Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
20/11/2011
Ali Carr-Chellman
Jogar para reempenhar rapazes a estudar
Ali-Chellman aponta três razões pelas quais os rapazes estão a dessintonizar-se da escola em massa, e propõe um plano arrojado para os reempenhar: trazendo a sua cultura para a sala de aula, com novas regras que permitam aos rapazes serem rapazes, e jogos de vídeo que ensinam e também entretêem.
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Arrancou esta semana
o Lisbon Startup Weekend
É possível criar uma empresa em 54 horas? Os mentores do Startup Weekend não têm dúvidas sobre o assunto e vão demonstrá-lo entre 18 e 20 de novembro no LX Factory, em Lisboa.
Desde o lançamento, em 2007, o evento organizado pela Kauffman Foundation (http://startupweekend.org) já passou por 295 cidades do mundo, tendo ajudado a criar mais de 2450 empresas.
O site dedicado ao Startup Weekend revela ainda outros números: metade dos participantes tem competências ao nível técnico, enquanto a restante metade tem experiência do ponto de vista do negócio; pelo menos 36% das empresas criadas durante este evento patrocinado pela Zon continuam ativas três meses depois.
A participação pressupõe o pagamento de um ingresso: 20 euros para estudantes; 40 euros para profissionais.
Por este valores, os participantes podem submeter as suas ideias a um júri constituído por empresários e empreendedores e beneficiar da formação de especialistas na constituição de startups.
* Lisboa no topo tecnológico
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HELENA GARRIDO
Os salários privados em mil e um mundos
A proposta da troika de cortar salários no sector privado é de quem não conhece a economia portuguesa. E de quem, reivindicando-se amigo do mercado, é centralista e gosta de governar por decretos. Ainda bem que a ameaça de agravar o défice público e o crédito malparado impediu uma asneira.
Perdida a batalha da taxa social única, eis que a troika volta a atacar na mesma frente, desta vez com a ideia de cortes salariais no sector privado, pressupõe-se que por decreto ou pela via da revisão da Lei, criando ainda mais tensão social.
Claro que é preciso alterar a legislação laboral para permitir que se possa reduzir salários. Não faz sentido, neste como noutros domínios da vida portuguesa, ter leis que não funcionam e estão desajustadas da realidade. Só agrava o já tão frágil Estado de Direito.
A proibição de cortes salariais só não gera mais falências e desemprego em conjunturas de inflação elevada como as que se observaram em Portugal entre meados da década de 70 e o início da década de 90. Com inflação alta, os salários são cortados sem dor. As pessoas aceitavam naqueles tempos aumentos de 15% com inflação em valores da ordem dos 30%.
A integração de Portugal no euro significou entrar num regime de inflação baixa, onde um pequeno país sozinho não corrige desequilíbrios com ilusões monetárias. Mas as empresas precisam de ajustar os seus custos aos proveitos, precisam de se adaptar à conjuntura. E a folha salarial é, frequentemente, a única parcela dos custos em que podem mexer.
O que fizeram e fazem os empresários para ultrapassar a ilegalidade de cortar salários?
As grandes empresas, com bons gestores, perceberam logo na altura da entrada de Portugal no euro que tinham de criar uma margem de flexibilidade. E assim proliferou a componente variável dos salários – que pode ser retirada em qualquer altura. Claro que não resolveram o problema todo, nomeadamente o dos direitos adquiridos. Mas esses, no sector privado, só podem pesar pouco neste momento.
As pequenas e médias empresas, é preciso dizê-lo, cometem ilegalidades. São muitos os casos que todos nós já conhecemos de pessoas que aceitaram cortes nos seus salários por acordo (também ele ilegal) com a entidade patronal.
Esta flexibilidade do mercado de trabalho português – que se revelou também noutras crises – mantém-se, como começam a demonstrar as estatísticas dos custos do trabalho. E como a regras de acesso ao subsídio de desemprego se tornaram mais apertadas, essa flexibilidade só se pode ter reforçado.
Obviamente que há abusos. Que haverá empresários que, apesar de estarem sem qualquer problema, vão aproveitar a conjuntura para ganharem ainda mais margem. Mas o País também mudou alguma coisa neste domínio. Os empresários dos Ferraris foram substituídos por gestores de grandes empresas de BMW.
É pena que a troika, símbolo das virtudes do mercado, pareça acreditar tão pouco no funcionamento do mercado. Ainda bem que o medo de perder receita fiscal e aumentar o crédito malparado evitou medidas que apenas criavam mais uma frente de tensão social. A mudança da legislação laboral pode esperar. O mercado está a funcionar.
IN "JORNAL DE NEGÓCIOS"
17/11/11
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Dia Mundial para a
Prevenção do Abuso de Crianças
19 de Novembro
ALERTA PARA TODOS OS DIAS
"Mais de 20 mil crianças morrem por ano nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), sendo mais de 3.500 vítimas de violência e maus-tratos".
Os números foram recentemente divulgados num relatório do Centro de Pesquisa Innocenti da UNICEF e são sublinhados hoje, Dia Mundial para a Prevenção do Abuso de Crianças.
Os números foram recentemente divulgados num relatório do Centro de Pesquisa Innocenti da UNICEF e são sublinhados hoje, Dia Mundial para a Prevenção do Abuso de Crianças.
A nível nacional, e segundo dados recentes das Comissões de Protecção de Crianças e Jovens em Risco, em 2006 houve acréscimo de mais 10 mil processos do que em 2005. No total, 22.673 menores foram assistidos, sendo na maioria vítimas de negligência e maus-tratos.
Para assinalar este 19 de Novembro - data que que pretende alertar os Governos e as organizações da Sociedade Civil para um papel mais activo na promoção e respeito dos Direitos da Criança (artigos 19º e 34º da Convenção dos Direitos da Criança), a Associação de Mulheres Contra a Violência (AMCV) exibe um spot televisivo na SIC que alerta para o dever do Estado e responsabilidade de todos na protecção das crianças e prevenção da violência.
Ainda no âmbito das iniciativas que assinalam esta data e a Sociedade Internacional para a Prevenção do Abuso e Negligência de Crianças (ISPCAN) organizam Conferência Regional Europeia sobre o Abuso e Negligência de Crianças, que até ao próximo dia 21 irá reunir peritas/os internacionais e profissionais de 60 países no Centro de Congressos de Lisboa.
Em debate vão estar as questões: Será possível parar o Abuso e Negligência de Crianças? O que poderemos aprender com os sobreviventes e seus familiares? Serão os actuais modelos de prevenção e intervenção eficazes?
Entre outros conferencistas, destaque-se a presença de Arnon Bentowim (Reino Unido), Kevin Browne (Reino Unido), Claire Brisset (França), Bragi Gudbrandsson (Islândia) e Carl Göran Svedin (Suécia).
Constituída notarialmente em 1993, a Associação de Mulheres Contra a Violência é uma organização não governamental (ONG), independente, laica e sem fins lucrativos, cuja missão é questionar e desafiar as atitudes, crenças e padrões culturais que perpetuam e legitimam a violência contra as Mulheres, Crianças e Jovens.
É membro fundador da Associação Portuguesa para a Prevenção do Abuso e Negligência de Crianças (2005).
É membro fundador da Associação Portuguesa para a Prevenção do Abuso e Negligência de Crianças (2005).
Alameda D. Afonso Henriques nº 78 - 1º Esq. 1000-125 Lisboa - Portugal
Telf: 21 3802160 | E-mail: sede@amcv.org.pt | Web: www.amcv.org.pt
Quercus defende mecanismos
económicos para incentivar
redução de lixo
A associação ambientalista Quercus defendeu hoje que os portugueses não estão sensibilizados para a necessidade de reduzir a produção de lixo e que são necessários mecanismos económicos para incentivar comportamentos mais correctos.
Na produção de resíduos, «os portugueses ainda não estão sensibilizados, mas esta questão não se faz apenas com campanhas, faz-se essencialmente com mecanismos económicos», disse à agência Lusa Rui Berkemeier, da Quercus, referindo o exemplo dos sacos de plástico, que enquanto forem oferecidos nas lojas serão levados para casa, mesmo quando não são necessários.
Para Rui Berkemeier, que falava a propósito da Semana Europeia de Prevenção de Resíduos, que se iniciou no sábado, «o essencial são medidas que encaminhem as pessoas para os comportamentos mais correctos e que penalizem, economicamente ou de outras formas, quem não tem comportamento adequado».
Outra situação apontada pelo ambientalista relaciona-se com o facto de, em Portugal, não se pagar o serviço de recolha de lixo em função do que se produz, ao contrário do que acontece nalguns países, e da taxa ser definida em função do consumo de água, «o que não faz sentido».
Em Portugal, a produção de resíduos urbanos ronda os 500 quilos por ano por habitante, ou seja, cerca de cinco milhões de toneladas por ano, abaixo de alguns países mais desenvolvidos. Contudo, defende o especialista, para a riqueza do país «produzimos mais resíduos do que aquilo que devíamos».
«Estamos a reduzir ou estabilizar a produção de resíduos, pensamos que devido meramente à crise económica, pois os portugueses reduzem consumo e, logo, geram menos resíduos», explicou.
Dos cinco milhões de toneladas de resíduos urbanos produzidos por ano, 60 a 64 por cento (%) vão ainda para aterros sanitários, cerca de 20% para incineradoras e 18 a 19% para reciclar, uma situação que – segundo o ambientalista – mostra que «há um caminho muito grande a percorrer» na reciclagem.
«Existem metas para reciclagem de embalagens e pensamos que Portugal não vai conseguir atingir a meta de reciclagem no plástico. No vidro também está difícil de atingir», resumiu Rui Berkemeier.
As metas para reciclagem são mais ambiciosas são para 2020 e apontam para que Portugal tenha de reciclar metade dos resíduos urbanos, ou seja, tudo o que é plástico, papel, vidro metal, madeira.
«Temos de fazer um esforço completamente diferente do que temos feito até agora, quando mais de 80 por cento dos resíduos vão para aterro e para incinerar», realçou.
Rui Berkemeier referiu igualmente a parte do lixo orgânico, que considera «muito atrasada».
Portugal «não tem estado a cumprir a directiva que obriga a retirar matéria orgânica dos aterros e está a construir várias unidades de tratamento de resíduos urbanos», realçou.
* Alguém que ouça estas verdades.
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Assunção Esteves: "Política perdeu peso para o poder económico"
A presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, criticou a atuação dos partidos europeus na atual crise.
"Os partidos europeus estão a falhar o seu papel. Estão silenciosos. Ninguém ouve falar do papel do PPE do PSE nesta crise", afirmou Assunção Esteves, em entrevista ao jornal "Público".
Segundo a responsável, a "política perdeu peso para o poder económico", pelo que é necessário que a União Europeia esteja unida e decida a revisão dos tratados europeus.
Assunção Esteves diz, contudo, acreditar que "numa folha A4 se podia mudar a Europa toda."
* Não acreditamos que numa folha de A4 caibam todos os nomes dos políticos europeus que estão reféns do poder económico
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ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA
DE LEUCEMIAS E LINFOMAS
Inscreva-se como sóci@ da APLL por apenas € 5/ano. As verbas que recolhidas através dos novos sócios ou donativos revertem integralmente a favor dos doentes: oferecemos pijamas, uma vez que o tratamento de quimio e radioterapia os leva a transpirar imenso, pelo que têm de trocar de pijama várias vezes ao dia; oferecemos um plafond de 200/250 euros/mês, conforme o caso, para compra de medicamentos em farmácia por doentes carênciados, que permitam complementar o tratamento ambulatório - estes casos são analisados pela assistente social do IPO do Porto e remetidos para a APLL.
Dadores de Sangue
As colheitas de sangue podem salvar vidas. Os doentes sujeitos a tratamentos de quimio, rádio e imunoterapia precisam, muitas vezes, de transfusões de sangue aquando do tratamento.
Dadores de Medula
O registo como dador de medula óssea não traz benefícios directos ao dador. No caso de se encontrar um dador compatível com um doente que precise de transplante, o dador poderá, ou não avançar com o processo de dádiva. Nos dias de hoje, o processo é extremamente simples e indolor, podendo ajudar a salvar uma vida.
Associação Portuguesa
de Leucemias e Linfomas
Clinica Oncohematologia
R. Dr. António Bernardino de Almeida,
4200-072 Porto
Tel. 225 084 000 - ext. 3100 | 93 440 50 12
E-mail: geral@apll.org
Associação Portuguesa Contra a Leucemia
Rua D. Pedro V - nº 128
1250-095 Lisboa
Tel: 213 422 204/05
Fax: 213 422 206
E-mail: apcl@contraleucemia.org |
Web: http://www.contraleucemia.org
CEDACE – Registo Português
de Dadores de Medula Óssea
Centro de Histocompatibilidade do Norte
Pavilhão "Maria Fernanda"
R. Dr. Roberto Frias
4200-467 Porto
Tel: 225 573 470
Fax: 225 501 101
Apple TV chega a Portugal
Vista por muitos como meros "gadgets" e por tantos outros como um estilo de vida, a Apple é uma marca de referência dentro da área de tecnologia, pela inovação e a acessibilidade dos seus produtos. A Apple TV, cuja geração atual já está no mercado norte-americano desde setembro do ano passado, é o mais recente equipamento da empresa norte-americana a chegar a Portugal.
A Apple TV é uma pequena caixa que faz a ligação entre inúmeros produtos e serviços da Apple (iPhone, iPod, iPad, iTunes e iCloud, entre outros) e a televisão. Tudo isto é assegurado pelo sistema operativo interno que, para além dos conteúdos multimédia presentes nos dispositivos dos utilizadores, garante o acesso à loja da Apple e aos vídeos de certos sites, como o YouTube e o Vimeo.
Para além de a Apple ter aberto as portas deste equipamento ao mercado nacional, uma das maiores novidades é a possibilidade de alugar filmes através do iTunes, algo que até agora estava fora das mãos dos utilizadores portugueses. A Apple TV está a ser comercializada por € 119 e, por agora, apenas pode ser adquirida na loja online da Apple.
Em meados de dezembro, na edição n.º 17 da Quero Saber, pode descobrir como funciona a caixa que mudou a caixa que mudou o mundo.
* A herança de Steve Jobs
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sobre a arte
Esta sátira, curiosíssima, confirma a opinião que os açorianos têm "caco", sensibilidade e humor
enviado por J. COUTO
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Aumenta 10 % desemprego das empregadas domésticas
A crise das famílias está a atingir as empregadas domésticas. Segundo o sindicado que as representa, os casos de funcionárias despedidas, com horários reduzidos ou salários cortados aumentaram dez por cento nos últimos seis meses. Até ao início do ano, eram raros os dias em que batia à porta do sindicado uma empregada doméstica a pedir ajuda."Apareciam muito esporadicamente, mas desde Janeiro houve um aumento exponencial de trabalhadoras a recorrer aos nossos serviços", contou à Lusa Vivalda Silva, do Sindicato dos Trabalhadores de Serviços de Portaria, Vigilância, Limpeza, Domésticas e Actividades Diversas (STSPVLDAD).Nos últimos seis meses, o sindicado registou um "aumento de dez por cento de situações de rescisão de contrato ou redução do horário". "Aquilo que é dito às domésticas é que as famílias já não tem possibilidades de lhes pagar porque a vida está má e por isso têm de rescindir ou reduzir-lhes o horário", relatou a sindicalista, referindo casos de empregadas que nos últimos meses viram o seu rendimento mensal baixar dos 600 para os 400 euros.Habitualmente, as famílias começam por reduzir o horário e, só quando a situação se agrava, é que avançam para o despedimento. Mas existem também relatos de quem se vê forçado a aceitar menos dinheiro pelas mesmas horas de trabalho.Nem o sindicado nem a Segurança Social conseguem dizer quantas são as empregadas domésticas existentes no país, nem qual o número real de despedimentos ou reduções de horário de trabalho.O sindicato explica que este é um sector muito difícil de monitorizar: "Nós não conseguimos contabilizar porque só passamos a ter uma relação com elas quando se dirigirem a nós. Não vamos bater à porta de uma casa particular a perguntar se têm empregada doméstica.
* Toca a toda a gente
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Segurança Rodoviária:
Radares vão ser colocados em cerca
de 50 locais de maior sinistralidade
O presidente da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária disse hoje no Porto que no início de 2012 serão lançados concursos para a instalação de radares de controlo de velocidade nos locais onde ocorrem mais acidentes.
Paulo Marques, que falava na cerimónia comemorativa do Dia Mundial em Memória das Vítimas da Estrada, referiu que foram identificados cerca de 50 locais em todo o país onde existe uma concentração muito elevada de acidentes e onde a velocidade é um fator preponderante para a ocorrência desses sinistros.
"Não existindo outras formas de resolver o problema através da engenharia rodoviária iremos colocar radares para que os condutores circulem a uma velocidade prevista para o local, de acordo com a sinalização colocada. Aquilo que pretendemos é que através do controlo da velocidade deixem de ocorrer aí tantos acidentes", sublinhou o responsável.
* A guerra civil rodoviária, 2 mortos por dia, só acaba quando os portugueses mal educados morrerem todos e se por acaso não deixaram herdeiros.
A solução não está nos radares mas na educação cívica, no entanto os primeiros são mais baratos e dão comissões.
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Centros de emprego empurram
mais jovens para a emigração
Cartas enviadas a desempregados têm como assunto:
. “Ofertas de emprego noutros países da Europa”
Os centros de emprego estão a propor aos desempregados que emigrem. O Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) começou a enviar, nas últimas semanas, cartas a jovens desempregados onde indica como assunto “ofertas de emprego noutros países da Europa”.
Os desempregados são, desta forma, convocados para uma reunião em que são desafiados a procurar trabalho fora do país. No centro de Emprego de Montemor-o-Novo realizou-se no dia 11 um encontro em que, segundo o relato feito ao i por um dos presentes no encontro, uma técnica explicou que “a situação está muito difícil em Portugal e o melhor é procurar trabalho em outro país da Europa”.
Nesta reunião, para a qual foram convocados duas dezenas de desempregados jovens, os técnicos não apresentaram nenhuma proposta concreta de emprego, apostando, sobretudo, em incentivar os utentes a procurarem alternativas fora do país. E o i apurou, junto de técnicos de outros centros de emprego, que a estratégia de incentivar os jovens a emigrar estará mesmo a ser colocada em prática a nível nacional, já que é cada vez mais visível a falta de soluções no país.
A posição do governo não tem andado longe desta linha, basta recordar as declarações recentes do secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Alexandre Miguel Mestre, que aconselhou os jovens desempregados a emigrar em vez de ficarem na sua “zona de conforto”. Uma posição que o ministro da tutela, Miguel Relvas, também vê com naturalidade e que até defendeu esta semana, numa audição parlamentar: “Quem entende que tem condições para encontrar [oportunidades] fora do seu país, num prazo mais ou menos curto, sempre com a perspectiva de poder voltar, pode conhecer outras realidades culturais, [isso] é extraordinariamente positivo”.
O PCP denunciou ontem, na Assembleia da República, que “cerca de meia centena de jovens foram aconselhados a emigrar por técnicos de um centro de emprego do IEFP” e enviou uma pergunta ao ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, a pedir esclarecimentos sobre se “é esta a política oficial para combater o desemprego entre os jovens”. Os comunistas dizem ser “indispensável esclarecer se a política oficial do governo é empurrar os jovens para a emigração, utilizando ironicamente os serviços dos centros de emprego para concretizar tal desígnio”.
Marçal Mendes, do Sindicato Nacional dos Técnicos de Emprego, diz não ter conhecimento de casos concretos, mas lamenta estas práticas. “É natural que esteja a fazer escola este tipo de recomendações. Se é assim, é grave. Como foi grave haver um secretário de Estado a recomendar o mesmo”, diz.
Na altura das declarações do secretário de Estado da Juventude, a oposição criticou e o PCP chegou mesmo a pedir a ida do ministro Miguel Relvas ao parlamento para explicar o apelo feito. A audição foi rejeitada pela maioria PSD/CDS.
* Uma jogada menor de Mestre
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António Carlos dos Santos,
fiscalista e professor da UNL, assegura,
Famílias vão suportar mais
de 60% do aumento da carga fiscal
Segundo a proposta de Orçamento de Estado de 2012 avançada pelo governo, serão as famílias a "suportar mais de 60% do aumento da carga fiscal", garante António Carlos dos Santos, fiscalista e docente da Universidade Nova de Lisboa (UNL).
As alterações fiscais que o Governo pretende introduzir através da proposta de Orçamento do Estado para 2012 (OE2012) são muitas e a maioria irá afetar o rendimento das famílias. Na verdade, serão as famílias que irão "suportar mais de 60% do aumento da carga fiscal", assegura António Carlos dos Santos. Ainda assim, o fiscalista não partilha da opinião que tal agravamento era uma inevitabilidade, mesmo tendo em conta a atual situação económica do país e o memorando de entendimento assinado com a "troika".
"Dir-se-á que algumas das medidas propostas provêm do memorando de entendimento com a troika", mas a verdade, explica, é que em matéria fiscal "não há inevitabilidades", apenas "opções políticas e ideológicas". Por isso, "para quem, no plano programático, se apresentou como sendo contra as subidas de impostos e como protetor da família" o anunciado recurso à via fiscal "é a confissão pública que a narrativa das 'gorduras' do Estado era apenas uma arma de combate eleitoral", denuncia o professor da UNL.
Da mesma forma, António Carlos dos Santos salienta que o aumento da carga fiscal "não se cinge ao IRS" e "atinge todos os impostos", ao que acresce igualmente o "aumento da parafiscalidade, como ocorre, entre outras, com a subida das taxas moderadoras e das portagens".
Por essa razão, o docente da UNL acredita que o reforço da fiscalidade indireta seria a melhor opção, pois esta é "mais amiga dos negócios e das empresas, pois quem paga são os consumidores finais, mais neutra, dado que não provoca distorções de concorrência, favorece as exportações, porquanto os bens saem das fronteiras sem imposto, e, acrescente-se, mais anestesiante, pois cobra-se com muito menos dor".
Porém, o fiscalista admite que a tributação com base no IVA "tem efeitos regressivos, pois tanto paga o pobre como o abastado, e não responde a critérios de justiça", isto para além de o próprio aumento de receitas previsto poder sofrer uma "forte erosão" resultante "da evasão fiscal e a diminuição da atividade económica" decorrente deste mesmo agravamento fiscal.
Estabilidade fiscal é essencial à competitividade
Entretanto, o OE2012 prevê igualmente o aumento da tributação das empresas, ora por via da revogação da taxa reduzida de IRC, ora pelo agravamento da derrama estadual. Todavia, António Carlos dos Santos crê que tais medidas não serão suficientes gravosas para comprometer quer o incremento da competitividade das empresas nacionais, quer a captação de investimento direto estrangeiro, e que seria mais importante garantir a estabilidade das leis fiscais.
Admitindo que a subida de impostos e a redução de benefícios com justificação económica "podem ser necessários, mas nunca são fatores favoráveis ao incremento da competitividade, isto é, da atratividade do território português para a receção de investimento estrangeiro", o fiscalista advoga que as principais componentes da competitividade "não são as taxas nominais de imposto, mas a estabilidade das leis fiscais, que a atual configuração da Lei Geral Tributária não garante".
Da mesma forma, seria igualmente importante o estabelecimento de "uma relação de confiança entre Administração Tributária, imparcial e competente, e os contribuintes, de uma justiça tributaria mais eficiente, que inclua o recurso à arbitragem tributaria, agora cerceado, de um procedimento tributário mais desburocratizado e de uma ampla rede de convenções para evitar a dupla tributação". Assim, "mais preocupante que a questão das taxas será pois se não forem feitos esforços sérios nestas outras direções", conclui António Carlos dos Santos.
* O assalto já vale 60% das receitas familiares
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Equipa feminina de Portugal
vice-campeã mundial
Ana Robalo, Andreia Robalo, Joana Pereira e Sílvia Saiote levaram ontem Portugal ao segundo lugar no Campeonato do Mundo de trampolins, em Birmingham (Inglaterra). Na variante de duplo minitrampolim, as vice-campeãs só foram superadas pela equipa do Canadá, que somou 104,100 pontos, contra os 102,900 das portuguesas. Na prova masculina, a equipa nacional, detentora do título (2009), não foi desta vez além da quinta posição. Ainda menos conseguida foi a actuação de Nuno Merino e Diogo Ganchinho no trampolim sincronizado. A nossa dupla alcançou um modesto 16º lugar nas qualificações e, como tal, foi afastada da respectiva final.
* Mais cidadãs quase anónimas a dar lições de trabalho e dignidade, os políticos que aprendam.
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10 - VULTOS DA CULTURA DA TERCEIRA REPÚBLICA »»» natália correia
Natália de Oliveira Correia(Fajã de Baixo, São Miguel, 13 de Setembro de 1923 — Lisboa, 16 de Março de 1993[ foi uma intelectual, poetisa e activista social açoriana, autora de extensa e variada obra publicada, com predominância para a poesia.
Deputada à Assembleia da República (1980-1991), interveio politicamente ao nível da cultura e do património, na defesa dos direitos humanos e dos direitos das mulheres. Autora da letra do Hino dos Açores. Juntamente com José Saramago (Prémio Nobel de Literatura, 1998), Armindo Magalhães, Manuel da Fonseca e Urbano Tavares Rodrigues foi, em 1992, um dos fundadores da Frente Nacional para a Defesa da Cultura (FNDC).
A obra de Natália Correia estende-se por géneros variados, desde a poesia ao romance, teatro e ensaio. Colaborou com frequência em diversas publicações portuguesas e estrangeiras.
Foi uma figura central das tertúlias que reuniam em Lisboa nomes centrais da cultura e da literatura portuguesas nas décadas de 1950 e 1960. Ficou conhecida pela sua personalidade livre de convenções sociais, vigorosa e polémica, que se reflecte na sua escrita. A sua obra está traduzida em várias línguas.
Biografia
Quando tinha apenas onze anos o pai emigra para o Brasil, fixando-se Natália com a mãe e a irmã em Lisboa, cidade onde faz estudos liceais no Liceu D. Filipa de Lencastre. Iniciou-se na literatura com a publicação de uma obra destinada ao público infanto-juvenil mas rapidamente se afirmou como poetisa.
Notabilizada através de diversas vertentes da escrita, já que foi poetisa, dramaturga, romancista, ensaísta, tradutora, jornalista, guionista e editora[3], tornou-se conhecida na imprensa escrita e, sobretudo, na televisão, com o programa Mátria, onde advogou uma forma especial de feminismo (afastado do conceito politicamente correcto do movimento), o matricismo, identificador da mulher como arquétipo da liberdade erótica e passional e fonte matricial da humanidade; mais tarde, à noção de Pátria e de Mátria acrescenta a de Frátria.
Dotada de invulgar talento oratório e grande coragem combativa, tomou parte activa nos movimentos de oposição ao Estado Novo, tendo participado no MUD (Movimento de Unidade Democrática, 1945), no apoio às candidaturas para a Presidência da República do general Norton de Matos (1949) e de Humberto Delgado (1958) e na CEUD (Comissão Eleitoral de Unidade Democrática, 1969).
Foi condenada a três anos de prisão, com pena suspensa, pela publicação da Antologia da Poesia Portuguesa Erótica e Satírica, considerada ofensiva dos costumes, (1966) e processada pela responsabilidade editorial das Novas Cartas Portuguesas de Maria Isabel Barreno, Maria Velho da Costa e Maria Teresa Horta. Foi responsável pela coordenação da Editora Arcádia, uma das grandes editoras portuguesas do tempo.
A sua intervenção política pública levou-a ao parlamento, para onde foi eleita em 1980[3] nas listas do PPD (Partido Popular Democrático), passando a independente. Foi autora de polémicas intervenções parlamentares, das quais ficou célebre, num debate sobre o aborto, em 1982, a réplica satírica que fez a um deputado do CDS sobre a fertilidade do mesmo.
Fundou em 1971, com Isabel Meireles, Júlia Marenha e Helena Roseta, o bar Botequim, onde durante as décadas de 1970 e 1980 se reuniu grande parte da intelectualidade portuguesa. Foi amiga de António Sérgio (esteve associada ao Movimento da Filosofia Portuguesa), David Mourão-Ferreira ("a irmã que nunca tive"), José-Augusto França ("a mais linda mulher de Lisboa")[2], Luiz Pacheco ("esta hierofântide do século XX"), Almada Negreiros, Mário Cesariny ("era muito mais linda que a mais bela estátua feminina do Miguel Ângelo"),[4] Ary dos Santos ("beleza sem costura")[5], Amália Rodrigues, Fernando Dacosta, entre muitos outros. Foi uma entusiasmada e grande impulsionadora pelo aparecimento do espectáculo de café-concerto em Portugal, na figura do polémico travesti Guida Scarllaty, o actor Carlos Ferreira, na época um jovem arquitecto de quem era grande amiga. Na sua casa, foi anfitriã de escritores famosos como Henry Miller, Graham Greene ou Ionesco.
Natália Correia recebeu, em 1991, o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores pelo livro Sonetos Românticos. No mesmo ano foi-lhe atribuída a Ordem da Liberdade; era já detentora da Ordem de Santiago.
Natália Correia casou quatro vezes. Após dois primeiros curtos casamentos, casou em Lisboa a 31 de Julho de 1953 com Alfredo Luiz Machado (1904-1989), a sua grande paixão, bem mais velho do que ela e já viúvo, casamento este que durou até à morte deste, a 17 de Fevereiro de 1989. (São já notáveis as cartas de amor da jovem Natália para Alfredo Luiz Machado.) Em 1990, tinha Natália 67 anos de idade, celebrou um casamento de conveniência com o seu colaborador e amigo Dórdio Guimarães.
Morte
Na madrugada de 16 de Março de 1993, morreu subitamente, com um ataque cardíaco, em sua casa, depois de regressada do Botequim. A sua morte precoce deixou um vazio na cultura portuguesa muito difícil de preencher. Legou a maioria dos seus bens à Região Autónoma dos Açores, que lhe dedicou uma exposição permanente na nova Biblioteca Pública de Ponta Delgada, instituição que tem à sua guarda parte do seu espólio literário (que partilha com a Biblioteca Nacional de Lisboa) constante de muitos volumes éditos, inéditos, documentos biográficos, iconografia e correspondência, incluindo múltiplas obras de arte e a biblioteca privada.
Cronologia
* 1923 - A treze de Setembro, nasce na Fajã de Baixo (Ilha de São Miguel) Natália de Oliveira Correia. É filha de Maria José de Oliveira e de Manuel de Medeiros Correia. A mãe é professora primária e virá a publicar alguns romances nos anos 40.
* 1929 - O pai emigra para o Brasil. Natália e a sua irmã Cármen tornam-se alunas da própria mãe.
* 1934 - Vivendo já em Ponta Delgada, Natália inscreve-se no 1º ano do Liceu Antero de Quental. No entanto, em Outubro, Maria José pede pede transferência das filhas para o Liceu D. Filipa de Lencastre, em Lisboa, cidade onde passam a residir com a mãe.
* 1935 - A partir de Janeiro frequenta o Liceu D. Filipa de Lencastre.
* 1938 - Maria José de Oliveira funda um colégio particular na Rua Moraes Soares, onde passa a morar com as filhas.
* 1942 - a 14 de Setembro, Natália casa com Álvaro dos Santos Dias Pereira e fica a residir na Rua Rodrigo da Fonseca.
* 1944/5 - Jornalista no Rádio Clube Português, Natália conhece Tomaz Ribas, Mário Soares e assina as listas do M.U.D. (Movimento de Unidade Democrática). O escultor Martins Correia (outro amigo de juventude) oferece-lhe o busto intitulando-o Poeta.
* 1946 - A 7 de Abril, publica o seu 1º poema («Manhã Cinzenta») no jornal Portugal, Madeira e Açores, bem como o romance Anoiteceu no Bairro.
* 1947 - Colabora em diversas publicações e dá à estampa o seu primeiro livro de poemas - Rio de Nuvens.
* 1949 - Após um casamento efémero com o norte americano William Creighton Hylen (celebrado em Marrocos), visita com ele a costa leste dos Estados unidos. Convive em Lisboa com Isabel Meyrelles e Cruzeiro Seixas. Apoia a candidatura de Norton de Matos à Presidência da Républica.
* 1950 - Desfeita a relação com William, casa com Alfredo Machado (17 de Agosto) e passa a morar na Rua Marquès de Fronteira. Conhece Mário Cesaryni e Eugénio de Andrade.
* 1951 - Publica o livro de viagens Descobri que era Europeia.
* 1952 - Conhece David Mourão-Ferreira. A mãe de Natália parte para o Brasil com a filha Cármen, curiosamente no mesmo navio em que regressará Manuel Correia.
* 1953 - Natália instala-se definitivamente com o marido na Rua Rodrigues Sampaio, nº 52, 5º andar, onde permanecerá até à morte.
* 1955 - Publicação de Poemas. Natália convive assiduamente com David Mourão-Ferreira, Urbano Tavares Rodrigues e Mário Cesariny, de quem apresenta Manual de Prestidigitação em sua casa.
* 1956 - Morte da mãe de Natália no Brasil.
* 1957 - Publica o livro de Poesia Dimensão Encontrada.
* 1958 - Publica Passaporte e Comunicação (ambos de poesia) e o ensaio Poesia de Arte e Realismo Poético. Apoia a candidatura do Gen. Humberto Delgado à Presidência da Républica.
* 1960 - Grava o disco Natália Correia diz poemas de sua Autoria. Visita à Suécia e a Paris. Amizade com Fernanda de Castro.
* 1961 - Publicação de Cântico do País Emerso.
* 1962 - Natália conhece Dórdio de Guimarães e participa no congresso da «Comunitá Europea degli Serittori», em Itália.
* 1965 - Publicação d' O Homúnculo (texto dramático).
* 1966 - Natália Correia publica a Antologia de Poesia Erótica e Satírica, que na altura causa escândalo.
* 1968 - publica Mátria (poesia), a Madona (romance) e colabora no Diário de Notícias com a série de crónicas «O Poeta e o Mundo».
* 1969 - Publicação d' O Vinho e a Lira (poesia) e da pela O Encoberto que foi logo apreendido pela censura. Ao lado de Mário Soares, integra a C.E.U.D. (Comissão Eleitoral de Unidade Democrática).
* 1970 - Natália é julgada pela publicação da Antologia de Poesia Erótica e Satírica, sendo condenada a três anos de prisão com pena suspensa. Publica ainda As Maçãs de Orestes (poesia) e antologias de poesia medieval.
* 1971 - Natália cria com Isabel Meyrelles a sociedade que dará origem ao bar «Botequim». Torna-se também directora da editora Estúdios de Cor.
* 1972 - publica a Mosca Iluminada (poesia) e escreve o libretto da cantata D. Garcia, com música de Joly Braga Santos.
* 1973 - Natália Correia deixa os Estúdios Cor e torna-se directora da Arcádia. Publica duas antologias (A Mulher e O Surrealismo na Poesia Portuguesa), além do livro O Anjo do Ocidente à Entrada do Ferro (poesia).
* 1974 - Natália acolhe o 25 de Abril com entusiasmo. Publica o ensaio Uma Estátua para Herodes e inicia as «Crónicas Vagantes» no vespertino A Capital. O «Botequim» passa a ser frequentado por muitos políticos.
* 1975 - Publicação de Poemas a Rebate. N'A Capital a comissão de trabalhadores censura uma das suas crónicas e o director, David Mourão-Ferreira, demite-se por solidariedade. Durante o processo Revolucionário o «O Botequim» torna-se um dos centros do debate político em defesa da democracia pluralista. Aí se reúnem, por exemplo, Ramalho Eanes, Helena Roseta, Mota Amaral, Fernando Dacosta e os militares do «Grupo dos Nove».
* 1976 - Natália Correia Torna-se assessora do gabinete de David Mourão-Ferreira, então Secretário de Estado da Cultura, e directora da revista Vida Mundial. Publica ainda outro livro de Poemas (Epístola aos Iamitas).
* 1977 - Escreve um livro sobre Mário Cesariny, em colaboração com Lima de Freitas. A peça O Encoberto, é estreada no Auditório de Ponta Delgada, numa encenação de Carlos Avillez.
* 1978 - Publicação de Não Percas a Rosa - Diário e Algo Mais. Viagens a Inglaterra e aos Estados Unidos, onde lê poemas e faz conferências.
* 1979 - Desloca-se à ilha de São Miguel para acompanhar as filmagens de Santo Antero, filme de Dórdio de Guimarães, e proferir uma palestra sobre Vitorino Nemésio. Convive com Francisco Sá Carneiro e Snu Abecassis. É eleita Deputada à Assembleia da República, como independente, nas listas do P.P.D. Publica ainda o Dilúvio e a Pomba (poesia).
* 1980 - Natália Correia distingue-se por uma intensa actividade parlamentar. Acompanha o Presidente da República, Ramalho Eanes, na visita oficial à Áustria.
* 1981 - É condecorada pelo Presidente Eanes com a Ordem Militar de Sant' Iago Espada (Grande Oficial). Publica a peça teatral Erros Meus, Má Fortuna, Amor Ardente.
* 1982 - Desloca-se aos Açores e à Alemanha Federal. Estreia na R.T.P. o programa «Neste Lugar Onde», de que é autora. Publica a Antologia de Poesia do Período Barroco e mantêm-se muito activa como deputada.
* 1983 - Continua a participar em vários programas televisivos e publica três livros: O Armistício (poesia), A Pécora (teatro) e a Ilha de Circe (romance).
* 1984 - Convidada pelo Presidente Ramalho Eanes (a quem se liga cada vez mais), profere o discurso do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas (10 de Junho). É nomeada membro do Conselho de Imprensa e do Conselho para a Comunicação Social (cargos que ocupará até 1988).
* 1985 - Desloca-se à antiga União Soviética numa delegação portuguesa, saudando a Perestroika de Gorbatchov.
* 1986 - Escreve o Hino dos Açores. A R.T.P. começa a emitir a série «Mátria», concebida e apresentada por Natália Correia.
* 1987 - É de novo eleita deputada à Assembleia da República mas desta vez como independente nas listas do P.R.D. (próximo de Ramalho Eanes). Publica Onde Está o Menino Jesus? (ficção). A 8 de Março (dia Internacional da Mulher), o Centro Cultural Emmerico Nunes organiza em Sines uma exposição sobre a obra de Natália Correia.
* 1988 - representação da peça Erros Meus, Má Fortuna, Amor Ardente pelo Teatro Experimental de Cascais (enc. de Carlos Avillez). Publicação do ensaio Somos Todos Hispanos.
* 1989 - A 17 de Fevereiro, morre Alfredo Machado, marido de Natália Correia . Deslocações à ilha de São Miguel (integrada na Presidência Aberta de Mário Soares), a Espanha, a França e ao Brasil, onde é homenageada. O Grupo de teatro «A Comuna» estreia em Outubro a sua peça de teatro A Pécora.
* 1990 - Publica Sonetos Românticos (poesia). A 17 de Março casa com Dórdio Guimarães, amigo de sempre. Viaja pela Galiza, onde profere diversas conferências.
* 1991 - Natália Correia recebe o Grande Prémio da Poesia A.P.E. pela publicação de Sonetos Românticos, sendo condecorada pelo Presidente Mário Soares com a Ordem da Liberdade (Grande Oficial). Efectua deslocações aos Açores, a Macau e a Bruxelas, onde participa na Europália dedicada a Portugal. deixa de ser deputada à Assembleia da República.
* 1992 - Publica As Núpcias (romance). Desloca-se de novo aos Açores para dar conferências. Juntamente com outros escritores, cria a Frente Nacional para a Defesa da Cultura.
* 1993 - Em Fevereiro efectua a sua última viagem - neste caso a Marrocos (Rabat), onde participa num Encontro Luso-Marroquino de Cooperação. Depois de ter estado na noite de 15 de Março no «Botequim», acompanhada de Dórdio de Guimarães, Natália Correia morre na sua casa de Lisboa na madrugada de 16 de Março. Nesse mesmo ano o Círculo de Leitores publica a sua obra poética completa em dois volumes (O Sol nas Noites e o Luar nos Dias).
* 1994 - O Círculo de Leitores publica o volume Retrato de Natália Correia.
Bibliografia activa
* Grandes Aventuras de um Pequeno Herói (romance infantil), 1945
* Anoiteceu no Bairro (romance), 1946 ; 2004
* Rio de Nuvens (poesia), 1947
* Descobri Que Era Europeia: impressões duma viagem à América (viagens), 1951 ; 2002
* Sucubina ou a Teoria do Chapéu (teatro), em colab. com Manuel de Lima, 1952
* Poemas (poesia), 1955
* Dimensão Encontrada (poesia), 1957
* O Progresso de Édipo (poema dramático), 1957
* Passaporte (poesia), 1958
* Poesia de Arte e Realismo Poético (ensaio), 1959
* Comunicação (poema dramático), 1959
* Cântico do País Emerso (poesia), 1961
* A Questão Académica de 1907 (ensaio), 1962
* Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica: dos cancioneiros medievais à actualidade (Antologia), 1965 ; 2000
* O Homúnculo, tragédia jocosa (teatro), 1965
* Mátria (Poesia), 1967
* A Madona (Romance), 1968 ; 2000
* O Encoberto (Teatro), 1969 ; 1977
* O Vinho e a Lira (Poesia), 1969
* Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses (Antologia), 1970 ; 1998
* As Maçãs de Orestes (Poesia), 1970
* Trovas de D. Dinis, [Trobas d'el Rey D. Denis] (Poesia), 1970
* A Mosca Iluminada (Poesia), 1972
* O Surrealismo na Poesia Portuguesa (Antologia), 1973 ; 2002
* A Mulher, antologia poética (Antologia), 1973
* O Anjo do Ocidente à Entrada do Ferro (Poesia), 1973
* Uma Estátua para Herodes (Ensaio), 1974
* Poemas a Rebate, (poemas censurados de livros anteriores) (poesia), 1975
* Epístola aos Iamitas (poesia), 1976
* Não Percas a Rosa. Diário e algo mais (25 de Abril de 1974 - 20 de Dezembro de 1975) (Diário), 1978 ; 2003
* O Dilúvio e a Pomba (poesia), 1979
* Erros Meus, Má Fortuna, Amor Ardente (teatro), 1981 ; 1991
* Antologia de Poesia do Período Barroco (antologia), 1982
* Notas para uma Introdução às Cantigas de Escárnio e de Mal-Dizer Galego-Portuguesas (ensaio), 1982
* A Ilha de Sam Nunca: atlantismo e insularidade na poesia de António de Sousa (antologia), 1982
* A Ilha de Circe (romance), 1983 ; 2001
* A Pécora, peça escrita em 1967 (teatro), 1983 ; 1990
* O Armistício (poesia), 1985
* Onde está o Menino Jesus? (contos), 1987
* Somos Todos Hispanos (ensaio), 1988 ; 2003
* Sonetos Românticos (poesia), 1990 ; 1991
* As Núpcias (romance), 1992
* O Sol nas Noites e o Luar nos Dias (poesia completa), 1993 ; 2000
* Memória da Sombra, versos para esculturas de António Matos (poesia), 1993
* D. João e Julieta, peça escrita em 1959 (teatro), 1999
* A Ibericidade na Dramaturgia Portuguesa (ensaio), 2000
* Breve História da Mulher e outros escritos (antologia de textos de imprensa), 2003
* A Estrela de Cada Um (antologia de textos de imprensa), 2004
Apontamentos poéticos
1 -
Em 1966 é condenada a três anos de cadeia – com pena suspensa – pela publicação da Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica. O livro foi editado em 1966, pela Afrodite, com selecção, prefácio e notas de sua autoria.
“A Natália tinha preparado um texto – A Defesa do Poeta – para ler no tribunal [Compus este poema para me defender no Tribunal Plenário de tenebrosa memória(…)]. Mas o Manuel João Palma Carlos, advogado dela, disse-lhe que não o fizesse. É claro que os livreiros não podiam ter um único exemplar do livro [Poesia Erótica e Satírica]. Nessa altura, tive dezenas de exemplares escondidos em minha casa, e nem o meu marido sabia disso. O Fernando Ribeiro de Mello vinha cá de vez em quando buscar alguns.”
A defesa do poeta
Senhores jurados sou um poeta
um multipétalo uivo um defeito
e ando com uma camisa de vento
ao contrário do esqueleto
Sou um vestíbulo do impossível um lápis
de armazenado espanto e por fim
com a paciência dos versos
espero viver dentro de mim
Sou em código o azul de todos
(curtido couro de cicatrizes)
uma avaria cantante
na maquineta dos felizes
Senhores banqueiros sois a cidade
o vosso enfarte serei
não há cidade sem o parque
do sono que vos roubei
Senhores professores que pusestes
a prémio minha rara edição
de raptar-me em criança que salvo
do incêndio da vossa lição
Senhores tiranos que do baralho
de em pó volverdes sois os reis
sou um poeta jogo-me aos dados
ganho as paisagens que não vereis
Senhores heróis até aos dentes
puro exercício de ninguém
minha cobardia é esperar-vos
umas estrofes mais além
Senhores três quatro cinco e Sete
que medo vos pôs por ordem?
que pavor fechou o leque
da vossa diferença enquanto homem?
Senhores juízes que não molhais
a pena na tinta da natureza
não apedrejeis meu pássaro
sem que ele cante minha defesa
Sou uma impudência a mesa posta
de um verso onde o possa escrever
ó subalimentados do sonho!
a poesia é para comer.
2 -
João Morgado, Deputado do CDS disse na Assembleia da Republica, no Dia 3 de Abril de 1982, no debate sobre a Despenalização do Aborto, assim:
«O acto sexual é para ter filhos»
A resposta de Natália Correia, Deputada, disse como resposta e em poema, o a seguir descrito que fez rir todas as bancadas parlamentares, sem excepção!
Foi publicado depois, pelo Diário de Lisboa em 5 de Abril desse ano, tendo os trabalhos parlamentares sido interrompidos por isso:
“Já que o coito - diz Morgado -
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou - parca ração! -
Uma vez. E se a função
faz o órgão - diz o ditado -
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.”
(Natália Correia - 3 de Abril de 1982)
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