09/04/2012

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Vinho 


é cultura


CULTURA É LIBERDADE





REGIÃO 
TERRAS DO DÃO 
E LAFÕES





Na área geográfica actualmente identificada como sendo a IG "Terras do Dão" (correspondente à anteriormente designada por zona da Beira Alta) encontramos duas áreas delimitadas para a produção de vinhos com Denominação de Origem.

A área geográfica de produção DO "Dão", situada no centro Norte de Portugal, num enclave montanhoso, encontra-se rodeada a Poente pelos picos do Caramulo e do Buçaco e a Norte e Leste pelas imponentes serras da Nave e da Estrela que constituem uma barreira importante às massas húmidas do litoral e aos ventos agrestes continentais.

Esta região, onde as vinhas predominam entre as cotas de 400-500 m, indo no entanto até aos 800 m, possui solos graníticos geralmente de baixa fertilidade, com afloramentos xistosos a Sul e a Poente. Possui um clima que embora sendo temperado, é, no entanto, bastante frio e chuvoso no Inverno e, frequentemente, muito seco e quente no Verão.

Um pouco a Norte desta região, podem ser produzidos os vinhos com a DO "Lafões".

Os solos, de origem granítica com manchas de xistos pré-câmbricos, são frequentemente húmicos e férteis. A região, contudo, apresenta algumas semelhanças com a região dos Vinhos Verdes, quer pelo tipo de condução das videiras que se encontram nos campos de cultura a servir de bordaduras, encostadas a "uveiras", em latadas ou ramadas, predominando desta forma a vinha alta, quer pelas características do vinho branco (pouco alcoólico, rico em ácido málico e bastante frutado) e do vinho tinto, com boa capacidade de envelhecimento.

Na Idade Média, a vinha foi essencialmente desenvolvida pelo clero, especialmente pelos monges de Cister. Era o clero que conhecia a maioria das práticas agrícolas e como exercia muita influência na população, conseguiu ocupar muitas terras com vinha e aumentar a produção vitícola. Todavia, foi a partir da segunda metade do século XIX, após as pragas do míldio e da filoxera, que a região conheceu um grande desenvolvimento. Em 1908, a área de produção de vinho foi delimitada, tornando-se na segunda região demarcada portuguesa.

O Dão é uma região com muitos produtores, onde cada um detém pequenas propriedades. Durante décadas, as uvas foram entregues às adegas cooperativas encarregadas da produção do vinho. O vinho era, posteriormente, vendido a retalho a grandes e médias empresas, que o engarrafavam e vendiam com as suas marcas.
VINHAS VELHAS DE JAEN
Com a entrada de Portugal na CEE (1986) houve necessidade de alterar o sistema de produção e comercialização dos vinhos do Dão. Grande parte das empresas de fora da região que adquiriam vinho às adegas cooperativas locais, iniciaram as suas explorações na região e compraram terras para cultivo de vinha. Por outro lado, as cooperativas iniciaram um processo de modernização das adegas e começaram a comercializar marcas próprias, enquanto pequenos produtores da região decidiram começar a produzir os seus vinhos. As vinhas passaram também por um processo de reestruturação com a aplicação de novas técnicas vinícolas e escolha de castas apropriadas para a região.

As vinhas são constituídas por uma grande diversidade de castas, entre as quais a Touriga Nacional, Alfrocheiro, Jaen e Tinta Roriz (nas variedades tintas) e Encruzado, Bical, Cercial, Malvasia Fina e Verdelho (nas variedades brancas). Os vinhos brancos são bastantes aromáticos, frutados e bastante equilibrados. Os tintos são bem encorpados, aromáticos e podem ganhar bastante complexidade após envelhecimento em garrafa.

HISTÓRIA
Não é possível determinar com exactidão quando começou a prática da vitivinicultura no Dão. Sabe-se que é anterior à nacionalidade portuguesa, sendo claramente um reflexo das diferentes culturas que formam ocupando diversas zonas da Península Ibérica.
VIRIATO
Em 18 de Setembro de 1908 uma Carta de Lei estabelece formalmente a Região Demarcada do Dão. O regulamento para a produção e comercialização dos vinhos aí produzidos surge dois anos volvidos, em 25 de Maio de 1910, com o Decreto regulamentar. Com esta decisão, o Dão torna-se a primeira região de vinhos não licorosos a ser demarcada e regulamentada no nosso país. Beneficiou de diversos factores para conseguir tal distinção:

Prestigio
Os vinhos do Dão eram comercializados a preços mais elevados que a média nacional, beneficiando dos elogios dos técnicos agrícolas da época, como António Augusto Aguiar. Além disso, os vinhos do Dão, em finais do século XIX conseguiram obter distinções nas grandes exposições nacionais e internacionais da altura em Lisboa, Londres, Berlim e Paris.

Grande Produtores
A Região do Dão beneficiava da presença de grandes produtores de vinho sendo que algumas propriedades eram vistas como pioneiras e mesmo modelo a nível nacional. 
CASA DA ÍNSUA
 Destacavam-se os nomes Casa da Ínsua, Conde de Vilar Seco, Conde de Santar ou José Caetano dos Reis.



Influência Política -
Entre 18 de Setembro de 1908 (data da primeira delimitação da região) e 25 de Maio de 1910 (data de regulamentação) foi exercida uma intensa pressão social e política pelas forças sociais e políticas da região nos jornais locais e nacionais, no Parlamento, em reuniões sectoriais, etc. Contavam-se aí instituições agrícolas importantes, como os sindicatos agrícolas de Nelas e Vila Nova de Tazem ou a Liga Regional dos Agricultores da Beira. Nomes ligados ao associativismo agrícola (como Pedro Ferreira do Santos, José Caetano dos Reis ou Joaquim Paes de Brito), autarcas (como Joaquim Paes da Cunha, presidente da Câmara Municipal de Nelas) e representantes regionais na Câmara dos Deputados (como Afonso de Mello, António Pereira Vitorino, José Vitorino, Cabral Metello ou José de Matos Cid) ajudaram à demarcação da região com intervenções diversas e a vários níveis.

 O Dão ficou desde sempre afamado pela produção de vinhos de mesa com um perfil muito particular: vinhos nobres, elegantes, boas escolhas para acompanhar variadas criações gastronómicas, com elevado potencial de guarda e até com algumas semelhanças com a prestigiada região francesa da Borgonha.
Já no século XIX era significativa a exportação de vinhos do Dão para França e Brasil. Todas estas características foram sendo reconhecidas e apreciadas pelos consumidores, com o Dão a assumir-se como região privilegiada no país para a produção de vinho.

Todavia, a partir das décadas de ’60 e ’70 do século XX, a produção dos vinhos do Dão foi-se deteriorando, uma vez que se começou a apostar mais no volume de produção e menos na qualidade. As adegas cooperativas dominavam o mercado e o Dão ressentiu-se de toda a orientação seguida nessa época.

Depois de uma certa “travessia do deserto”, o Dão foi retomando o caminho mais correcto, sobretudo a partir de meados da década de ’90, momento em que se começou a verificar uma melhoria muito significativa da generalidade dos vinhos da região, o que tem permitido um renascimento fantástico, muito devido ao investimento de pequenos vitivinicultores na região donde surgiram os vinhos de Quinta. Às novas práticas vitícolas e às novas tecnologias de vinificação aliou-se um espírito empreendedor de querer fazer melhor, com resultados que têm provado que as novas opções têm sido as mais correctas. Algumas das mais importantes empresas de vinho portuguesas estão representadas no Dão, somando-se inúmeros produtores privados que têm conseguido vinho de quinta de qualidade já reconhecida.


SUB-REGIÕES

As vinhas, as paisagens, os cantos e encantos da Região Demarcada do Dão revelam os seus segredos em cada uma das sub-regiões. Conhecer cada uma delas é viajar na identidade dos próprios vinhos.
Dê agora um primeiro passo nessa longa e gratificante viagem a uma região de sensações.

A legislação base da Região contempla a existência das seguintes sub-regiões, com personalidade própria:

SERRA DA ESTRELA
unção das freguesias de Arcozelo da Serra, Cativelos, Figueiró da Serra, Freixo da Serra, Lagarinhos, Meio, Moimenta da Serra, Nabais, Nespereira, Paços da Serra, Ribamondego, Rio Torto, São Julião, São Paio, São Pedro, Vila Cortez da Serra, Vila Franca da Serra, Vila Nova de Tazem e Vinhó.
 Do município de Gouveia, e das freguesias de Carragosela, Folhadosa, Girabolhos, Lages, Paranhos da Beira, Pinhanços, São Martinho, São Romão, Sameice, Sandomil, Santa Comba de Seia, Santa Eulália, Santa Marinha, Santiago, Seia, Torrozelo, Tourais, Travancinha e Várzea de Meruge, pertencentes ao município de Seia.

BESTEIROS

Formada pelos municípios de Mortágua e de Santa Comba Dão na sua totalidade e pelas freguesias de Barreiro de Besteiros, Campo de Besteiros, Canas de Santa Maria, Caparrosa, Castelões, Dardavaz, Ferreirós do Dão, Lageosa do Dão, Lobão da Beira, Molelos, Mosteiro de Fráguas, Mouraz, Nandufe, Parada de Gonta, Sabugosa, Santiago de Besteiros, São Miguel do Outeiro, Tonda, Tondela, Tourigo, Vila Nova da Rainha e Vilar de Besteiros, todas do município de Tondela.

CASTENDO
Composta pelo município de Penalva do Castelo e pelas freguesias de Rio de Moinhos e Silvã de Cima do município de Sátão.

SILGUEIROS
Freguesias de Fragosela, Povolide, São João de Lourosa, Santos Evos e Silgueiros, do município de Viseu.

TERRAS DE AZURARA
Formada apenas pelo município de Mangualde.

TERRAS DE SENHORIM
Conjugação dos municípios de Carregal do Sal e de Nelas

DO ALVA
Constituída pelos municípios de Oliveira do Hospital e de Tábua.

ROTA DO VINHO
“Tudo nestas paragens são grandezas”, escreveu José Saramago a propósito da região onde se produz o milenar vinho do Dão. Aqui sente-se a herança dos antigos monges agricultores, que marcaram de forma indelével as construções religiosas, a cultura da vinha e o modo de produzir o precioso néctar. 
Com a linha da poderosa Serra da Estrela a pontuar o horizonte, o Dão, com os seus Invernos chuvosos e verões quentes e secos, é zona de pequena propriedade, com vegetação exuberante, ar puro e numerosos cursos de águas límpidas correndo sobre berço granítico. Pinheiro bravo, carvalho e castanheiro são vulgares, mas é a vinha que predomina, com mais de 70 milhões de cepas plantadas. E que cepas! Terá sido no Dão, na aldeia de Tourigo, que nasceu aquela que é por muitos considerada a rainha das castas tintas portuguesas: a Touriga Nacional. Queijo, cabrito, presunto, enchidos, preenchem um longo e saboroso cardápio gastronómico. Frutos de grande carácter, como a maçã bravo de Esmolfe, são típicos da região. E há, além de centros urbanos carregados de história que interessa visitar (Viseu, Penalva do Castelo, Oliveira do Hospital, Seia), velhas aldeias perdidas no fundo dos vales ou nos altos das montanhas, à espera de serem (re)descobertas.



REGIÃO DE LAFÕES
O nome desta região tem origem árabe e significa "dois irmãos", devido aos dois montes existentes, hoje chamados Castelo e Lafões. Apesar da secular tradição vinícola, os vinhos produzidos nesta zona apenas se afirmaram no início do século XX, com o reconhecimento das suas características particulares, conferidas pelos aspectos geográficos, climáticos e humanos.

A Denominação de Origem de Lafões é uma pequena região no norte do Dão com poucos produtores. Apesar disso, os vinhos tintos da região são especialmente reconhecidos pela sua luminosidade enquanto os brancos são caracterizados por elevada acidez. As castas Amaral e Jaen são as mais utilizadas na produção de vinho tinto, enquanto as castas Arinto, Cercial e Rabo de Ovelha são as preferidas na produção de vinho branco.

 

IN:
- INSTITUTO DA VINHA E DO VINHO
- VINI PORTUGAL
- INFOVINI
- http://www.cvrdao.pt/



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