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 O QUE NÓS

  "ADMIRAMOS"!


UMA GUITARRA NA PONTA DO LÁPIS




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III-ECOS
COMPANHIA FRAGMENTO
DE DANÇA



* As nossas séries por episódios são editadas no mesmo dia da semana à mesma hora, assim torna-se fácil se quiser visionar episódios anteriores.


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MINUTOS DE


CIÊNCIA/63


PROVA SEM PALAVRAS


O CÍRCULO






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X-HISTÓRIA DAS

RELIGIÕES DO MUNDO


3- O PROTESTANTISMO OU

(O CRISTIANISMO PROTESTANTE)





* As nossas séries por episódios são editadas no mesmo dia da semana à mesma hora, assim torna-se fácil se quiser visionar episódios anteriores.


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GABRIELA CANAVILHAS

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A arte da fuga, no Pontal

Pensando no período eleitoral que se vive, “fuga para a frente”, em política, significa avançar, intrepidamente, com o cabelo nos olhos, e rezar para que corra bem!

"Arte da Fuga", de Johann Sebastian Bach (1685-1750), é uma obra a todos o títulos verdadeiramente extraordinária e inultrapassável enquanto síntese de um tempo - o pós-Idade Média estendido até ao final do Barroco -, e símbolo de uma cultura - a cultura europeia que floresceu por entre a exuberância do catolicismo do sul e a ascese protestante do norte.

Esta obra grandiosa do património musical da Humanidade é constituída por um conjunto de catorze fugas e quatro cânones (formas musicais relativamente complexas), mas tem a particularidade de todos os temas, de cada fuga e cânone, serem baseados num único tema de grande simplicidade, mas extremamente adaptável e flexível, que permite demonstrar exemplarmente o quanto se pode fazer a partir da quase insignificância, desde que se use a imaginação e a sabedoria.

Na "Arte da Fuga" de Bach, o importante não é o tema, mas sim a forma como ele é apresentado, metamorfoseado e sublimado. Da simplicidade da mensagem, rumo à construção magnífica do seu suporte, Bach transcende-se na condição de mortal.

Fuga, expressão que designa a velha forma musical baseada na "imitação" de excertos de melodias, transformados e complicados quase até à total abstração, em português é também sinónimo de fugida/escapatória/evasão. Pensando no período eleitoral que se vive, "fuga para a frente", em política, significa avançar, intrepidamente, com o cabelo nos olhos, e rezar para que corra bem! Irresponsavelmente, lembra-me a promessa de Passos Coelho no Pontal de que irá tornar Portugal numa das dez economias mais competitivas do mundo. Lembra-me o anúncio da coligação de que irá recuperar na próxima legislatura o mesmo Estado social que tentou derrubar na presente legislatura, depois de quatro anos a desmantelar sistematicamente o edifício social do Estado, exercício que está a levar persistentemente até aos últimos dias da governação - veja-se a recente transferência de mais 60 milhões de euros para o ensino privado, deixando a escola pública à míngua.

Por outro lado, a arte de passar uma mensagem de grande simplismo (a alegada "bancarrota" socialista e o alegado país do sucesso da ‘troika'), embrulhado em grande aparato, aparenta-se, mesmo que muito longinquamente, com arte de compor em estilo fuga e contraponto a partir de um pequeno tema: a descida do desemprego festejada pela coligação esquece os 218 mil empregos a menos em Portugal desde 2011 (dados do INE); o atual acesso aos mercados para financiamento de Portugal (sem o qual entraria na mesma "bancarrota" de 2011) é, afinal, garantido pelo BCE, independentemente do ‘rating' português (que continua no lixo); 20,4% dos portugueses, auferem hoje salário mínimo - um aumento de 70% face a 2011; ¼ dos portugueses encontram-se em risco de pobreza; o PIB caiu 7% desde 2011; o crescimento da economia portuguesa em 2015 é metade da de Espanha e igual à da falida Grécia (com inacreditáveis aplausos da maioria, inebriada).

Afinal, não é a "Arte da Fuga", mas uma fuga sem arte nem génio.

IN "DIÁRIO ECONÓMICO"
26/08/15

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615.UNIÃO


EUROPEIA


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 NENHUMA SOCIEDADE
QUER QUE SEJAS SÁBIO!
LIBERTA-TE


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1-THE CORPORATION


 DESCUBRA COMO É MANIPULADO




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Sergio Godinho

Primeiro Dia


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FIM DAS FÉRIAS





ESTAMOS DE REGRESSO, APESAR DE NÃO TERMOS HIBERNADO AMANHÃ COMEÇAREMOS UMA NOVA ÉPOCA NESTE BLOGUE, A TODOS OS QUE NOS VISITAM BEM-HAJAM PELA VOSSA SIMPATIA

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631
Senso d'hoje
  PEDRO PASSOS COELHO
PRIMEIRO-MINISTRO

Responde a três perguntas sobre a crise migratória na Europa,formuladas pela equipa de redacção do "DIÁRIO ECONÓMICO":
1- Portugal devia fazer um maior esforço no acolhimento de migrantes nesta crise migratória?
2- A resposta a este êxodo deve ser europeia ou nacional? Quais as medidas que Portugal deve propor para a existência de uma resposta europeia?
3- A pressão migratória pode pôr em risco o espaço Schengen na Europa?

1-O aumento do número de pessoas que reclamam proteção junto dos países europeus é essencialmente resultado do agravamento dos conflitos em vários países, alguns dos quais geograficamente próximos da União Europeia, como sucede com a Líbia e a Síria. As propostas de reinstalação e recolocação recentemente acordadas permitirão aos Estados-membros oferecer, no curto-prazo, proteção a mais de 50 mil pessoas, ajudando igualmente os países europeus e vizinhos mais pressionados. Neste contexto, Portugal apoiará 1500 pessoas - um aumento muito significativo em relação aos números anuais de refugiados que têm procurado proteção no nosso país.

2-O primeiro e mais imediato objetivo é combater a ocorrência de novas tragédias humanitárias e reforçar a solidariedade europeia no apoio aos refugiados. Nessa linha se insere a intensificação das operações da FRONTEX no Mediterrâneo (em que Portugal tem participado ativamente) e que tem permitido salvar inúmeras vidas humanas. Um segundo objetivo tem que ver com a modernização das políticas nacionais e europeias em matéria de proteção internacional, bem como pela sua evolução no sentido de uma verdadeira política comum nesta matéria.

3-O problema não está na Europa mas na origem desses fluxos migratórios e não haverá uma resposta suficiente se não formos capazes de contribuir mais ativamente (seja ao nível da União Europeia, seja no plano global da comunidade internacional) para a resolução dos conflitos que causam os movimentos de refugiados. Isso exigirá uma política externa mais ativa nas suas múltiplas dimensões e a capacidade de trabalhar em conjunto para devolver a estabilidade aos países em conflito.

O líder delegou as respostas no presidente do grupo parlamentar Luís Montenegro.

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14-CINEMA
FORA "D'ORAS" 

XXV-BOCA DO LIXO


ÚLTIMO EPISÓDIO
PRÓXIMO "FORA DE HORAS" A 4/09/15

Com REGINALDO FARIAS, ALEXANDRE FROTA, SÍLVIA PFEIFER e STÉNIO GARCIA entre outros, uma série produzida pela GLOBO.


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  DIREITOS HUMANOS

1- O QUE SÃO DIREITOS HUMANOS



FONTE: FGV DIREITO SP


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6-CANTORAS


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O REALITY SHOW DE

JOSÉ CASTELO BRANCO




* Excerto do programa de humor "ESTADO DE GRAÇA" emitido na RTP1

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5-CANTORAS
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4-CANTORAS

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Memory Banda

O grito de uma guerreira
contra o casamento infantil
 


A vida de Memory Banda tomou um caminho diferente do da sua irmã. Quando a sua irmã atingiu a puberdade, foi enviada para um tradicional "campo de iniciação" no qual as raparigas aprendem "como satisfazer sexualmente um homem". Lá, engravidou aos 11 anos de idade. Banda, no entanto, recusou-se a ir. Em vez disso, organizou um grupo e pediu à líder da sua comunidade que emitisse uma proposta de lei segundo a qual nenhuma rapariga poderia ser forçada a casar antes dos seus 18 anos. Levou esta questão a nível nacional, com incríveis resultados para as raparigas do Malawi.

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3-CANTORAS



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MIGUEL GUEDES

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O triunfo dos Trump

Donald Trump não será presidente dos EUA nem ganhará, em Fevereiro de 2016, a corrida para a nomeação republicana às eleições presidenciais. A 405.ª pessoa mais rica do Mundo (para a "Forbes") sabe-o bem e, como tal, diverte-se. Contesta o ranking, julga-se nos 250 primeiros. Trump é demasiado impreparado, grosseiro e conflituoso para ser eleito (não, Ronald Reagan não era grosseiro). É demasiado estúpido, como ele próprio gosta de chamar aos outros. Mas sabe o que faz e diz mesmo quando o que faz e diz não lembra ao mais rude dos racistas ou sexistas empedernidos. Trump não tem uma ideia. E por isso fala. Fala sobre tudo sem uma ideia, discursa sem rede, repleto de frases feitas e gloriosas insinuações. Como referia Samuel Popkin, cientista político da Universidade da Califórnia, ao "The New Yorker": "Quanto mais complicado é o problema, mais simples se tornam as respostas".

Neste contexto de fronteira, a simplicidade confunde-se com o vazio e o que era uma piada há uns meses transforma-se numa realidade curta e grossa. Trump lidera as sondagens para a nomeação no Partido Republicano apesar de ter declarado que até poderá concorrer como independente caso não consiga a nomeação. É que para Donald só existe Trump. E um país ao seu serviço, para desespero dos republicanos conscientes de que, com ele na corrida para presidente, Hillary Clinton lavará, como mulher, a eleição tão alva e tão limpa quanto Trump desejaria que domesticamente lavasse a roupa do Bill.

Trump detestaria dar uma boa luta a uma mulher e depois sair a perder. E por isso, se estiver perto de ganhar a corrida no partido, aposto que desiste antes que seja tarde. A responsabilidade de estender a passadeira vermelha a uma sucessão de mandatos democratas na Casa Branca (seria o terceiro com Hillary, algo que só aconteceu duas vezes na história dos EUA, uma no século XIX e outra com Roosevelt a pretexto do pós-guerra) é demasiado pesada para o homem que quer construir um muro entre o México e os EUA de forma a acabar de vez com a entrada de pessoas que "trazem droga, crimes e violadores", como vociferava no seu discurso de apresentação de candidatura. Não que os seus debates, entrevistas ou declarações avulsas sejam mais cândidos, atentando nas mais recentes polémicas com a jornalista Megan Kelly ou com a "ex-nota 10" a Heidi Klum. Mulheres e migrantes, "coisas" que o candidato trata com boçal excesso de zelo. Com a mesma facilidade com que derroga verbalmente a 14.ª Emenda da Constituição, ratificada há 147 anos, que assegura a cidadania a "todas as pessoas nascidas ou naturalizadas nos Estados Unidos". Respostas simples para Trump.

Apesar das sondagens apontarem para um patamar de quase 25% de apoio no sector republicano (com mais dez pontos percentuais do que Jeb Bush, por exemplo) e garantirem que estaria a 6% de Hillary Clinton se fossem eles os candidatos, Trump sabe que o partido republicano nunca permitiria que ganhasse a nomeação. Apesar de ter o "Tea Party" na mão e os denominados "nacionalistas brancos" conquistados, chegaria a hora do escrutínio privado que ninguém (nem democratas, nem republicanos) tem interesse em fazer no momento actual. Trump não calaria o passado mesmo que deixasse de abrir a boca (o que é, desde logo, uma impossibilidade). Porque é uma caricatura a traço grosso, tem ainda menos hipóteses do que Sarah Palin alguma vez teve. Seria o maior catalisar do voto hispânico de que há memória. Seria ainda pior do que o esforçado Mitt Romney na campanha perdedora com Obama em 2012. Uma afronta, mesmo para os republicanos.

No romance de George Orwell, "O triunfo dos porcos", os animais levam mesmo a melhor até que deixam de se distinguir dos homens após o porco Napoleão ter decretado que "todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais do que outros". Ao triunfo de Trump e de tantos demagogos que aparecem (olá Europa...), cola-se uma outra frase do livro, menos célebre mas directa ao candidato: "o homem não serve os interesses de nenhuma criatura excepto ele próprio". E o homem diverte-se. "Que tempos são estes em que temos que defender o óbvio?", perguntava Brecht. As coisas complexas juntam-se às respostas simples ou simplistas. Há dias, deparava-me com uma publicação no Facebook de Harry Dean Stanton onde, no pedestal dos seus 89 anos, partilhava um vídeo de campanha de Donald Trump sob o lema "Make America great again!". A desilusão era repartida por muitos dos comentários, "you can do better than this, Harry...". No dia seguinte, tropecei no cabeçalho e reparei que era uma página de homenagem criada por fans. Suspiro de alívio pelo óbvio.


IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
25/08/15

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2-CANTORAS


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15-EI-LOS QUE 


PARTEM



EMIGRAÇÃO PORTUGUESA




Para melhor compreender a história

 do povo português
 
* Uma notável produção da "RTP2"

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1-CANTORAS


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David Garrett

Caprice No. 24


 Paganini

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METAMORFOSE


BORBOLETA MONARCA

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FIM DAS FÉRIAS












ESTAMOS DE REGRESSO, APESAR DE NÃO TERMOS HIBERNADO TERÇA-FEIRA COMEÇAREMOS UMA NOVA ÉPOCA NESTE BLOGUE, A TODOS OS QUE NOS VISITAM BEM-HAJAM PELA VOSSA SIMPATIA


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630
Senso d'hoje

DURÃO BARROSO
EX-PRESIDENTE DA
COMISSÃO EUROPEIA
SOBRE POLÍTICA

TRUMP
"O candidato que vai à frente das sondagens nos Estados Unidos da América, Donald Trump, tem feito afirmações racistas e xenófobas". "Na Europa também temos políticos palhaços."
  
CRISE
"Não foi a troika que criou a crise, foi a crise que criou a troika".
"Comportamentos irresponsáveis dos governos nacionais que deixaram aumentar a dívida".

LEGISLATIVAS
"Seja quem for que ganhe as eleições, terá de continuar a levar a cabo reformas"

* Excertos de alocução efectuada na "Universidade de Verão" do PSD


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14-CINEMA
FORA "D'ORAS" 

XXIV-BOCA DO LIXO



Com REGINALDO FARIAS, ALEXANDRE FROTA, SÍLVIA PFEIFER e STÉNIO GARCIA entre outros, uma série produzida pela GLOBO.

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O QUE NÓS

"PERCORREMOS"

 7.TRANSSIBERIANO




* Uma excelente produção do programa "FANTÁSTICO"


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ONDE PÁRA A FARINHA?
 

VAMOS TODOS A AVINTES


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II-RADIOLOGIA


INTERVENCIONISTA

7-TRATAMENTO DO CANCRO
HEPATO CELULAR


O USO DO LIPIODOL- ÓLEO DE PAPOILA

Uma interessante série conduzida pelo  Dr. Henrique Salas Martin, médico da especialidade
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* Uma produção "CANAL MÉDICO"



** As nossas séries por episódios são editadas no mesmo dia da semana à mesma hora, assim torna-se fácil se quiser visionar episódios anteriores.

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 I-ATRAVESSANDO A AMAZÓNIA

2-TRILHAS 
 DOURADAS




* As nossas séries por episódios são editadas no mesmo dia da semana à mesma hora, assim torna-se fácil se quiser visionar episódios anteriores.

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ALEXANDRA LUCAS COELHO

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Facebook: não é grátis, 
nem nunca será

O Facebook não só não é grátis como é amigo do alheio: Zuckerberg enriqueceu a tirar dados de toda a gente sem distinção de cor, género, credo ou bolsa

1. No Verão de 2015, o Facebook chegou a 1,49 mil milhões de utilizadores, ou seja, metade da população online do planeta, e para a outra metade há aquele aliciante à entrada da rede: “Facebook: é grátis, e sempre será”. A este ritmo, talvez antes de acabar a água no planeta a rede de Mark Zuckerberg chegue a vários mil milhões. Se isso vai ser bom para o planeta em geral, e a liberdade em particular, depende de como esses milhões usarem o Facebook, mas certamente será bom manter presente que não só o Facebook não é grátis como é amigo do alheio: Zuckerberg não enriqueceu a dar, nem sequer a tirar dos ricos para dar aos pobres, mas a tirar de toda a gente sem distinção de cor, género, credo ou bolsa. Aliás, tirar não é de facto a palavra porque ele não o faz sem permissão, cada um dá o que entende, mesmo que não o entenda, o que em centenas de milhões de casos é muito. Portanto, Zuckerberg é aquele multimilionário que enriqueceu de forma supersónica com as doações de 1,49 mil milhões de pessoas. Uma ideia megalucrativa que mudou a vida do planeta. Por isso é megalucrativa, e por isso não é grátis.

2. Facebook should pay all of us (O Facebook devia pagar a todos nós), escreve esta semana no site da New Yorker Tim Wu, professor de Direito na Universidade de Columbia. Vale a pena ler e partilhar (estou fora da rede há semanas, imagino que muita gente o tenha feito no Facebook). Algumas das sínteses de Wu: o Facebook é um modelo de negócio; o modelo de negócio do Facebook assenta na informação entregue pelos seus utilizadores; os utilizadores do Facebook não têm consciência do valor do que entregam (dados pessoais, fotografas, vídeos, textos, sons), ou de como isso pode ser transformado em dinheiro, alimentando esse e outros negócios, por exemplo publicidade dirigida. E o mais provável é que ainda não tenhamos visto nada. “Uma das razões pelas quais Zuckerberg é tão rico”, escreve Tim Wu, “é que o mercado de capitais parte do princípio de que, em algum momento, ele vai engendrar uma nova forma de extrair lucro de toda a informação que acumulou sobre nós.” Wu acha provável que “a maior inovação do Facebook não seja a rede social em si mas a criação de uma ferramenta que convenceu centenas de milhões de pessoas a entregarem tanto em troca de tão pouco”. O Facebook não é a única rede ou ferramenta que o faz, mas nenhuma outra convenceu tanta gente a dar tanto. Isto só é possível porque uma peça decisiva dessa ferramenta é convencer-nos do contrário, de que temos acesso a tanto por nada. Num universo consumista, anunciar-se como grátis é uma arma poderosa, o utilizador sente-se agradecido, Quando, na verdade, se trata de “uma gigantesca transferência de muitos para poucos” com um risco claro: quanto mais informação as pessoas entregarem, mais vulneráveis ficarão. Wu fala sobretudo de uma vulnerabilidade comercial, mas podia falar de política ou de sexo. Vulnerabilidade a qualquer tipo de intromissão, agressão, exploração. Quem acha que não paga, ou não tem noção do que paga, ou acha que recebe muito em troca de pouco, não fará exigências. E nunca o futuro foi tanto o próximo segundo. Tudo será muito rápido.

3. Resisti a entrar no Facebook até ir morar para o Brasil, em 2010. Como amostra do que se está a passar num lugar, em texto, imagem ou som, pode ser muito versátil, quanto mais, e mais variadas, forem as pessoas que seguimos, e isso aplicou-se tanto a Portugal nos anos brasileiros como se aplica ao Brasil desde que deixei de morar lá, e a todos os lugares onde criamos alguma raiz. Ao longo destes cinco anos, tenho suspendido o meu mural por dias ou meses, conforme preciso para trabalhar. Há mil maneiras de usar o Facebook, algumas mudaram de forma decisiva a pesquisa para textos ou livros, o acesso rápido a fontes, a localização de pessoas nos antípodas, o que é válido nos dois sentidos. Quem usa o Facebook para localizar gente também é facilmente localizável por desconhecidos. Ao longo destes anos houve muitos cruzamentos felizes por tudo isto (os infelizes foram, em geral, comentários que me devia ter abstido de fazer). Mas como uso o Facebook essencialmente para trabalho, o meu mural é totalmente aberto, portanto não publico imagens, sons ou textos de contextos privados, apenas materiais públicos ou que o venham a ser de alguma forma. Há murais fechados, ou mais fechados, que usam a rede como comunicação interna, privada, e muitos outras variantes. Seja como for, para quem trabalha longas horas ao computador, o Facebook facilmente se torna um queimador de tempo viciante. E, conjugado com todo o resto do tempo que passamos online, o mais provável é que esteja a mudar a escrita tal como a entendemos, A morte do romance foi decretada logo que o romance nasceu, mas talvez a questão agora seja como chamar à dispersão narrativa que a dispersão online produz.

4. Acredito na descriminalização de tudo o que só envolve um indivíduo soberano (o consumo de qualquer droga, por exemplo), portanto acredito que entre adição e rejeição cada um saberá como quer (ou não) usar as redes sociais. O Facebook tanto pode ser uma perda de tempo como um instrumento de combate ou a extracção de mais-valia. Se Zuckerberg é a 8ª pessoa mais rica do planeta, há que manter presente de onde essa riqueza vem ao fazer log in. Cada um será tanto mais livre quanto melhor souber o que está a dar, e o limite dessa liberdade é não dar o que não é de cada um: a privacidade de terceiros que não deram (ou não podem dar) permissão para isso.


IN "PÚBLICO"
23/08/15

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