20/09/2013

MARIA TERESA GÓIS






Até ao lavar 
dos cestos...

É preciso saber despir a arrogância e prepotência de um “poder” que devia ser serviço


“Se amanhã o país se encontrar na hora da agonia, e se se perguntar aos que pensam, aos que governam, aos que  andam com o cérebro aceso alumiando a marcha-se se perguntar: que havemos de fazer?, é possível que eles respondam, e com justiça: sucumbir.”

Eça de Queirós in “Distrito de Évora”      
  
Até ao lavar dos cestos, é a vindima!
Porém não me refiro à tarefa de recolha de cachos úberes, aptos à transformação e à “requalificação” de néctares.

Não são os laivos outonais e a têmpera meteorológica o que me ocupa. Ocupa-me e preocupa-me a “vindima” feita por mãos incompetentes ou por imbecilidades políticas que vindimaram já a economia do país, as esperanças geracionais, a classe média, o sonho do futuro e hastearam em dois anos as bandeiras do retrocesso e da Pobreza.

Em vez da fruta de Baco, em Setembro corrente, vindima-se o cinismo, o parasitismo, a hipocrisia mentirosa e oportunista. Uma “parreira” que em quatro anos nada produziu, atacada de filoxeras várias, e quer em três semanas prometer o céu e a terra enjeitando a inabilidade às costas da crise!
Pelo modo como um país, ou uma autarquia, evolui, enriquece ou empobrece a sua história ou o seu povo, podemos medir a capacidade intelectual de quem nos governa.

Ocorrem, nesta altura, reuniões políticas que mais parecem congressos de feitiçarias tal o discurso agressivo, ardiloso e rasteiro, deitando mão a meios ínvios e enganadores.

Os que ao longo de décadas têm ocupado o poder autárquico regional atribuem sempre a culpa ao antecessor para justificar o insucesso. Mas, afinal, não tem sido sempre a mesma orientação político partidária, viciada em servilismo intelectual, que abdica do gesto de mudança e do exercício livre, responsável, que o voto popular lhe conferiu?

É preciso saber despir, figurativamente é claro, a arrogância e prepotência de um “poder” que devia ser serviço, adoptar a força do empenho da mudança, do desenvolvimento, da recuperação da tradição apesar de toda a fatalidade económica presente. É preciso mudar a mentalidade dos que “mandam” e deixar que os munícipes participem de um projecto que os enriqueça e à terra onde vivem.

A força actuante da “mudança” é possível. “Deus quer, o Homem sonha, a obra nasce” (Fernando Pessoa). Aprendamos o lema e façamos a mudança!

IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS DA MADEIRA"
15/09/13

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