17/05/2013

JOANA PETIZ

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O seu emprego 
dá-lhe vontade de chorar?

Está farto de aturar gente estúpida, de correr para a frente e para trás por causa da incompetência dos seus colegas e de fazer horas extraordinárias a troco de uma fatia de pizza mirrada e fria só porque o seu chefe é incapaz de se organizar. No trabalho que faz, está claramente desvalorizado e desmotivado e os rumores de que novos despedimentos estão para vir não ajudam nada a levantar-lhe o moral.

OK, o seu emprego é lamentável. Talvez não tanto quanto o do desgraçado que tem de limpar o fosso dos ursos no jardim zoológico, mas ainda assim, lamentável. E além disso, com o mal dos outros pode você bem, correcto? A verdade é que se pudesse saía do escritório agora mesmo e nunca mais voltava. Nem olhava para trás. E se lhe ligassem a perguntar por si, ao fim de um par de dias desaparecido das lides profissionais, dir-lhes-ia simplesmente: “Fui. E não volto.” Deixava-os a imaginar se teria herdado uma fortuna ou acertado no jackpot ou apenas enlouquecido de vez. Um sonho, não é?
Mas provavelmente não se sentiria tão livre, tão grande, tão heróico quando a razão voltasse a dominar e caísse em si, sem dinheiro ou perspectivas – e com uma série de portas definitivamente fechadas, pelo menos enquanto os seus colegas e os amigos destes se lembrassem do seu grito do Ipiranga.
Esta é porventura a pior altura de atirar tudo para trás das costas e começar de novo. Então o que lhe resta? Talvez tornar a sua vida o menos má possível. Começando por fazer um esforço para não se arrastar todos os dias pelo escritório com a certeza de ser a pessoa mais infeliz do mundo.
Está deprimido e desanimado? Antecipe a hora de almoço e em vez de se enfiar na copa bafienta da sua empresa saia para rua, apanhe um bocado de sol, tome um refresco. Depois, pense no que pode fazer para antecipar problemas e acabar o seu trabalho a horas de ainda ver a luz do dia quando sair do escritório. Se conseguir, faça um esforço extra de maneira a ter todo o trabalho da semana pronto ao fim de quatro dias e peça um dia de folga para juntar ao fim-de-semana – um dia fora sem estar a contar é verdadeiramente revigorante.
E faça um esforço por não pensar em trabalho quando não está a trabalhar. Aproveite ao máximo os tempos livres, as noites, os fins-de-semana. Combine programas com amigos, aproveite a companhia da família, vá ver aquele filme que anda há semanas a querer ver. E verá que, à segunda-feira, não acordará com aquela sensação de a sua vida ser só o marasmo do escritório.
No trabalho, enquanto não tem grandes vitórias, valorize os pequenos sucessos e esforce-se por ajudar aqueles que estão mais atrapalhados a atingirem os seus objectivos. A solidariedade tem destas coisas, ao fim do dia, vai sentir-se uma pessoa mais realizada. E verá que o seu humor melhora – e com ele o daqueles que estão à sua volta. Especialmente se chefia uma equipa. Os sorrisos são contagiosos e definitivamente melhoram o ambiente; se for simpático e atencioso a falar com os outros, dificilmente lhe responderão com sete pedras na mão (veja o que a Harvard Business Review diz sobre o assunto).
E no fim do dia, se conseguir tornar-se um elemento simplificador no escritório – e não apenas um mono mais que se arrasta sem fazer grande coisa –, caso se confirmem os rumores de despedimentos, ninguém no seu juízo perfeito quererá vê-lo fora dali.

IN "DINHEIRO VIVO"
13/05/13

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