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ESTA SEMANA NO
"DINHEIRO VIVO"
Social Dashboard:
A rede social híbrida
que mistura todas as outras
Os médicos disseram-lhe que era provável que não voltasse a falar.
E se conseguisse esse milagre, ninguém iria compreendê-lo por causa do
tubo que teria de usar na garganta. Aryeh Rifkin, um empresário
nova-iorquino de 42 anos, provou que estavam errados.
Fala com
um tubo instalado na laringe, onde um cancro quase o matou em 2010. O
seu entusiasmo é visível: sozinho, criou uma nova rede social híbrida,
um cruzamento entre Hootsuite, BuzzFeed, WordPress e loja de aplicações.
A SocialDashboard.com está no ar desde dezembro de 2014 e ainda ninguém
reparou nela. A não ser os 1,2 milhões de pessoas que passaram pelo
site no primeiro mês e meio de existência.
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"Consegui o primeiro
investimento, 250 mil dólares, e com esse dinheiro construí a empresa",
explica ao Dinheiro Vivo, no espaço que abriu em Los Angeles. "Tivemos
um crescimento explosivo. Não estava à espera que fosse tão forte."
A
Social Dashboard combina um painel onde se pode gerir os perfis nas
redes sociais, ao estilo HootSuite, com a criação de conteúdos do
utilizador e agregação de notícias, ao estilo WordPress e BuzzFeed, e
uma loja de aplicações sociais, ao estilo App Store. "Somos algo que
ainda não tinha aparecido. Uma fonte de notícias, uma plataforma onde se
pode criar conteúdos, e uma plataforma de apps, em que os programadores
desenvolvem para nós", descreve.
Toda a equipa técnica está
localizada na Índia, onde os engenheiros são mais baratos. Aryeh está em
Los Angeles e está sempre a trabalhar: dorme quatro horas por noite.
Desenhou
o site sozinho e foi ele quem concebeu o espaço na Pico Boulevard,
inspirado nas lojas da Apple e nas incubadoras de Silicon Valley, onde
organiza eventos de empreendedorismo. Procura agora um novo investimento
de 2,5 milhões de dólares para dar o passo seguinte.
"Temos tido
mil novos utilizadores registados por semana e está a crescer", adianta,
sublinhando que não foi feito qualquer esforço de promoção nem
marketing. "É tudo orgânico. Ainda não convertemos ninguém online
intencionalmente."
Uma das características inovadoras da rede é a secção "Soapboxes".
O
utilizador pode criar aqui as suas notícias, opiniões, entradas de
blogue, o que quiser. O nome recupera um conceito antigo, que perdura na
língua inglesa. Quem queria ser ouvido virava uma caixa de sabão ao
contrário e subia, usando-a como um palco portátil. "É isso que
oferecemos, uma plataforma para chegar a uma audiência mais alargada. É
melhor que o Word-press", diz Aryeh. O site fornece dados estatísticos,
para que o utilizador perceba quantas pessoas atingiu uma publicação e
como se compara com os outros.
Se o plano de negócios correr como
esperado, a start-up atingirá o breakeven durante o primeiro ano. A
ideia é monetizar a secção de notícias com publicidade, as "Soapboxes"
com patrocínios e a gestão de redes sociais com funcionalidades pagas.
Depois, quer produzir os seus próprios conteúdos, como documentários, e
para isso contratou uma ex-produtora do programa The Morning After, do
portal hulu.com.
"Não sou o próximo multimilionário com vinte e
poucos anos que não acabou o curso em Stanford. Tenho 42 anos,
divorciado duas vezes, sobrevivente de cancro. Já tive outros negócios,
em que tive sucesso e também falhei", diz, pressionando o tubo na
garganta. Chegou a viver no carro, depois de perder tudo na crise do
imobiliário em 2008. Está agora cheio de ambição. "Queremos centenas de
milhões de utilizadores. Viemos para ficar."
* Estamos sempre a aprender com as revoluções na Net.
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