18/05/2014

CRISTINA ESTEVES

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Me, My #selfie and #Fail

O que é que o líder da oposição, o Presidente da República e o CDS-PP tiveram em comum nos últimos tempos?

Todos sentiram o reverso da medalha (ou da partilha!) da presença nas redes sociais: a selfie de António José Seguro a imortalizar a passagem Martin Schulz por Lisboa ou o vídeo a associar-se à campanha #BringBackOurGirls sobre as adolescentes raptadas na Nigéria tiveram impacto pela negativa, a paródia e a chacota ofuscaram o propósito; a reprimenda no Facebook por Cavaco Silva aos ‘cata-ventos' (Marcelo Rebelo de Sousa dixit) sobre o segundo resgate foi mais comentada pelas suas próprias omissões ou contradições, temporais ou na forma e tom, o que o levou mesmo a justificar-se em plena visita oficial à China; e, o súbito apagão das partilhas pré-Triunvirato do CDS-PP fizeram mais pela sua divulgação do que o uso que lhes era dado por uma franja de tuíteiros a assinalar as alegadas contradições com a prática durante a vigência da ‘troika'.

Adere-se cada vez mais às redes sociais, não apenas para interagir com amigos ou partilhar fotos inócuas, mas para fazer política. O papel das redes sociais, desde o Facebook, Twitter ou YouTube aos jornais digitais, novos ou por evolução lógica dos tradicionais, cresce a olhos vistos e terá cada vez mais impacto no processo de decisão individual, para o bem e para o mal.

Estamos numa nova fase de libertação e empoderamento (não gosto da palavra!) das pessoas, mas a liberdade para comunicar aberta e honestamente não é algo que possa ser dado por adquirido ou de forma leviana. A rápida criação de redes e comunidades de interesses enaltece o que nos une, e as nossas diferenças e divergências, culturais, sociais, políticas... liga pessoas, as suas ideias e valores, como nunca antes. E estamos ainda nos primórdios desta nova era.

Esta forma de comunicar, mais pessoal, também tem as suas nuances. Nem todos são, ou têm os meios, de um Barack Obama, ou estilo de Beppe Grillo, nem tudo é Primavera Árabe. A substituição de comícios por mensagens tipo 140-caracteres exponencia a intimidade na política e aumenta o nível de responsabilização, mas simultaneamente estimula uma corrida para se ser ouvido, de ruído e contra-informação.

E com a informação, projecções, interacção em (quase) tempo real, qual é o verdadeiro potencial da utilização política dos canais da rede social? Não haverá limites à imaginação, antes um ambiente em que o político terá de estar sempre "no ar", e sempre que partilhado - seja por um jornalista ou opositor - é notícia. Factual? Sim, nem que seja descontextualizada.

Os políticos têm de estar preparados com uma estratégia sólida, uma ideia clara da audiência e da mensagem a ser partilhada, e não se relacionar com as media e redes sociais de forma imprudente, senão acabam associados à hashtag #fail. Ou não houvesse um barquinho de Pedro... Uma nova forma de comunicação também se precisa!

IN "DIÁRIO ECONÓMICO" 
16/05/14

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