliz que o Presidente da República mantém com o atual primeiro-ministro, António Costa, também ergue algumas sobrancelhas no PSD. Fonte parlamentar do partido afirmou ao i que “a bancada está, evidentemente, com Passos, mas não vamos ouvir ninguém falar mal de Marcelo: é o Presidente da República, a figura mais popular da família social-democrata, e o institucionalismo é isso - mesmo que Marcelo de institucionalista tenha pouco”.

A quezília, todavia, é antiga.
A primeira zanga - que ficou para a vida - ocorreu durante o congresso que elegeu pela primeira vez Marcelo Rebelo de Sousa líder do PSD. Estávamos em fevereiro de 1996. Passos Coelho entrou no pavilhão de Santa Maria da Feira como um dos principais apoiantes e membros da equipa de Marcelo e saiu zangado com o líder eleito. Nunca ficou clarificado qual foi a gota de água que fez com que Passos entrasse em rutura com Marcelo: alegadamente, este tencionava “discriminá-lo negativamente” nos futuros órgãos da direção do PSD. Passos não gostou e imediatamente passou de principal apoiante para principal adversário da liderança de Marcelo.

O domingo sangrento  
Quinze anos mais tarde, durante os tempos de governação de Pedro Passos Coelho, Marcelo foi impiedoso no seu comentário televisivo semanal, e o PSD não esquece.
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Logo no primeiro ano de governo, em 2011, Marcelo acusou o governo de fazer um aumento de impostos que não “foi prometido em campanha eleitoral” e era “um incomportável sacrifício da classe média”. Ainda em 2011, o ex-comentador afirmou que “Passos não pode convidar os portugueses a emigrar” e que dizê-lo era “grave”.

Em 2012 criticou o primeiro- -ministro por “compreender que Soares dos Santos duvide que Portugal se mantenha no euro”, dizendo que o que o primeiro- -ministro deveria dizer era que “estava a fazer tudo para que Portugal ficasse na moeda única”.

Outro comentador do seio do PSD, Pedro Santana Lopes, criticou na época a postura de Marcelo, escrevendo que “critica constantemente o governo de Passos Coelho”, assim como também fizera “tudo para deitar abaixo” o seu governo.

Assim continuaram as hostilidades, e em 2014, quando Passos apresentou uma moção no congresso que lhe reassegurou a liderança do PSD, Marcelo viu--se visado. Passos não queria um Presidente que se comportasse como “um cata-vento de opiniões erráticas em função da mera mediatização gerada em torno do fenómeno político”. 
O chefe de Estado, segundo o primeiro--ministro, não devia “buscar a popularidade fácil” nem colocar-se contra os partidos ou os governos como se fosse apenas mais um protagonista político na disputa política geral”.

Marcelo, o excluído? 
Marcelo reagiu, respondendo que Passos tinha querido “claramente” excluí-lo como candidato, e que a questão ficava assim “resolvida”. Como é sabido, não ficou. O PSD apoiou-o e Marcelo ganhou Belém depois de massacrar o governo de Passos na televisão e de assumir que Passos o quisera excluir.

Esta segunda-feira, os ânimos voltaram a animar quando Passos Coelho afirmou numa conferência em Lisboa: “Ainda bem que [Marcelo] não é o presidente do PSD.” E Marcelo respondeu que um Presidente não pode ter “preferências ou amuos”. 

Um velho conhecido de ambos apontou ao i: “Quando Marcelo fala em estabilidade política, também está a falar em estabilidade na oposição: a ele convém-lhe que Passos seja líder do PSD porque isso mantém Costa como primeiro-ministro. Com o apoio do PS para a recandidatura, Marcelo chega aos 70% e nada lhe daria mais gozo.”

Ontem, Paulo Rangel afirmou aos jornalistas em Bruxelas que “quer no caso do Presidente quer no caso do PSD”, seria um pouco mais “comedido”. “Cada um tem de realizar o seu papel”, esclareceu o eurodeputado do Partido Social Democrata.

Cada um com o seu papel, mas as máscaras vão caindo. 

* Nunca gostámos de ambos mas o bom senso manda reconhecer que o actual PR deixa a milhas o seu antecessor e põe o líder do PSD no Parque Jurássico.

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