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HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
Desemprego impede 41% dos cursos
de abrir novas vagas
428 licenciaturas e mestrados integrados
não poderão abrir novas vagas no próximo ano lectivo devido às taxas de
desemprego registadas entre os seus diplomados.
Há 428 cursos superiores impedidos de abrir novas vagas
no próximo ano lectivo por registarem elevadas taxas de desemprego entre
os seus diplomados. As contas pertencem ao Conselho de Reitores das
Universidades Portuguesas (CRUP) e mostram que 41% das licenciaturas e
mestrados integrados que neste momento funcionam no país (um universo de
1040) se encontram nesta situação. As áreas das ciências sociais são as
mais afectadas.
De acordo com os dados compilados pelos
reitores, entre os cursos com níveis de desemprego superior à taxa
nacional, ou à média registada na própria instituição onde são
leccionados, cerca de metade (216) pertencem às universidades e os
restantes 212 aos institutos politécnicos.
Os números constam do
parecer do CRUP ao despacho do Ministério da Educação que define as
regras da abertura e distribuição de vagas para o próximo ano lectivo.
Cálculos que têm como base o número de diplomados inscritos nos centros
de emprego do IEFP e a taxa média de desemprego registada pelo INE - que
no primeiro trimestre do ano, momento em que a tutela rec olheu os
dados, se situava nos 15,1% - e que acompanham algumas críticas e
sugestões ao Ministério da Educação, a que o Económico teve acesso.
Ora
estes são números que, não sendo "agradáveis", não surpreendem o
presidente da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior
(A3ES). Ao Económico, Alberto Amaral diz que "seria de esperar" esta
percentagem de cursos impedidos de aumentar as vagas "devido às elevadas
taxas de desemprego dos licenciados". Ainda assim, salienta, "a taxa de
desemprego dos licenciados é mais favorável do que a dos que não
possuem um diploma".
Tal como no ano passado, o despacho
orientador de Nuno Crato não implica directamente uma redução do total
de vagas. E dá liberdade às instituições para fazerem a redistribuição
dos lugares disponíveis para o concurso de Julho entre os cursos em
funcionamento.
No entanto, o vice-reitor da Universidade do Alto
Douro e Trás-os-Montes (UTAD), João Coutinho, assegura que, com as
regras estabelecidas neste despacho, algumas instituições vão
forçosamente diminuir o total da sua oferta.
Isto porque, além dos 428 cursos que não podem aumentar as vagas por
causa da empregabilidade, há 16 cursos que vão encerrar por terem menos
de dez inscritos nos dois últimos anos lectivos, a que se somam 20
outros que não podem aumentar as vagas por serem da área da Educação
que, por opção política, sofreram uma redução anual de 20% das vagas
desde 2011/2012.
Em resultado de tudo isto, prevê João Coutinho, "muitas
instituições não vão conseguir alocar todas as vagas a que têm
direito".
Apesar de tudo isto, o reitor da Universidade do Minho,
António Cunha, defende que este documento deste ano "é mais positivo em
relação ao do ano passado".
Cursos da área das Ciências Sociais são os mais afectados
De
acordo com os reitores ouvidos pelo Económico, as áreas mais afectadas
entre os cursos pelas altas taxas de desemprego variam de instituição
para instituição, mas os cursos da área das Ciências Sociais -
Sociologia, as Letras, História, Filosofia, Serviço Social ou Animação
Socio-cultural - e a Engenharia Civil são consensualmente identificados
como os mais problemáticos.
Reduzir vagas tendo em conta a taxa
de empregabilidade dos diplomados tem sido a estratégia defendida por
Nuno Crato de forma a regular a oferta formativa com a procura dos
alunos e com as tendência da economia.
Este ano, porém, o ministro optou
por não impor metas de redução para os cursos com taxa de desemprego
alta. Segundo o artigo 9º do novo despacho, o número de vagas a abrir
num curso "cujo nível de desemprego seja, cumulativamente, superior ao
nível de desemprego da instituição e ao nível geral de desemprego, não
pode ser superior ao número de vagas" abertas no passado ano lectivo.
Regra que, para o reitor da Universidade do Minho, António Cunha, "tem
em conta a realidade regional de cada instituição".
Para o reitor, a
regra deste ano "é mais permissiva e positiva" em relação à do ano
passado quando as instituições foram mesmo forçadas a reduzir entre 5% a
10% do número de vagas, dependendo da taxa de empregabilidade dos seus
diplomados nos últimos cinco anos lectivos. Orientação que "provocou uma
redução de vagas em cursos em que não fazia sentido", defende.
Questionado
pelo Económico, o Ministério da Educação diz que "as orientações para a
fixação das vagas no ensino superior público estão em fase de
finalização na sequência da consulta realizada co CRUP e ao CCISP".
* No macilento reino do cavaquistão universidades, bancos, centros comerciais gigantescos e outros "empreendedorosos" cresceram como se fossem de aviário. Destruiu-se a agricultura a pesca, o ensino técnico e surgiu o dinheiro virtual.
40% ou mais dos licenciados do país não exerce funções na área onde foram formados, há muitos cursos superiores que nem chegam a ser recursos.
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