HOJE NO
"i"
"i"
Passos ameaça Portas:
“Se o governo cair, o senhor será responsável por um segundo resgate”
Foi uma conversa a dois seca e muito dura. Passos Coelho disse a Paulo
Portas na segunda- -feira que a proposta do Orçamento era definitiva e
que qualquer objecção do CDS provocaria o fim do governo de coligação.
Mais: apresentaria de imediato a demissão a Cavaco Silva e
responsabilizaria Paulo Portas e o CDS pelo pedido de um segundo resgate
de Portugal.
As relações entre Passos Coelho e Paulo Portas nunca foram óptimas.
Antes pelo contrário. E foram arrefecendo com o tempo, a ponto de o
líder do CDS se queixar de não ser ouvido em matérias fundamentais pelo
primeiro-ministro, que sempre privilegiou um círculo onde estão os
inevitáveis Braga de Macedo e António Borges.
Mas desde 7 de Setembro,
altura em que Passos Coelho anunciou as alterações à TSU sabendo que
Paulo Portas estava contra, a tensão entre os dois líderes da coligação
atingiu limites próximos da ruptura. A discussão do Orçamento do Estado
para 2013, com as longas maratonas em Conselhos de Ministros
extraordinários, não veio ajudar em nada o mau ambiente que se vive não
só entre Passos e Portas, mas também com outros ministros independentes e
do PSD.
No primeiro caso estão Paulo Macedo, da Saúde, e Álvaro Santos
Pereira, da Economia, que chegou a propor a redução para 12,5% da taxa
de IRC, e no segundo Paula Teixeira da Cruz, da Justiça, muito crítica
da proposta de Vítor Gaspar. E todos os ministros, com excepção de
Passos e Gaspar, se sentiram verdadeiramente humilhados quando chegaram
ao Conselho de Ministros de segunda-feira e ouviram Passos Coelho dizer
que o Orçamento estava fechado e não havia espaço para quaisquer
alterações. E isto porque, depois da maratona de 20 horas do Conselho de
Ministros de 10 de Outubro, os ministros passaram os dias e o próprio
fim-de--semana a preparar propostas de cortes nas despesas dos
respectivos ministérios de modo a ser viável um alívio na brutal carga
fiscal imposta por Gaspar.
E foi antes dessa humilhante reunião do Conselho de Ministros de
segunda-feira, que decorreu num ambiente de alta tensão e com os
ministros em silêncio absoluto, que Passos Coelho falou com Paulo Portas
de uma forma que algumas fontes próximas do líder do CDS classificam de
pura chantagem política. Basicamente, o primeiro-ministro disse ao seu
ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros que estava disposto a
romper a coligação e a apresentar a demissão ao Presidente da República
caso o CDS levantasse a mínima objecção ao Orçamento avançado por Vítor
Gaspar. Para tornar ainda mais clara a sua posição, Passos Coelho avisou
Paulo Portas de que o PSD iria responsabilizar o CDS pelo pedido de um
segundo resgate a Portugal.
Com esta tomada de posição, a ruptura política e pessoal entre os dois
responsáveis pela coligação é já um facto consumado e pode vir a
provocar o fim do governo mais cedo do que se imagina. Até porque a
situação no interior do CDS começa a ser explosiva e a influência que
Paulo Portas exerce sobre os principais dirigentes centristas pode não
ser suficiente para impedir a revolta do partido do Largo do Caldas.
Agora que o Orçamento começa a ser discutido no parlamento, será muito
difícil Paulo Portas impedir a apresentação de propostas de alteração
pelos deputados centristas, que ficaram mais uma vez revoltados com o
tom irónico e arrogante de Vítor Gaspar na reunião de ontem com os
grupos parlamentares da coligação, particularmente quando afirmou que
todas as propostas teriam de ser sujeitas à aprovação da troika.
Passos Coelho desmente
conversa com Portas
Direito de resposta do gabinete de Pedro Passos Coelho:
Relativamente à peça publicada na edição de hoje do vosso Jornal, na página 19, sob o título “Ameaça de Passos a Portas”,
o Primeiro-Ministro desmente categoricamente que tenha tido lugar a
alegada conversa com o Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros na
passada Segunda-feira, 15 de Outubro, dia em que o Conselho de
Ministros aprovou a proposta de Lei do Orçamento de Estado para 2013
posteriormente entregue na Assembleia da República. O autor do artigo
atribui ao Primeiro-Ministro uma frase e um diálogo inexistentes, quanto
aos seus termos e ao seu conteúdo. A notícia é pura e simplesmente
falsa, carecendo de qualquer fundamento. Solicitamos assim, ao abrigo do
direito de resposta, que este desmentido seja objecto do tratamento
adequado, designadamente através da sua divulgação imediata na edição
“online” do vosso Jornal e na edição impressa de amanhã.
Paulo Portas também nega
conversa com Passos Coelho
Direito de resposta do gabinete de Paulo Portas:
O Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros não teve qualquer
encontro ou conversa com o Primeiro-ministro na passada segunda-feira ,
antes do Conselho de Ministros.
O Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros não tem por hábito
comentar quaisquer conversas ou encontros com o Primeiro-ministro .
Apenas se acrescenta que o alegado “diálogo” citado na noticia não tem
qualquer aderência com a verdade.
* Ficamos à espera da reacção da direcção do "i"
.
Sem comentários:
Enviar um comentário