À espera de um voto
O PSD-Madeira vai a votos na sexta-feira, com seis candidatos à
liderança. Os militantes vão receber um boletim com mais caras do que
umas eleições presidenciais e com quase tantos quadradinhos para colocar
a cruz como nas próximas regionais, esperadas para depois do Carnaval.
As eleições internas de um partido seriam isso mesmo, internas, não
fosse o caso de estar em jogo muito mais do que uma simples mudança de
líder e comissão política. O que estará em jogo sexta-feira – ou no dia
29 se for necessária segunda volta – é o cenário político regional e as
escolhas que serão apresentadas aos madeirenses, dentro de poucos meses.
Mesmo depois de umas humilhantes eleições autárquicas, o PSD-Madeira
continua a ser o primeiro partido e será pura fantasia pensar que não
estará na luta pela vitória nas próximas eleições regionais e que é, pro
agora, o principal favorito a vencer. Sem maioria absoluta, quase de
certeza, mas em primeiro lugar.
Por isso, a escolha dos militantes sociais-democratas vai condicionar
tudo o que acontecerá depois de 12 de Janeiro, último dia de um ciclo
que termina com manifestações de decadência embaraçosas e o primeiro do
futuro de uma Região. Para o bem e para o mal.
É por isso que esta eleição interna interessa a todos. Desde logo a
quem é do PSD, que se divide entre os que ainda acreditam num modelo que
claramente já morreu, os que são totalmente contra e até fazem por
esquecer que pertenceram a um grupo que governou durante quase 40 anos e
os que não sabem bem onde estão, baralhados com tantas promessas de um
admirável futuro.
Mas também interessa aos outros partidos que torcem para que da
votação saia um adversário mais acessível, numa expectativa semelhante à
dos clubes antes do sorteio da Liga dos Campeões: ‘todos os adversários
servem, mas há uns que servem melhor que outros’.
Será a escolha do PSD-Madeira que decidirá, ou não, coligações que
definirá estratégias e que até vai ter uma palavra sobre os cartazes de
campanha que serão utilizados.
Por tudo isto, nunca umas eleições partidárias justificaram tanta
atenção. Ao ponto de até causarem o desespero do ainda líder que se
multiplica em esforços para influenciar uma escolha sobre a qual parece
evidente que já não tem qualquer influência. Só por isso já valeu a
pena.
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS DA MADEIRA"
14/12/14
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