24/06/2013

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HOJE NO

" JORNAL DE NEGÓCIOS"

Agora é a vez de a China 
assustar os mercados

Há um aperto no crédito na China. O banco central não está a fornecer liquidez adicional. Prefere combater o sistema financeiro “sombra”. Com receios de perderem uma grande fonte de receitas, os bancos vão cedendo valor. Em bolsa, já se entrou em “bear market”. Com o aperto monetário, pergunta-se como irá crescer a segunda maior economia do mundo. Os mercados estão com medo.
1-A VERDADEIRA ECONOMIA CHINESA

Numa semana, os Estados Unidos. Na semana seguinte, a China. Os mercados têm estado em alta tensão. E foi sob uma forte pressão que iniciaram a semana.

O índice bolsista que reúne as 300 maiores empresas cotadas nas bolsas de Xangai e Shenzhen marcou, esta segunda-feira, a maior desvalorização diária desde 31 de Agosto de 2009. Deslizou 6,3%. Com o desempenho de hoje, o CSI 300 acumula uma descida de 21% desde o máximo de Fevereiro. Entrou, por isso, em “bear market” (mercado urso).

As ondas de choque não se ficaram pela China. Espalharam-se pelo globo. O vermelho está hoje a pintar os mercados accionistas, como aconteceu já na semana passada. Depois de o banco central dos Estados Unidos, a Reserva Federal, ter mostrado abertura para reduzir os estímulos monetários à maior economia do mundo, agora é a vez de o banco central da China, o Banco Popular, apertar as condições monetárias na segunda maior economia

O combate ao mundo sombra
Esse aperto acontece depois de o Banco Popular da China ter iniciado uma luta contra a explosão de crédito. O aumento expressivo, nos últimos anos, foi sustentado por produtos de poupança da banca que não são regulados mas cujas taxas são mais atractivas do que as oficiais. É o chamado sistema financeiro sombra.
2-A VERDADEIRA ECONOMIA CHINESA

Nas últimas semanas, começou a haver um aperto no fornecimento do crédito. Até este momento, o banco central sempre injectou dinheiro no sistema financeiro quando esse aperto se verificava. Tudo para manter as taxas praticadas no mercado interbancário em níveis adequados. Mas, desta vez, o banco não interveio. Não há dinheiro adicional. O economista do Nomura, Zhang Zhiwei, sublinha, em declarações citadas pelo “Financial Times”, que esta decisão mostra o compromisso da instituição com uma política de maior aperto monetário, que é o mesmo que dizer menos flexível.

A luta da China é contra este sistema financeiro sombra e contra o crédito especulativo, que colocou o país numa trajectória de endividamento excessivo. Segundo a publicação financeira londrina, muitos dos produtos negociados neste mercado informal são constituídos por estruturas complexas, muitas delas podem até ser insolventes.

As autoridades querem colocar as actividades aí praticadas sob controlo. Os bancos de média dimensão são os que mais se destacam, já que uma parte considerável das suas actividades não são reguladas.

 Foram, aliás, os bancos de dimensão média os mais afectados pela venda em força que ocorreu esta segunda-feira nos mercados bolsistas. Alguns bancos recuaram 10%. Os maiores cederam 3%. Ao todo, o sector da banca cotado no CSI 300 apresentou uma queda de 7,6%.

Perigo para os bancos de menor dimensão
Além disso, estes bancos são os mais dependentes do mercado interbancário, ou seja, são os que mais dependem de empréstimos feitos junto de outros bancos. Com as taxas interbancárias a subir para máximos históricos, com receios de um congelamento do mercado de crédito, estes bancos são os que estão em pior situação.
3-A VERDADEIRA ECONOMIA CHINESA
É para isso que alerta a agência de notação financeira Moody’s. Aquele que é o pior aperto do dinheiro em, pelo menos, uma década poderá afectar os bancos de menor dimensão, já que deverá haver uma erosão das margens devido a essa dependência. Serão eles os primeiros a registar problemas para se financiarem, se persistirem as actuais condições de mercado.

O Banco Popular da China, o banco central do país, considera, no comunicado da reunião do segundo trimestre, datado de 17 de Junho mas tornado público esta segunda-feira, que a actual liquidez no sistema financeiro é “razoável”, afastando o cenário de "cash crunch". Os bancos é que têm de ter cuidado com a expansão do seu próprio crédito, ou seja, as instituições financeiras é que têm de olhar para o balanço, alerta a entidade. As afirmações foram entendidas como um sinal de que o aperto ao crédito se irá manter.

 O alerta da agência de notícias
Esta tinha sido já uma mensagem passada por fontes oficiais ao longo do fim-de-semana. A agência de notícias estatal Xinhua lançou um comentário, este fim-de-semana, em que atribuía às actividades de especulação e ao sistema financeiro sombra as elevadas taxas praticadas no mercado interbancário, conforme conta a Reuters. A agência chinesa também afirmou que crise de liquidez não foi causada por qualquer problema na oferta – o que foi repetido pelo banco central quando defendeu que há níveis razoáveis de liquidez – mas sim por questões estruturais que impedem o dinheiro de alcançar a economia real.
4-A VERDADEIRA ECONOMIA CHINESA

“A recusa do banco central em injectar dinheiro no sistema, apesar da escalada das taxas de crédito no curto prazo, sugere que a política monetária começou a deixar de ter o seu foco na quantidade de liquidez de mercado para passá-lo para a qualidade”, escreve a Reuters citando a agência chinesa.

O primeiro-ministro da China desde Março, Li Keqiang (na foto), deu indicações, na semana passada, de que queria combater a especulação causada pelo dinheiro fácil. Isto quando afirmou que os bancos deveriam fazer uma utilização mais eficaz do crédito existente.

O futuro
Entretanto, já houve condições para que os bancos voltassem a fornecer créditos uns aos outros no final da semana passada. As taxas interbancárias começaram a descer - a Bloomberg diz que houve uma actuação do banco central. Mas isso não trouxe alívio para as acções.

Nos próximos seis a nove meses, teremos uma volatilidade e incerteza continuadas
James Bevan, da CCLA.

Há quem considere que o banco irá tornar as condições monetários mais flexíveis, nomeadamente tendo como base a ideia de que o Banco Popular da China poderá “ajustar” as suas políticas, conforme sublinhou no comunicado.

“O que estamos aqui a ver é uma mudança na agenda política da China, que terá lugar nos próximos seis a nove meses. Durante esse período, teremos uma volatilidade e incerteza continuadas”, comentou à Bloomberg James Bevan, responsável pela equipa de investimento da CCLA.
5-A VERDADEIRA ECONOMIA CHINESA

As acções podem ter ainda um caminho de descida pela frente, com a diminuição do crédito a afectar a confiança dos investidores, segundo David Poh, responsável numa unidade do Société Générale em Singapura. A falta de liquidez irá afectar as empresas chinesas, avisou, numa análise citada pela Bloomberg.

A mesma ideia tem Kelvin Wong, do Bank Julius Baer, cuja análise também foi divulgada pela agência de informação. A disposição do governo chinês em aceitar um crescimento mais lento indicia que não irá anunciar medidas de estímulo nos próximos dois a três meses. Ainda assim, a casa de investimento tem uma perspectiva positiva em relação às acções da potência asiática no médio prazo.

Os efeitos sobre o crescimento
O que os investidores temem – e muita da desvalorização nos mercados tem sido justificada por este argumento – é que as condições de crédito afectem o desempenho da economia chinesa.
6-A VERDADEIRA ECONOMIA CHINESA

“As taxas de curto prazo que estejam, de uma forma persistente, em alta vão desanimar ainda mais a actividade económica, que já está com um ritmo lento”, comentou Liu Li-Gang, economista em Hong Kong à Bloomberg.




 “Embora a intenção seja boa, o aperto monetário cria um ambiente adverso para o crescimento económico e a economia já está em abrandamento”.
Shen Jianguang, da Mizuho Securities

O Goldman Sachs cortou as previsões para o crescimento económico na China em 2013. Em vez de uma expansão anual de 7,8%, o banco estima agora um crescimento de 7,4%. O aperto na liquidez está a ter efeitos negativos sobre o crescimento, justifica. O banco de investimento China International Capital Corporation Limited reduziu, igualmente, as estimativas de 7,7% para 7,4%. Há quatro trimestres consecutivos, que a economia expande-se a um ritmo inferior a 8%, sublinha a Bloomberg.

“Embora a intenção seja boa, o aperto monetário cria um ambiente adverso para o crescimento económico e a economia já está em abrandamento”, comentou ao “Financial Times” o economista Shen Jianguang, da Mizuho Securities.

Uma das conclusões que se pode retirar deste caso é, de acordo com o FT, que os líderes chineses estarão disponíveis para um caminho de crescimento mais lento, mas também mais sustentável, da potência asiática.

O economista Liu Li-Gang, em Hong Kong, também segue essa ideia mas deixa um alerta. “Apesar de o novo governo parecer disponível para tolerar um crescimento mais lento, ele terá de honrar a meta de crescimento de 7,5% estabelecida para este ano. De outra forma, corre o risco de perder a sua credibilidade”.

* A economia da China é uma economia de ética contrafeita produzida num qualquer ministério pechebeque. É uma economia fraudolenta a quem os patarecos ocidentais abriram os braços na prespectiva do lucro fácil o que é verdade, mas no futuro o prejuízo vai ser rápido e esmagador, segundo os ditames da ditadura chinesa.
95% dos chineses vivem do modo que as imagens documentam! 

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