13/02/2013

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Bancos têm 23 mil milhões de euros 
de crédito malparado 

 CGD, BCP, BPI, BES e Santander Totta têm 12 mil milhões de euros em incumprimento há mais de 90 dias 

A conjuntura económica recessiva penalizou fortemente a qualidade do crédito da banca portuguesa em 2012. O novo rácio de malparado imposto pela troika – crédito em risco – situou-se, em média, nos 8,1% do total da carteira de crédito dos cinco maiores bancos a operar no mercado português.
A CGD, o BCP, o BPI, o BES e o Santander Totta tinham, a 31 de Dezembro, cerca de 23,3 mil milhões de euros de crédito em risco. Este rácio, criado pelo Banco de Portugal por imposição da troika e que entrou em vigor em Setembro de 2011, contabiliza, além do crédito vencido há mais de 90 dias e do crédito vincendo associado, o crédito reestruturado (que anteriormente tinha prestações em atraso há mais de 90 dias) e outro crédito sobre o qual existam indicações que justifiquem a sua classificação como crédito em risco, designadamente a falência ou liquidação do devedor.

De acordo com os resultados divulgados pelos cinco grandes da banca nacional, o crédito em risco disparou de mais de 17,8 mil milhões no final de 2011 para cerca de 23,3 mil milhões a 31 de Dezembro de 2012. Foram mais 5,5 mil milhões de euros a ser rotulados como crédito em risco em apenas 12 meses, o que empurrou o rácio de 5,9% para 8,1% na média dos cinco bancos.

Em termos relativos, o BCP apresenta o rácio mais elevado com 13,1% do crédito total em risco. O banco liderado por Nuno Amado registou também o maior agravamento neste indicador, mais três pontos percentuais que os 10,1% do final de 2011. A instituição contabilizava, no final de 2012, mais de 8,8 mil milhões de euros de empréstimos em risco.

O BES tem o segundo maior rácio (9,44%), quase ao mesmo nível da CGD (9,4%). No entanto, em termos absolutos, o incumprimento enfrentado pela CGD disparou 1,8 mil milhões de euros, para um total de 7,4 mil milhões.
O BPI e o Santander Totta apresentam rácios abaixo da média do sistema, 4,33% e 4,1% respectivamente. O indicador de crédito em risco não obriga as instituições a constituir mais provisões e também não afecta os rácios de capital.
90 dias Os clientes dos cinco bancos deixaram de pagar mais de cerca de 3,4 mil milhões de euros, arrastando o incumprimento para um total superior a 12 mil milhões de euros, contabilizando apenas as prestações e juros vencidos há mais de 90 dias. O rácio médio do crédito vencido há três meses avançou de 3,1% para 4,4%.

Em termos globais, o maior agravamento ocorre no crédito a empresas, sobretudo do sector da construção, imobiliário e comércio, e nos empréstimos a particulares para consumo e finalidades diversas. O crédito à habitação continua a ser o segmento que apresenta o menor crescimento de malparado, com taxas pouco acima de 1%.
Assim, o agravamento da sinistralidade do crédito tem repercussões inevitáveis no reforço de provisões para a desvalorização dos activos. As instituições viram--se forçadas a provisionar cerca de 5,5 mil milhões de euros em 2012.

Banqueiros e regulador do sector bancário não têm dúvidas que estes indicadores vão continuar a agravar-se nos próximos trimestres, o que penaliza a rendibilidade das instituições.

* Para além da "veia salobra" do consumismo que rebentou no crânio dos portugueses desde os fecundos tempos do cavaquismo, temos as dificuldades de quem programou pagar organizadamente e ficou sem salário, ou empresas que fecharam por não haver consumo, mas também a "conivência" banqueira que entregava cartões de crédito como quem distribuía confetis.

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